Artigos

por Paulo Oliveira Sampaio Reis

 

A vontade, o esforço e a plenitude


Num dia 31 de dezembro, na virada do ano 2017 para 2018, o repórter Maurício Martins publicou no jornal A Tribuna um artigo contendo trechos da palestra feita, em Santos (SP), pelo professor e historiador Leandro Karnal. Considerado por muitos um dos maiores formadores de opinião em nosso país, resolvemos trazer para este artigo pontos convergentes entre os argumentos defendidos pelo palestrante e a Doutrina Espírita.

O ponto central abordado pelo artigo é o esforço e sua relação com a consecução dos objetivos de cada um. Vejamos alguns trechos retirados do artigo, para que apresentemos em seguida a análise do ponto de vista doutrinário:

“Esforço, seja qual for o seu objetivo. O sucesso na vida pessoal e profissional depende dele diariamente. É como tomar banho. (...) Já tem uma carreira consolidada, não precisa mais? Parou de tomar banho, fede imediatamente. (...) A vontade existe e pode ser domada. Isso é protagonismo. (...) Não posso fazer algo no passado, e o futuro nunca chega. O presente é contínuo, este é o lugar onde eu posso agir. O futuro começa hoje”. (Fonte: A Tribuna, de Santos, SP.)

Agora comparemos estes trechos com as citações retiradas de algumas obras espíritas:

“909. O homem poderia sempre vencer suas más tendências pelos seus esforços? – Sim, e algumas vezes com pouco esforço; é a vontade que lhe falta. Como são poucos dentre vós os que se esforçam!” (Fonte: O Livro dos Espíritos, questão 909.)

“A Vontade é a gerência esclarecida e vigilante, governando todos os setores da ação mental. (...) Nela dispomos do botão poderoso que decide o movimento ou a inércia da máquina.” (Fonte: Pensamento e Vida.)

“A vontade é a maior de todas as potências; (...) O princípio de evolução não está na matéria, está na vontade (...). Querer é poder! O poder da vontade é ilimitado. 0 homem, consciente de si mesmo, de seus recursos latentes, sente crescerem suas forças na razão dos esforços. Sabe que tudo o que de bem e bom desejar há de, mais cedo ou mais tarde, realizar (...).” (Fonte: O Problema do Ser, do Destino e da Dor.)

Pelas extrações acima, percebe-se nitidamente que tanto para Karnal, como para a Doutrina Espírita, a vontade é ponto capital em nossa existência, e que o meio pela qual se expressa é o esforço, maior ou menor, que empregamos para o atingimento dos objetivos desejados.

Sem nenhum intuito de desafiar nossos leitores, mas com o objetivo de refletirmos em conjunto sobre esta questão essencial de nossa vida, propomos questionar: Muitas vezes reclamamos das circunstâncias de nossa vida, afirmamos ter vontade de nos tornarmos grandes homens e mulheres, cobiçamos as realizações pessoais de grandes nomes do movimento espírita, mas será que esta vontade é verdadeira e perenal em nosso ser? Será que estamos dispostos a tratar nossas relações familiares, nossas obras de caridade, com a mesma seriedade que encaramos o campo profissional, por exemplo? Será que realmente estamos dispostos a renunciar os prazeres e as paixões da vida material, em prol de nosso aperfeiçoamento?

Sabemos que a reforma íntima não é trabalho de santificação imediata, mas um esforço contínuo para sermos hoje melhores do que ontem. Então, que esforço estamos empreendendo em nossas vidas para lograr este objetivo. Diante das inúmeras experiências da vida material, é preciso mantermos contato constante com nossos objetivos maiores, a fim de que os problemas de menor importância não sufoquem o pequeno broto, como ervas daninhas, já que sabemos que somos ainda Espíritos muito jovens.

E em tratando-se das muitas dificuldades com que somos defrontados na busca pelos nossos sonhos, vejamos outro trecho que reproduzimos do artigo sobre o professor Karnal:

“Outra questão que impede a mudança e prejudica as pessoas é o medo. O medo é saudável. (...) Mas o excesso dele me torna covarde, e covardes não agem. O medo não pode me paralisar. Admiro aquele aluno tímido que apresenta um trabalho oral tremendo, mas apresenta”. (Fonte: A Tribuna, de Santos, SP.)

E façamos a comparação com o texto abaixo, da autora Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco:

“O medo desfigura e entorpece a realidade. Agiganta e avoluma insignificâncias, produzindo fantasmas onde apenas suspeitas se apresentam. (...) Não transfiras para depois a execução de tarefas ou decisões nenhumas. Toma a atitude natural do momento e age conforme as circunstâncias, as possibilidades. Cada instante, vive-o, totalmente, sem aguardar o que virá ou lamentar o que se foi. Descobrirás que assim agindo, sem constrições, nem pressas ou postergações, te sentirás interiormente livre, pois que somente em liberdade o medo desaparece. Não aguardes, nem busques a liberdade. Realiza-a na consciência plena, que age de forma responsável e tranquiliza os sentimentos. (...) A existência humana deve transcorrer dentro de um esquema atemporal, sem passado, sem futuro, num interminável presente”. (Fonte: Momentos de Felicidade.)

Fica claro nesta passagem que o medo nos paralisa de variadas maneiras, alguns postergam ação, outros lamentam oportunidades perdidas. Exerçamos o nosso livre-arbítrio para as questões importantes da vida e assumamos as consequências. Enquanto não tentarmos, jamais venceremos a batalha. Assim, concluímos com mais uma convergência,entre a Doutrina dos Espíritos e o estudo do professor Karnal, ambos ressaltando que a superação de nossos medos é fundamental para uma vida plena.

Você se sente pleno em sua vida? Ou ainda há alguns vazios a preencher? Quais são os teus sonhos, tuas vontades? Que esforço precisa realizar para alcançar estes objetivos?       

 

Nota da Redação:

Texto contemplado no concurso A Doutrina Explica, ocorrido em 2018, promovido na turma do Curso de Palestrantes Espíritas do DF, na FEDF, em comemoração dos 30 anos do Concurso. Paulo Oliveira Sampaio Reis, radicado no Distrito Federal, é palestrante espírita.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita