Probleminha hipotético
Já que o tema "posse de armas" está sendo largamente
debatido, proporemos um "probleminha hipotético" para
vocês, baseando-nos na questão abaixo.
Façamos de conta que em certa noite, toda a família,
você, sua esposa ou marido, juntamente com seus dois
filhos, estavam assistindo sossegadamente televisão na
sala. Quando de repente um homem mau arrombou a porta e
de arma em punho gritou colérico: "isto é um assalto.
Passem o dinheiro ou morrem todos". Você disse ao
meliante: "calma, calma, eu irei pegar o dinheiro para
você que está naquela gaveta". E a apontou. Entretanto,
você sabia que dentro daquela gaveta que apontou tinha
uma arma já carregada. E como você era um homem que
tinha um hábil manejo com as armas (pois você era um
agente de segurança, tinha um porte de armas e
recentemente tinha feito cursos de defesa pessoal e de
como atirar, esse último junto à polícia militar),
mataria facilmente aquele ladrão, salvando assim você e
sua família. Além do mais, a probabilidade de seus
cálculos estarem errados seria praticamente nula.
Observação importante: Nesse caso hipotético você não
tem as opções de chamar algum estranho, os vizinhos, a
polícia ou feri-lo. Apenas de matá-lo.
Muitas pessoas, inclusive “Espíritas de carteirinha”, à
primeira vista e, irrefletidamente, falariam a frase,
responderiam que, sem dúvida, nesse caso matariam o
bandido. E acrescentariam com o seguinte dito popular:
“para mim, bandido bom é bandido morto”.
Todavia, se eles pensassem duas vezes, mesmo que fosse
por um momento rápido, certamente se lembrariam, além
das palestras que ouviram, como também, no mínimo, dos
ensinamentos contidos apenas em duas obras: “O Livro dos
Espíritos” e a Bíblia. Veriam então que esse ato de
“matar o seu semelhante” vem de encontro e não condiz
com aquilo que aprenderam nas reuniões, como também é
contrário àquilo que está escrito em ambos os livros
referidos acima.
Afinal de contas, como bons Espíritas e bons Cristãos,
sabemos que a Justiça Divina é a maior e que nós não
devemos, para o nosso bem, procurar fazê-la com nossas
próprias mãos.
Aprendemos que esta vida física que temos é momentânea,
a verdadeira e imortal existência é do Espírito.
Quanto a isso, Jesus diz: "O espírito é o que vivifica,
a carne para nada aproveita" e conclui falando: "as
palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida"
(João 6:63).
Agora, observemos o que encontramos na primeira obra do
Espiritismo.
748. Em caso de legítima defesa, escusa Deus o
assassínio?
"Só a necessidade o pode escusar. Mas, desde que o
agredido possa preservar sua vida, sem atentar contra a
de seu agressor, deve fazê-lo."
Reparemos bem neste trecho da resposta dos Espíritos:
"Mas, desde que o agredido possa preservar sua vida, sem
atentar contra a de seu agressor, deve fazê-lo". Isso
foi pensado? Pela resposta acima vimos que não.
761. A lei de conservação dá ao homem o direito de
preservar sua vida. Não usará ele desse direito, quando
elimina da sociedade um membro perigoso?
"Há outros meios de ele se preservar do perigo, que não
matando. Demais, é preciso abrir e não fechar ao
criminoso a porta do arrependimento."
Será que no caso hipotético anteriormente citado, "quem
matou o ladrão", não o fez por impulso? Por um acaso,
deixou ele a porta do arrependimento aberta ao
criminoso, como nos é orientado? Não teria sido
impensado este ato, já que o "agredido" sabia de tudo
isso acima?
880. Qual o primeiro de todos os direitos naturais do
homem?
“O de viver. Por isso é que ninguém tem o direito de
atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o
que quer que possa comprometer-lhe a existência
corporal.”
Analisem a palavra "ninguém" em todo o contexto da
resposta dos Espíritos.
Também Moisés disse: "Não matarás." (Êxodo 20:13)
Não há exceções. Jesus também falou: "Fazei aos homens
tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que
consistem a lei e os profetas" (Mateus 7:12).
O que é semelhante a estas palavras do Sublime Nazareno:
"Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos
tratassem" (Lucas 6:31).
E ainda: "Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns
aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós
vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que
sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros"
(João 13:34-35).
Uma última pergunta que não quer calar: “agindo daquela
maneira, poderemos considerar-nos como sendo discípulos
de Jesus; em outras palavras: estaremos seguindo seus
ensinamentos”?
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