Além da vida
“O meu reino não é deste mundo: se o meu reino fosse
deste mundo, certo que os meus ministros haviam de
pelejar para que eu não fosse entregue aos judeus: mas,
por agora, meu reino não é daqui.” – Jesus (João,
18:33-37.)
Diz-nos O Evangelho segundo o Espiritismo, no
capítulo II, sobre a vida futura, que essa deveria ser
das principais preocupações do homem sobre a Terra.
Essas palavras de Jesus se referem à vida espiritual. O Evangelho diz
mais: que esse é o ponto central dos ensinamentos do
Cristo. Jesus demonstrou isso, surgindo aos seus
discípulos após sua morte, mais de uma vez; uma delas
quando esses, aflitos, se escondiam, e todas as portas e
janelas, segundo Mateus, estavam fechadas. Uma assertiva
clara, evidenciando sua presença espiritual entre eles,
pois se fosse um ser vivo no corpo humano, não passaria
através das paredes, o que ficou explícito quando,
estando as portas e janelas fechadas, ele surgiu no meio
deles.
Os cristãos do passado, sabedores disso e confiantes nas
comunicações espirituais, não tiveram medo da morte.
Entregavam-se ao martírio, sabedores de que somente seus
corpos morreriam e que continuariam vivos, e, ainda
mais, estariam felizes, pois se sacrificaram por uma
causa de amor. Venceram. O mundo romano opressor e
guerreiro da época não resistiu ao seu heroísmo e ao seu
amor. Graças à palavra vibrante de Paulo, o apóstolo que
cruzou o mundo da época, levando a mensagem de Jesus, o
mundo tornou-se, em grande parte, cristão.
Onde está a falha? Se o mundo em sua grande parte é
cristão, por que tão grande desespero ante a morte? É
certo que por um tempo não haverá um encontro, dadas as
disparidades entre o mundo material e o espiritual, mas
os encontros por certo virão, em sonhos ou um dia, dado
que o amor é de origem divina e Deus deseja que aqueles
que se amem formem famílias no mundo espiritual e um dia
possam estar juntos. A falha é a falta de fé, a
incerteza, que tem diminuído cada vez mais, pois as
comunicações espirituais através dos médiuns têm varado
as trevas da ignorância, têm-se tornado conhecidas e a
fé tem crescido. Basta se observar em velórios de todos
os credos, uma diminuição da aflição descabida e dos
escândalos de sofrimento que observávamos no passado.
Quando todos entenderem verdadeiramente a boa nova de
Jesus, a imortalidade vai tornar-se uma força para
aqueles que se despedirem dos seus amados na arena
terrestre.
Nosso amado pai desencarnou em março do ano passado. Na
véspera do Dia dos Pais, do mesmo ano, no sábado à
noite, estávamos numa reunião mediúnica quando sentimos
uma energia deliciosa ao nosso lado. Como nos falta a
vidência ou a audiência, apenas sentimos aquela
deliciosa vibração energética. No momento, nem
lembrávamos que o dia seguinte era Dia dos Pais, pois o
nosso querido já tinha desencarnado. Pensamos que aquela
presença amorosa poderia ser do nosso amado Hugo
Gonçalves, nosso antigo diretor do jornal “O Imortal”,
ou do nosso querido amigo Jerônimo Mendonça, “O Gigante
Deitado”, que tantas vezes mencionamos. Quem estaria
ali?, assim pensávamos. Silenciamos, no entanto, e não
comentamos nada na reunião. Quando a reunião terminou,
uma amiga médium vidente se aproximou e perguntou: -
Você não sentiu a presença do seu pai aí, ao seu lado?
Ele lhe deu um beijo no rosto e, se ele desencarnou com
87 anos, como você mencionou um dia, parece que ele
remoçou, está com aspecto de 50 anos. Aí nos lembramos
de que o dia seguinte seria o Dia dos Pais e que ele
deveria ter vindo por isso. Ficamos muito felizes por
saber que ele se encontrava bem.
Nós, espíritas, temos a facilidade de em muitos momentos
recebermos notícias de quem amamos, que já desencarnou.
Isso já deveria ser motivo de consolação, essa certeza
deveria animar a fé. Que possamos ter a casa assentada
sobre a rocha e nossa fé fortalecida.
Independente de religião, os fatos não param de suceder.
Pessoas nos relatam o encontro em sonhos com os seres
queridos que se foram. Eles vêm saudá-las e dizem que
estão bem. Uma senhora católica nos falou sobre sua dor
ante a morte de um filho amado. Em sonhos, ao se
aproximar o dia de finados, viu-se desesperada
procurando no cemitério o túmulo de seu filho querido,
para limpá-lo. A dor de sua morte a acompanhava todos os
dias. Não encontrava o túmulo. Em seu sonho, nesse
momento, um velhinho envolto em luz lhe apareceu ali e
lhe perguntou: - Por que você procura aqui quem não está
mais aqui? Ela despertou. Teve a certeza de que seu
filho estava bem e sua dor passou.
Temos que nos libertar da dor. Temos que nos encher de
esperanças. O Espiritismo nos mostra e nos prova a
continuidade da vida. Felizes aqueles que se libertaram
dos sofrimentos do mundo e podem estar bem! Enviemos a
eles nossas preces e nosso amor e eles receberão. Um
dia, quem sabe, poderão aproximar-se e dar-nos um beijo
de amor. E sentiremos a energia desse amor.
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