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por Bruno Abreu

 

Destino ou escolha?


Por vezes, a vida decorre numa velocidade estonteante de novidades e mudanças que não esperamos. Só uma pequena mente pode ter a ideia de que controla a sua vida, é uma ilusão criada pela rotina que se dá de tempos em tempos.

Quando pensamos que temos tudo sobre nossa alçada, vem o vento do destino e remexe nossa vida, criando as alterações necessárias para nos tirar do lugar. Algumas das alterações e novidades são agradáveis, outras, nem por isso.

Falar em destino assusta-nos porque nos dá a ideia de que não temos “voto na matéria”, e de certa forma é verdade, mas, por outro lado, a Lei de Ação Reação mostra-nos que tudo tem a causa em nós.

Então, quando é que há destino e não temos escolha e quando temos a escolha?

A vida externa, da forma como se apresenta, não parece ser uma escolha nossa, as coisas simplesmente acontecem. É fácil concluirmos que este movimento que a muitos parece aleatório não nos permite escolher com o que nos deparamos no momento do acontecimento, dando-nos uma ideia “clara” de que a culpa é dos outros ou da vida. Como nossos “olhos” não conseguem ligar o acontecimento ao passado não percebemos que a causa está em nossas ações do passado, fazendo-as parecer situações aleatórias.

A Psicologia analítica, de Carl G. Jung, diz-nos que o nosso interior é um ímã aos acontecimentos do nosso exterior, ideia partilhada com algumas doutrinas, incluindo a Doutrina Espirita.

O Espiritismo explica este processo de atração como uma regra universal, explicando que atraímos as pessoas e os acontecimentos conforme o nosso interior, mostrando a lógica das formações de afinidade entre  pessoas. Por exemplo, se dois ladrões, carteiristas, estiverem no mesmo espaço, por muito cheio que esteja, eles acabam por se reconhecer e criar laços por semelhança, tal como acontece com alcoólicos pela afinidade do desejo, e tudo o resto na vida, onde se incluem os acontecimentos.

Esta Lei está intimamente relacionada com a Lei de Causa e Efeito ou, vulgarmente conhecida como Carma, a Lei do destino que funciona sob a alçada da Justiça Universal. Muitos de nós têm a ideia de que o “Carma” é uma punição; o que fizerem de mal receberão de mal, o que não poderia estar mais errado.

O mal é criação humana, como constatamos facilmente, e ele nasce da ignorância do ser. Ninguém pratica o mal consciente do que este é, pode-nos parecer que quem o coloca em prática conhece os resultados, mas isso é porque não se tem consciência do processo e do seu resultado. Um dos ensinamentos mais importantes e comuns a todos os “iluminados” é que a maior consequência do mal é em quem o faz, a exemplo de Jesus Cristo, que disse:  “Ai do mundo por causa dos escândalos; pois é necessário que venham escândalos; mas ai do homem por quem o escândalo venha”.

Se um filho nosso comete um erro, que fazemos? Pedimos a ele que o refaça e repare – esse é o princípio da Lei de Causa e Efeito. Construímos hoje o amanhã que iremos viver, seja nesta reencarnação, seja na próxima que está no tempo “amanhã”.

Aquilo com que nós nos deparamos hoje é a colheita do nosso passado que regressa como forma de educador e, se no futuro queremos ter um professor mais paciente e moderado, devemos estar conscientes de que o estamos a criar no presente, através do nosso livre-arbítrio, na forma como recebemos e reagimos aos acontecimentos com que nos deparamos.

Aqui poderemos ver a realidade do destino; não temos escolha perante o que nos acontece, mas agora temos escolha perante o que nos irá acontecer, incluindo a Lei da Atração que se movimenta pelo que somos, interiormente, resultado das escolhas do passado.

Como quero que seja o meu futuro?


  

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita