A constante presença de Jesus em nós
“Se vós estiverdes em mim e as minhas palavras estiverem
em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será
feito.” – Jesus (João,15:7.)
Hoje, e provavelmente ainda iludidos, supomos servir às
autoridades terrenas; todavia, chegará o dia em que,
conscientes, reconheceremos que sempre estivemos
atendendo a Jesus.
O que isso significa? Significa que quando estivermos
unidos a Ele, em verdade e espírito, através do
cumprimento das Leis Divinas, teremos encontrado a paz
que representa o problema fundamental, de busca
interminável, na nossa existência. É a concretização da
instalação do Reino de Deus em nós, ou seja, a conquista
definitiva da felicidade plena. A descoberta de que
podemos viver Nele, e com Ele em nós, dá-nos a exata
proporção do quanto ainda temos que caminhar para nos
livrarmos das amarras que nos prendem à vida material.
Evidentemente que, ao falarmos em desligamento da vida
material, não nos referimos a uma vivência absolutamente
voltada para as coisas do Espírito, mas, sim, de uma
vida que dá justo valor aos dois aspectos que compõem a
existência planetária. Sabemos que o homem não é só
matéria ou só Espírito – ainda que ele seja,
fundamentalmente, o segundo. Temos uma vida de relação
que nos permite, através de trocas, aprender, ensinar e
trabalhar para ajudarmos os que necessitam, assim como
nós também necessitamos ser ajudados, tantas vezes.
Trocas importantes para a evolução à qual estamos
destinados, pois que na solidão, no isolamento físico,
ninguém cresce.
Acreditamos, quase sempre, que o Mestre só está ao lado
daqueles companheiros que se ligam à religião, não
importando muito em quais setores atuem, sejam os que
ensinam a Revelação Divina ou que, através da palavra
nas tribunas, transmitem consolo ou reconforto. O fato é
que nos esquecemos de perceber a presença do Mestre em
todas as manifestações do trabalho humano.
Lembra Emmanuel que o Divino Amigo¹ “acompanha os que
administram os bens do mundo e os que obedecem às
ordenações do caminho, concorrendo na edificação do
futuro melhor, nas organizações materiais e espirituais.
Permanece ao lado dos que revolvem o chão do planeta,
cooperando na estruturação da Terra aperfeiçoada, como
inspira os missionários da inteligência na evolução dos
direitos humanos”.
Afligimo-nos, tantas vezes, sobre a destinação do mundo,
com o aquecimento global, o desmatamento, a exploração
insustentável dos recursos do planeta – esquecendo-nos
de que a Eterna Sabedoria conhece o que deve ocorrer à
vida planetária –, sem nos darmos conta de que agora é o
nosso tempo, o dia em que nos compete fazer o que deve
ser feito.
Todos nós, indistintamente de classe ou posição social,
de cargos ou poderes temporários, somos chamados a
realizar a tarefa que nos compete nos círculos de
serviços para o progresso da Humanidade. Por essa razão,
é tão importante realizarmos, da melhor maneira
possível, dentro das nossas limitações, a obra parcial
confiada às nossas mãos, visto que, a parte maior, Deus
a realiza.
O evangelista João deixa claras as palavras de Jesus de
que somente estando Nele e Ele em nós conseguiremos
realizar tudo o que almejamos. Isto significa o fato de
termos deveres que se fazem essenciais, com os quais nos
comprometemos, ou seja, criaturas que nos pedem apoio, o
lar que deve ser sustentado com obrigações assumidas,
enfim, causas nobres que precisamos atender...
E por qual razão o Mestre nos dá esse alerta? Porque
muitas vezes nos dizemos cristãos, afirmando admirá-Lo e
crer Nele. Ao dizermos isso, estamos subentendendo que
também nós realizamos o que Ele nos pede para fazer. E,
na verdade, não é isso que acontece. Por esse motivo sua
advertência e convite fazem todo sentido, nos dias que
se seguem.
Com muita propriedade Emmanuel diz que de repente vemos
nossa jornada comprometida com a presença da morte,
quando menos contávamos com essa visita... Estamos
sempre esperando ganhar para fazer, enquanto que nosso
problema é, na verdade, o de fazer para ganhar.
E o benfeitor Emmanuel continua alertando² que “a
colheita não precede a semeadura, tanto quanto o teto
não se antepõe à base”. Lembra com lucidez que
qualquer elemento, por mais desprezível que possa
parecer, produz algo. E oferece alguns exemplos bastante
sugestivos. Diz que as pedras produzem aspereza e
espinho, lacerações; que a lama produz sujidade, e o
martelo, golpes.
É fácil para nós a partir desses exemplos entender que,
se produzimos para o bem, esses elementos em nossas mãos
podem se tornar instrumentos valiosos de progresso.
Assim, as pedras ajudam na construção de estradas,
hospitais, escolas e sabe-se lá o quanto mais. Do ponto
de vista técnico, os espinhos (elemento cortante) podem
ajudar nas cirurgias, salvando vidas, levando auxílio
para as dores físicas. A lama, por sua vez, quando
devidamente tratada, é rico adubo para as sementeiras.
E, mesmo o martelo, quando devidamente controlado,
torna-se valioso recurso para muitas tarefas.
Estabelecendo uma preciosa comparação, o mesmo acontece
com nosso mundo íntimo: cada um de nós produzirá sempre
de acordo com os agentes que nos inspiram.
Voltemos a Emmanuel. Destaca o orientador amigo o
seguinte³: para que possamos entender a ideia de que “tudo
que é alguma coisa produz algo”, lembra que mesmo “os
seres mais lastimáveis, ainda que não queiram, estão
sempre produzindo”. Até mesmo o delinquente acaba
produzindo o desequilíbrio; o preguiçoso, a miséria, e o
pessimista, o desânimo.
Diante dessa grave afirmação, é imprescindível estarmos
atentos às nossas atitudes, sejam elas expressas em
pensamento, atos ou palavras. Não importa onde
estejamos, estaremos sempre produzindo de acordo com as
influências que nos agradam, e atuando, mecanicamente,
sobre todos aqueles que se afeiçoam à nossa forma de
agir.
Produzimos sempre e isso é inevitável, e certamente
colheremos o resultado desse plantio. Por essa razão, o
Evangelho nos recorda a necessidade de permanecermos com
Jesus para que Ele permaneça em nós. Ele é a videira, o
tronco, a árvore da vida. Nós, as varas, os galhos dessa
árvore. Fora do tronco os galhos secam e morrem, pois,
sem a essência da grandeza do Cristo, todas as obras
humanas estariam destinadas a perecer. E vemos isso
acontecer todos os dias diante dos nossos olhos:
fortunas que se transferem de mãos, projetos que
apresentavam todas as condições de sucesso falirem, e
tantos outros exemplos, que podemos observar nas nossas
próprias experiências.
Somos varas verdes da árvore gloriosa e, quando traímos
nossos deveres para com as leis divinas, afastamo-nos da
seiva bendita e rolamos no chão dos desenganos. E
somente através dos sofrimentos redentores poderemos ser
tomados novamente pelo Mestre, por conta da Sua
misericórdia, para a nossa renovação.
Na condição de encarnados e desencarnados, ainda estamos
caminhando para Jesus a fim de um dia experimentarmos
essa união gloriosa. Mas, até lá, faz-se necessário que
trabalhemos e vigiemos nossos sentimentos para que
possamos, ao menos, compreender o que Deus deseja de
nós.
Bibliografia:
1 – XAVIER, F. C. Fonte Viva,
ditado pelo Espírito Emmanuel, 31ª ed., FEB Editora –
Rio de Janeiro/ RJ – lição 146.
2 – Id– Palavras de Vida Eterna,
ditado pelo Espírito Emmanuel, 20ª ed., CEU – Uberaba/
MG - lição 64.
3 – Ib - lição 103.
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