Liberdade e libertinagem
Erroneamente, a liberdade tem sido confundida com a
libertinagem.
A liberdade, conquista árdua das sociedades
democráticas, é categoria axiológica que não se coaduna
com o desrespeito.
Isto posto, é imperioso apontar que os tempos atuais têm
sido bastante difíceis às manifestações culturais.
Em grande medida, os espetáculos são eivados de traços
psicopatológicos; as manifestações musicais apresentam
letras chulas; as exposições são de baixíssimo padrão
moral. E, a denominada cultura, é utilizada por mentes
vis que, em nome de uma liberdade, espalham conteúdos
degradantes.
Não faz muito tempo que, em nome da arte e da liberdade,
um homem despido se deixou apalpar por uma criança em
museu brasileiro.
Noutro cenário, uma escola de samba, evocando a mesma
liberdade e a “galhofa” do período carnavalesco,
apresentou Jesus num desfile apanhando de Satanás,
enquanto caveiras sambavam em torno Dele.
Há alguns anos, caricaturas desrespeitosas do profeta
Maomé foram feitas por determinada revista francesa que
culminou com um ataque terrorista aos seus editores.
(Mais uma vez, em nome da liberdade.)
Recentemente, no Brasil, um vídeo natalino do grupo Porta
dos Fundos, apresentou um Jesus gay, além
de outras situações constrangedoras na película. Isto
gerou bastante revolta, discussão, e culminou em
atentado terrorista com bombas (coquetéis molotovs)
à produtora do grupo.
Por óbvio, esta ação não é a forma adequada de se
repudiar a prática do grupo. E, felizmente, não houve
vítimas.
Cumpre considerar ainda que existe a lei n.º
13.260/2016, que disciplina o terrorismo (ato que foi
praticado contra o grupo Porta dos Fundos) e que
precisa ser cumprida. Lembrando que se trata de crime
imprescritível, inafiançável, não suscetível de anistia
ou graça, ou seja, os envolvidos podem ser punidos a
qualquer tempo. (O que, pelo histórico do nosso país,
dificilmente acontecerá.)
Não bastasse toda a confusão, o Judiciário do Estado do
Rio de Janeiro impôs censura ao filme. Todavia, o grupo,
após recorrer, conseguiu mantê-lo no ar.
E, mais uma vez, a liberdade foi evocada para justificar
práticas culturais ofensivas.
Tentam a todo instante macular a imagem do Mestre
incomparável, que há dois mil anos é luz e fanal das
consciências humanas.
Mas não só dele. A liberdade tem sido utilizada para se
justificar violências, seja contra Jesus, seja contra
qualquer outra figura ou condição.
Sou contrário à censura. Igualmente contrário a
desrespeitos em nome de uma “liberdade”.
E penso que caberia uma reflexão de nós espiritistas
sobre a conjuntura atual e como poderíamos contribuir
para manifestações culturais mais edificantes. Sem
quaisquer laivos de censura, de reproche. Mas, sim,
espraiando o belo, o divino, o conteúdo edificante por
meio da arte espírita, por exemplo.
Lembremos, por fim, da lição de Paulo que disse: “Tudo
me é permitido, mas nem tudo me convém”. E assim é
na vida, na alimentação, na arte, na cultura.
Bom senso, sempre!
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