A vontade, o esforço e a plenitude
Num dia 31 de dezembro, na virada do ano 2017 para 2018,
o repórter Maurício Martins publicou no jornal A
Tribuna um artigo contendo trechos da palestra
feita, em Santos (SP), pelo professor e historiador
Leandro Karnal. Considerado por muitos um dos maiores
formadores de opinião em nosso país, resolvemos trazer
para este artigo pontos convergentes entre os argumentos
defendidos pelo palestrante e a Doutrina Espírita.
O ponto central abordado pelo artigo é o esforço e sua
relação com a consecução dos objetivos de cada um.
Vejamos alguns trechos retirados do artigo, para que
apresentemos em seguida a análise do ponto de vista
doutrinário:
“Esforço, seja qual for o seu objetivo. O sucesso na
vida pessoal e profissional depende dele diariamente. É
como tomar banho. (...) Já tem uma carreira consolidada,
não precisa mais? Parou de tomar banho, fede
imediatamente. (...) A vontade existe e pode ser domada.
Isso é protagonismo. (...) Não posso fazer algo no
passado, e o futuro nunca chega. O presente é contínuo,
este é o lugar onde eu posso agir. O futuro começa
hoje”. (Fonte: A
Tribuna, de Santos, SP.)
Agora comparemos estes trechos com as citações retiradas
de algumas obras espíritas:
“909. O homem poderia sempre vencer suas más tendências
pelos seus esforços? – Sim, e algumas vezes com pouco
esforço; é a vontade que lhe falta. Como são poucos
dentre vós os que se esforçam!” (Fonte: O
Livro dos Espíritos, questão 909.)
“A Vontade é a gerência esclarecida e vigilante,
governando todos os setores da ação mental. (...) Nela
dispomos do botão poderoso que decide o movimento ou a
inércia da máquina.” (Fonte: Pensamento
e Vida.)
“A vontade é a maior de todas as potências; (...) O
princípio de evolução não está na matéria, está na
vontade (...). Querer é poder! O poder da vontade é
ilimitado. 0 homem, consciente de si mesmo, de seus
recursos latentes, sente crescerem suas forças na razão
dos esforços. Sabe que tudo o que de bem e bom desejar
há de, mais cedo ou mais tarde, realizar (...).” (Fonte: O
Problema do Ser, do Destino e da Dor.)
Pelas extrações acima, percebe-se nitidamente que tanto
para Karnal, como para a Doutrina Espírita, a vontade é
ponto capital em nossa existência, e que o meio pela
qual se expressa é o esforço, maior ou menor, que
empregamos para o atingimento dos objetivos desejados.
Sem nenhum intuito de desafiar nossos leitores, mas com
o objetivo de refletirmos em conjunto sobre esta questão
essencial de nossa vida, propomos questionar: Muitas
vezes reclamamos das circunstâncias de nossa vida,
afirmamos ter vontade de nos tornarmos grandes homens e
mulheres, cobiçamos as realizações pessoais de grandes
nomes do movimento espírita, mas será que esta vontade é
verdadeira e perenal em nosso ser? Será que estamos
dispostos a tratar nossas relações familiares, nossas
obras de caridade, com a mesma seriedade que encaramos o
campo profissional, por exemplo? Será que realmente
estamos dispostos a renunciar os prazeres e as paixões
da vida material, em prol de nosso aperfeiçoamento?
Sabemos que a reforma íntima não é trabalho de
santificação imediata, mas um esforço contínuo para
sermos hoje melhores do que ontem. Então, que esforço
estamos empreendendo em nossas vidas para lograr este
objetivo. Diante das inúmeras experiências da vida
material, é preciso mantermos contato constante com
nossos objetivos maiores, a fim de que os problemas de
menor importância não sufoquem o pequeno broto, como
ervas daninhas, já que sabemos que somos ainda Espíritos
muito jovens.
E em tratando-se das muitas dificuldades com que somos
defrontados na busca pelos nossos sonhos, vejamos outro
trecho que reproduzimos do artigo sobre o professor
Karnal:
“Outra questão que impede a mudança e prejudica as
pessoas é o medo. O medo é saudável. (...) Mas o excesso
dele me torna covarde, e covardes não agem. O medo não
pode me paralisar. Admiro aquele aluno tímido que
apresenta um trabalho oral tremendo, mas apresenta”. (Fonte: A
Tribuna, de Santos, SP.)
E façamos a comparação com o texto abaixo, da autora
Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco:
“O medo desfigura e entorpece a realidade. Agiganta e
avoluma insignificâncias, produzindo fantasmas onde
apenas suspeitas se apresentam. (...) Não transfiras
para depois a execução de tarefas ou decisões nenhumas.
Toma a atitude natural do momento e age conforme as
circunstâncias, as possibilidades. Cada instante,
vive-o, totalmente, sem aguardar o que virá ou lamentar
o que se foi. Descobrirás que assim agindo, sem
constrições, nem pressas ou postergações, te sentirás
interiormente livre, pois que somente em liberdade o
medo desaparece. Não aguardes, nem busques a liberdade.
Realiza-a na consciência plena, que age de forma
responsável e tranquiliza os sentimentos. (...) A
existência humana deve transcorrer dentro de um esquema
atemporal, sem passado, sem futuro, num interminável
presente”. (Fonte: Momentos
de Felicidade.)
Fica claro nesta passagem que o medo nos paralisa de
variadas maneiras, alguns postergam ação, outros
lamentam oportunidades perdidas. Exerçamos o nosso
livre-arbítrio para as questões importantes da vida e
assumamos as consequências. Enquanto não tentarmos,
jamais venceremos a batalha. Assim, concluímos com mais
uma convergência,entre a Doutrina dos Espíritos e o
estudo do professor Karnal, ambos ressaltando que a
superação de nossos medos é fundamental para uma vida
plena.
Você se sente pleno em sua vida? Ou ainda há alguns
vazios a preencher? Quais são os teus sonhos, tuas
vontades? Que esforço precisa realizar para alcançar
estes objetivos?
Nota da Redação:
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