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por Jane Martins Vilela

 

Além da vida


“O meu reino não é deste mundo: se o meu reino fosse deste mundo, certo que os meus ministros haviam de pelejar para que eu não fosse entregue aos judeus: mas, por agora, meu reino não é daqui.” – Jesus (João, 18:33-37.)


Diz-nos O Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo II, sobre a vida futura, que essa deveria ser das principais preocupações do homem sobre a Terra. Essas palavras de Jesus se referem à vida espiritual. O Evangelho diz mais: que esse é o ponto central dos ensinamentos do Cristo. Jesus demonstrou isso, surgindo aos seus discípulos após sua morte, mais de uma vez; uma delas quando esses, aflitos, se escondiam, e todas as portas e janelas, segundo Mateus, estavam fechadas. Uma assertiva clara, evidenciando sua presença espiritual entre eles, pois se fosse um ser vivo no corpo humano, não passaria através das paredes, o que ficou explícito quando, estando as portas e janelas fechadas, ele surgiu no meio deles.

Os cristãos do passado, sabedores disso e confiantes nas comunicações espirituais, não tiveram medo da morte. Entregavam-se ao martírio, sabedores de que somente seus corpos morreriam e que continuariam vivos, e, ainda mais, estariam felizes, pois se sacrificaram por uma causa de amor. Venceram. O mundo romano opressor e guerreiro da época não resistiu ao seu heroísmo e ao seu amor. Graças à palavra vibrante de Paulo, o apóstolo que cruzou o mundo da época, levando a mensagem de Jesus, o mundo tornou-se, em grande parte, cristão.

Onde está a falha? Se o mundo em sua grande parte é cristão, por que tão grande desespero ante a morte? É certo que por um tempo não haverá um encontro, dadas as disparidades entre o mundo material e o espiritual, mas os encontros por certo virão, em sonhos ou um dia, dado que o amor é de origem divina e Deus deseja que aqueles que se amem formem famílias no mundo espiritual e um dia possam estar juntos. A falha é a falta de fé, a incerteza, que tem diminuído cada vez mais, pois as comunicações espirituais através dos médiuns têm varado as trevas da ignorância, têm-se tornado conhecidas e a fé tem crescido. Basta se observar em velórios de todos os credos, uma diminuição da aflição descabida e dos escândalos de sofrimento que observávamos no passado.

Quando todos entenderem verdadeiramente a boa nova de Jesus, a imortalidade vai tornar-se uma força para aqueles que se despedirem dos seus amados na arena terrestre.

Nosso amado pai desencarnou em março do ano passado. Na véspera do Dia dos Pais, do mesmo ano, no sábado à noite, estávamos numa reunião mediúnica quando sentimos uma energia deliciosa ao nosso lado. Como nos falta a vidência ou a audiência, apenas sentimos aquela deliciosa vibração energética. No momento, nem lembrávamos que o dia seguinte era Dia dos Pais, pois o nosso querido já tinha desencarnado. Pensamos que aquela presença amorosa poderia ser do nosso amado Hugo Gonçalves, nosso antigo diretor do jornal “O Imortal”, ou do nosso querido amigo Jerônimo Mendonça, “O Gigante Deitado”, que tantas vezes mencionamos. Quem estaria ali?, assim pensávamos. Silenciamos, no entanto, e não comentamos nada na reunião. Quando a reunião terminou, uma amiga médium vidente se aproximou e perguntou: - Você não sentiu a presença do seu pai aí, ao seu lado? Ele lhe deu um beijo no rosto e, se ele desencarnou com 87 anos, como você mencionou um dia, parece que ele remoçou, está com aspecto de 50 anos. Aí nos lembramos de que o dia seguinte seria o Dia dos Pais e que ele deveria ter vindo por isso. Ficamos muito felizes por saber que ele se encontrava bem.

Nós, espíritas, temos a facilidade de em muitos momentos recebermos notícias de quem amamos, que já desencarnou. Isso já deveria ser motivo de consolação, essa certeza deveria animar a fé. Que possamos ter a casa assentada sobre a rocha e nossa fé fortalecida.

Independente de religião, os fatos não param de suceder. Pessoas nos relatam o encontro em sonhos com os seres queridos que se foram. Eles vêm saudá-las e dizem que estão bem. Uma senhora católica nos falou sobre sua dor ante a morte de um filho amado. Em sonhos, ao se aproximar o dia de finados, viu-se desesperada procurando no cemitério o túmulo de seu filho querido, para limpá-lo. A dor de sua morte a acompanhava todos os dias. Não encontrava o túmulo. Em seu sonho, nesse momento, um velhinho envolto em luz lhe apareceu ali e lhe perguntou: - Por que você procura aqui quem não está mais aqui? Ela despertou. Teve a certeza de que seu filho estava bem e sua dor passou.

Temos que nos libertar da dor. Temos que nos encher de esperanças. O Espiritismo nos mostra e nos prova a continuidade da vida. Felizes aqueles que se libertaram dos sofrimentos do mundo e podem estar bem! Enviemos a eles nossas preces e nosso amor e eles receberão. Um dia, quem sabe, poderão aproximar-se e dar-nos um beijo de amor. E sentiremos a energia desse amor.
 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita