André Luiz e a “Escala espírita”
Este artigo é dedicado ao Espírito André Luiz, pelas
narrações e catalogação, cuidadosas, das lições e
informações que lhe deram vários Espíritos elevados, as
quais ele nos repassou:
“A Vida no Plano Espiritual”, em 13 (treze) livros.
Estudar o Espiritismo é uma bênção!
Depois do estudo das obras da Codificação, é
extremamente enriquecedor de conhecimentos pesquisar as
obras da série “A Vida no Mundo Espiritual”, autoria de
André Luiz, com psicografia de F. C. Xavier
(participação psicográfica de Waldo Vieira, em algumas
dessas obras).
Escala espírita
Allan Kardec asseverou que com “o concurso dos
Espíritos, cujas benévolas instruções
jamais nos faltaram” elaborou a
“Escala dos Espíritos”, a qual consta da atual edição de
“O Livro dos Espíritos” (“OLE”), 2ª Parte, cap.
I, às questões 100 a 113(1). Referida
Escala admite três grandes divisões - Ordens -
compreendendo dez subdivisões – Classes -:
3ª Ordem - Espíritos imperfeitos, predominância
da matéria sobre o espírito e propensão ao mal.
Compreende cinco classes de Espíritos: Impuros /
Levianos / Pseudossábios / Neutros / Batedores e
perturbadores.
2ª Ordem – Bons Espíritos, predominância do
espírito sobre a matéria, e pelo desejo de praticar o
bem. São quatro Classes de Espíritos: Benévolos /
Sábios / De Sabedoria / Superiores.
1ª Ordem – Espíritos puros, nenhuma influência da
matéria. Superioridade intelectual e moral absoluta, com
relação aos Espíritos das outras Ordens. Classe única.
Citada escala, obviamente, trata do patamar evolutivo
dos Espíritos, indo dos “imperfeitos” aos “puros” — 3
Ordens, 10 Classes.
Sete anos após a 1ª edição de “OLE” (1864), em O
Evangelho segundo o Espiritismo (“ESE”), cap. III –
“Há muitas moradas na casa de meu Pai” - o Codificador,
como sempre baseado nos ensinos dos Espíritos que o
arrimaram, tratou agora, sem citar a “Escala espírita”,
dos mundos nos quais os Espíritos encarnam, “dependendo
do grau de adiantamento ou de inferioridade dos seus
habitantes”.
Posso estar enganado, mas considero que Kardec,
pedagogicamente, acoplou a “Escala espírita” às
“Diferentes categorias de mundos habitados”.
Ao tratar dos seres humanos terrestres, itens 13 a 15 do
referido capítulo III do “ESE”, considera — como caráter
comum — a Terra como lugar de exílio para Espíritos
rebeldes à lei de Deus.
A expressão “como caráter comum” sinaliza claramente que
Kardec não se refere a todos os Espíritos, apenas aos
“rebeldes à lei de Deus”, obviamente, existindo outros,
com maior evolução.
“Nosso Lar”
Considero necessário registrar as informações colhidas
na obra “Nosso Lar”, André Luiz/F. C. Xavier, cap. 8 –
Organização de Serviços – nas instruções de Lísias a
André Luiz:
“Nosso Lar é Colônia — cidade espiritual —, na
qual trabalham e estagiam muitos Espíritos, dentre
voluntários e assistidos, com variados patamares
evolutivos espirituais.
Esta Colônia, que é essencialmente de trabalho e
realização, divide-se em seis Ministérios, orientados,
cada qual, por doze Ministros — setenta e dois
ministros, no total.
Ministérios:
da Regeneração, do Auxílio, da Comunicação, do
Esclarecimento, da Elevação e da União Divina.
Os quatro primeiros nos aproximam das esferas
terrestres, os dois últimos nos ligam ao plano superior,
visto que a nossa cidade espiritual é zona de transição.
Os serviços mais grosseiros localizam-se no Ministério
da Regeneração, os mais sublimes no da União Divina”.
Espírito André Luiz
Acolhido em “Nosso Lar”, carente, oito anos após o
desencarne, não tardou e André Luiz participou,
como aprendiz, de algumas atividades naquela sagrada
Instituição. O tempo passou e, por seus méritos
(dedicação e boa vontade), tornou-se merecedor de compor
as equipes de “visitas” assistenciais socorristas ao
plano material, com objetivo precípuo da prática da
caridade, sempre sob coordenação de mentores. Não tardou
e, assim como eles, também passou a praticar a caridade
a Espíritos infelizes.
Apenas como opinião pessoal, não posiciono André Luiz em
nenhuma Classe da 3ª Ordem, porque, nela, Kardec
tipificou os Espíritos com propensão para o mal:
ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões que lhes
são consequentes (questão 101 de “OLE”).
Isso não se aplica aos Espíritos benfeitores, nem a
André Luiz, pelo histórico deles, no Bem.
Alicerçando minha opinião pessoal, de que André Luiz não
pertence à 3ª Ordem, ainda, apenas para reflexão,
acrescento que Kardec, à questão 101 de “OLE”, trata dos
“Espíritos imperfeitos”: os que têm restritos
conhecimentos das coisas do mundo espírita e pouco sabem
da vida corporal. Não obstante, ressalva que, em algumas
das suas comunicações, mesmo imperfeitas, o observador
atento encontra a confirmação de grandes verdades
ensinadas pelos Espíritos superiores...
Não vejo nisso nenhum contrassenso: raciocino que tais
verdades aportam, esporadicamente, no plano material,
trazidas por Espíritos infelizes, sendo captadas por
médiuns inconscientes. Esses Espíritos agem por um
impulso de arrependimento instantâneo, de superfície:
conhecem o bem, mas nele flutuam por tempo reduzido,
logo retornando aos descaminhos nos quais se
comprazem... Com isso, perdem a bondosa oportunidade de
refazimento moral e espiritual, principalmente pelo
exercício da mediunidade.
Aqui também isso não se aplica a André Luiz, em razão da
sua reforma moral e dedicação ao Bem.
Até porque, ademais, mesmo que antes de ser acolhido em
“Nosso Lar” ele estivesse situado na 3ª Ordem, nada
objeta, à razão, considerar que, após sua vivência
naquela Instituição, por méritos de conduta, transitou
da 6ª Classe daquela Ordem, para a 5ª Classe, da 2ª
Ordem, que inicia com Espíritos benévolos.
Louvo-me em Kardec, abaixo:
Ao final da questão 100, ainda de “OLE”, encontra-se,
sobre as desigualdades intelectuais e morais dos
Espíritos da 3ª Ordem:
“(...) notar que os Espíritos não ficam pertencendo,
exclusivamente, a tal ou tal classe. Sendo sempre
gradual o progresso deles e muitas vezes mais acentuado
num sentido do que em outro, pode acontecer que muitos
reúnam em si os caracteres de várias categorias, o que
seus atos e linguagem tornam possível apreciar-se”.
(Grifei)
Essa oportuna opinião de Kardec, para mim, justifica o
fato de existirem, na Humanidade terrena, incontáveis
Espíritos com atributos da 2ª Ordem da “Escala
Espírita”, provavelmente egressos recentes da 3ª Ordem.
Assim, com muito respeito, imagino que devam ser
considerados dessa Ordem (a 2ª), Espíritos como o
próprio Kardec, Léon Denis, Bezerra de Menezes,
Eurípedes Barsanulfo, os 72 Ministros e Instrutores de
“Nosso Lar” — para citar espíritas. Para não incorrer em
preconceito de valor moral, cito igualmente não
espíritas: Albert Schweitzer, Madre Teresa de Calcutá,
Irmã Maria Dulce (da Bahia) — e tantos outros.
Para fins deste estudo, reflito que André Luiz possa
estar incluído na 2ª Ordem e 5ª Classe, considerando o
registro de Kardec (questão 108, ainda de “OLE):
- 2ª Ordem: Bons Espíritos, que tendem a fazer o bem;
- 5ª Classe: Espíritos benévolos:
(...) Espíritos benévolos. A bondade é neles
a qualidade dominante. Apraz-lhes prestar serviço aos
homens e protegê-los. Limitados, porém, são os seus
conhecimentos. Hão progredido mais no sentido moral do
que no sentido intelectual.
Minha reflexão encontra alicerce doutrinário no último
capítulo do livro “Nosso Lar”, pelo qual somos
informados de que ele já desenvolvera a capacidade de se
comunicar a distância, em perfeita sintonia de
pensamentos com Espíritos caridosos, naquela Colônia, e
que conquistara também a capacidade de volitar a grandes
distâncias!
Não bastassem essas duas abençoadas conquistas
espirituais, as últimas palavras do citado livro Nosso
Lar (tão instrutivo) dão conta de que, duzentos
companheiros saudaram-no, tendo o Ministro Clarêncio
informado a todos que, em nome da Governadoria, ele foi
declarado cidadão de “Nosso Lar”, graças à sua dedicação
às tarefas daquela abençoada Instituição.
Finalizo meu simples estudo deduzindo que minha ilação
sobre André Luiz resta robustecida, tendo em vista que
após se tornar “cidadão de Nosso Lar”, pelos vários anos
seguintes passou a fazer parte constante das caridosas
equipes de benfeitores, lá mesmo praticantes da
caridade, além das que visitavam o plano material
(geralmente, em Centros Espíritas), como socorristas.
Culto, metódico e dotado de prodigiosa memória, André
Luiz anotou, mental e presencialmente, todos os
aprendizados doutrinários exarados pelos Instrutores
espirituais, em incontáveis amparos a Espíritos
infelizes, que presenciou, sobre ter participado em
muitos deles.
Foi assim que aprendeu bastante com os benfeitores
espirituais que chefiavam as caravanas do Bem, das quais
participou.
Cumpre ainda assinalar que André Luiz não é o autor de
todos os ensinamentos que repassou. Neles, agiu como
abençoado relator.
Como trajetória de aprendizado, de tempos em tempos
repassou esses conhecimentos, psicograficamente, ao
médium Chico Xavier, em mais dez livros, versando sobre
a vida no mundo espiritual.
Foi assim que, de forma irretocável, nessa mesma fase,
fomos contemplados com dois livros de altíssimo nível
científico: “Evolução em Dois Mundos” e “Mecanismos
da Mediunidade”, captados psicograficamente por F.
C. Xavier e Dr. Waldo Vieira, ambos os médiuns
trabalhando em conjunto, nas duas obras.
Não poucos estudiosos espíritas promulgam que essas duas
obras têm um conteúdo que até deveriam ser de apoio em
universidades, até porque contêm informes científicos
elevados, que demandarão ainda alguns séculos para serem
integralmente compreendidos e absorvidos.
(1) – A
“Escala espírita” constou nas questões 54 a 57 da
primeira edição de “O Livro dos Espíritos”, 1857,
então com 501 questões. As versões atuais desse livro
vieram da terceira e “definitiva” edição, com 1.019
questões, segundo Silvino Canuto de Abreu (1892-1980) -
emérito pesquisador espírita que anotou
em “1ª edição de O Livro dos Espíritos” - Canuto
Abreu (Tradutor) - Allan Kardec/Le
Livre des Esprits.
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