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Filho com autismo transformou a vida da família |
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Natural de Matão (SP), onde reside, Regiane Cristina
Villas Boas Gonzaga (foto) é
pedagoga e pós-graduada em Análise do Comportamento
Aplicada, Psicopedagogia Clínica e Institucional e
Autismo. Além de atuar profissionalmente nessa área,
Regiane vive a experiência de mãe com filho autista, com
diagnóstico tardio, o que agravou o caso. Dessa
experiência resultou o livro O Autismo em minha vida,
recém-lançado pela Editora EME, o qual nos apresenta um
relato comovente e real. Na presente entrevista ela nos
fala sobre essa experiência e a proposta do livro.
De onde surgiu a ideia do livro O Autismo em minha
vida?
Surgiu do desejo de ajudar outras famílias e
profissionais que lidam com o autismo, compartilhando o
que aprendi ao longo desses anos de estudo e
convivência. Pois acredito que o conhecimento, quando
adquirido, não deve ser retido para si próprio, mas deve
ser usado em benefício dos outros.
De sua experiência de mãe de uma criança autista, qual
foi o maior desafio?
Para mim o maior desafio foi lidar com o desconhecido.
Porque há mais de 10 anos não se ouvia falar em autismo
como nos dias atuais. Hoje em dia qualquer pesquisa que
se faça pela internet você consegue encontrar inúmeros
textos explicando, orientando. Mas naquela época não!
Então acho que esse foi o maior desafio. E hoje sem
dúvidas é lidar com a fase de transição entre infância e
vida adulta. Pois ele já está com 16 anos. Então isso
nos preocupa um pouco.
Considera que seu relato pode ajudar outras mães com
casos parecidos?
Acredito que sim! Pelo menos foi essa a intenção do
livro. Cada caso é um caso e nunca vamos encontrar um
autista igual ao outro, pois cada um possui suas
próprias características. Mas os desafios que
enfrentamos e as dúvidas, geralmente são as mesmas. E é
isso que eu procuro abordar nesse livro.
Tendo-se aprofundado no tema, seja pela viva experiência
pessoal ou pelos estudos que buscou, o que mais nesse
caso chama sua atenção?
O que mais me chama a atenção é a amplitude do espectro,
que pode variar do grau mais leve até o mais severo. E
como eles podem ser diferentes entre si.
Como o Espiritismo ajudou você nesse enfrentamento?
O Espiritismo fez com que eu deixasse de me ver como
vítima, quando entendi como funciona a lei de ação e
reação, de causa e efeito, tendo em vista que o espírito
é imortal. Foi só aí que entendi que nada acontece por
acaso e que passamos exatamente por aquilo que
precisamos passar. Seja por ser uma missão que me foi
confiada ou como resultado de ações passadas ou ainda
por uma prova que eu mesma pedi para ajudar no meu
processo de evolução. Incluindo também, é claro, as
necessidades dele. Não importa! O que importa é que eu
consegui, a partir de então, perceber a justiça e a
misericórdia de Deus na minha vida. E isso tem sido para
mim de grande conforto.
Considera que o diagnóstico tardio foi a causa principal
do estágio que se agravou? Como foi essa ocorrência?
O diagnóstico do Matheus veio com 5 anos e meio. Hoje em
dia há casos que já é possível de identificar antes
mesmo de 1 ano de idade. O diagnóstico precoce é
essencial para que se possa iniciar, o mais rapidamente
possível, as intervenções e com isso amenizar os
sintomas de uma forma bem mais ampla. Mas no meu caso,
não diria que essa foi a principal causa. Porque junto a
isso, estávamos num momento em que ninguém sabia como
lidar com o autismo e isso incluía os profissionais.
Estávamos todos aprendendo! E cada um fazia o máximo que
podia, mas é claro que faltava o conhecimento e o
preparo adequado para lidar com isso. Eu costumo dizer
que se eu soubesse lá atrás o que eu sei hoje, talvez eu
não teria cometido tantos erros.
O que seu coração de mãe diria para mães iniciantes que
se defrontam com a difícil realidade?
Não desista! Momentos difíceis virão! Mas nunca se
esqueça de recorrer a Deus, que tudo sabe e tudo vê,
para pedir força, coragem e resignação. Não se sinta
culpada! Você está fazendo o seu melhor! Faça o que
estiver ao seu alcance. Procure ler, se informar a
respeito do assunto, para que você consiga ajudar. E não
se esqueça de que você também precisa ser cuidada!
Procure ajuda se sentir necessidade. E acima de tudo:
AME! Pois o amor é o único caminho.
De suas lembranças nas lutas enfrentadas, o que
sobressai?
Ainda enfrentamos grandes batalhas e com certeza muitas
outras virão. Mas o que fica são as lições. Tudo o que
aprendemos a cada desafio.
Como se sente hoje?
Hoje eu me sinto em paz. Já não carrego mais em mim
aquele sentimento de revolta, principalmente contra
Deus. E sei que tudo é para o meu progresso e
crescimento.
Algo mais que gostaria de acrescentar?
Embora o autismo tenha feito com que eu derramasse
muitas lágrimas e foi o motivo de muita revolta, foi ele
quem me tornou forte. Foi o autismo do meu filho que fez
com que eu saísse do meu comodismo, fosse estudar, me
formar e especializar. E é graças a ele que hoje eu
tenho um livro falando sobre esse assunto e um
consultório onde posso pôr em prática tudo o que
aprendi. O autismo do meu filho transformou a minha
vida.
Suas palavras finais.
Primeiramente eu gostaria de agradecer a Deus pela
oportunidade, ao Orson por ter me ajudado na
concretização desse sonho e a editora EME por ter
publicado com tanto carinho o meu livro. E dizer que
nada na vida acontece por acaso. Tudo tem uma razão de
ser. Chegar até aqui não foi fácil! Mas eu tive a ajuda
essencial do meu esposo Carlinhos, que sempre foi um pai
presente e que esteve ao meu lado em todos os momentos e
também a ajuda de "anjos" que foram colocados no meu
caminho em diversos momentos, tornando mais fácil a
minha caminhada. A todos eles minha eterna gratidão!