Desserviço ao Espiritismo
Quem estuda e conhece os fundamentos da Doutrina
Espírita sabe seu significado e importância em favor da
Humanidade. Isso gera uma consciência enorme de
responsabilidade, convidando-nos a posturas de retidão,
humildade e principalmente comprometimento com a causa
espírita. Não é preciso alongar-se nesse parágrafo, de
vez que as orientações são claras, estão definidas e
precisamos vivê-las. Eis o desafio constante do
cotidiano.
Corre-se, entretanto, o risco de perder essa noção, face
às fragilidades pessoais que todos trazemos. É quando
prestamos um desserviço ao Espiritismo, prejudicando a
nobre causa, em situações ainda tão comuns entre nós:
a) Quando
nos colocamos no pedestal da condição de infalíveis,
orientadores sábios ou solucionadores de todas as
dificuldades, esquecidos de nossa própria fragilidade;
b) Quando
nos isolamos da convivência com outros grupos e nos
fechamos na pretensa posição de quem tudo sabe,
esquecidos do tanto que ainda precisamos aprender;
c) Quando
fugimos da humildade e permitimos que a vaidade nos
conduza o comportamento, assumindo posições de pretensa
superioridade que é incompatível com nossa própria
realidade de mendigos espirituais;
d) Quando
criamos ou estimulamos seguidores para nós,
condicionando-os às nossas ideias, sempre limitadas,
como bem próprio da condição humana, e pior, impedimos
que cresçam por si mesmos, criando enormes
responsabilidades para o futuro;
e) Quando
somos pródigos como médiuns, para impressionar, em dar
informações sobre o passado ou futuro das pessoas que
nos procuram em busca de conforto, esquecidos igualmente
de nossa cegueira e limitação no alcance das realidades
espirituais;
f) Quando
igualmente fornecemos detalhes de supostas perseguições
espirituais de pessoas enfermas ou perturbadas, que
precisam antes de alguém que apenas as ouça, distorcendo
o nobre papel de consolador que o Espiritismo dá para
todas as criaturas;
g) Quando
tentamos adaptar o Espiritismo ao nosso acanhado e
limitado ponto de vista, introduzindo práticas
incompatíveis com a lógica e serenidade da prática
espírita, desconhecendo a dinâmica da própria vida e
suas leis;
h) Quando
nos fanatizamos, desejando converter pessoas ou impondo
nossos equivocados conceitos, esquecidos da liberdade de
todos que devemos respeitar;
i) Quando
deixamos de estudar e opinamos conforme nosso estado
emocional, sem refletir naquilo que estamos dizendo,
agredindo e machucando pessoas e pondo a perder
iniciativas que levaram décadas para se solidificarem;
j) Quando
nos apegamos a cargos, quando desejamos ser simplesmente
obedecidos ou quando achamos que somente nós sabemos e
aí nos perdermos em subestimar esforços alheios,
esquecidos da potencialidade que está em todos os seres;
k) Quando
caímos na crítica contumaz a tudo e a todos, como se
fôssemos donos da verdade, esquecidos do respeito que
nos devemos mutuamente;
l) Quando
exploramos, procuramos tirar vantagens, enganamos,
manipulamos, distorcemos para fazer valer nosso ponto de
vista...
A lista não termina aí. Se ficarmos pensando, acharemos
mais, claro. É bem próprio de nossa condição ainda de
aprendizes da ciência de viver. Com uma doutrina
maravilhosa à nossa disposição, vençamos essa tendência
movida pelo orgulho que ainda nos caracteriza. Atendamos
antes aos apelos da fraternidade.
Dada a nossa condição de aprendizes, estamos todos
sujeitos a falhas e equívocos. O próprio articulista
aqui escreve antes para si mesmo, procurando em si mesmo
vacinas de atenção para não cair nessas armadilhas tão
comuns, tão diárias de todos nós, que, em síntese,
prestam antes um desserviço ao Espiritismo, nobre e
extraordinária Doutrina enviada ao planeta para que seus
habitantes conheçam a sabedoria das Leis Divinas, onde o
amor é a essência, onde só encontraremos a felicidade e
paz autênticas quando nos respeitarmos...
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