Houve alguma pandemia à
época de Allan Kardec?
Quais foram as
recomendações
doutrinárias?
Caros amigos espíritas
ou simpatizantes do
Espiritismo, compartilho
com vocês uma
preciosidade da Revista
Espírita que se encaixa
perfeitamente neste
período de coronavírus.
Na Revista Espírita de
novembro de 1865, Kardec
escreveu um artigo
denominado “O
Espiritismo e o Cólera”,
eis que muitos
adversários compararam o
Espiritismo a uma peste
que tomava conta da
humanidade.
Kardec, sempre educado,
refuta a tese e
aproveita para escrever
algo sobre a pandemia da
cólera.
Registre-se que no
período de 1845 a 1860
houve a terceira onda
pandêmica de cólera, que
ceifou milhares de vidas
no mundo. Segundo alguns
historiadores, essa
pandemia causou o maior
número de mortes no
século XIX.
A cólera é uma doença
bacteriana intestinal,
normalmente causada pela
ingestão de alimentos ou
água contaminados.
No artigo, Kardec cita a
carta de um leitor de
Constantinopla, onde
teria ocorrido mais de
70 mil mortes, tendo o
leitor sugerido que os
espíritas de lá, pela
crença religiosa, teriam
sido preservados do
flagelo pandêmico.
De imediato, Kardec
discorda da tese do
leitor, afirmando que a
fé espírita não poderia
ser um antídoto contra a
cólera, mas faz uma
excelente abordagem no
sentido de que o conhecimento
espírita propicia uma
força moral que é
capaz de nos preservar
de muitas doenças,
porquanto essa força
moral repercute no corpo
físico, inclusive no
sistema imunológico.
Há diversos estudos que
correlacionam o binômio
fé/saúde, que não se
limita, é claro, apenas
na crença espírita.
Kardec falou do medo da
morte, que atinge uma
quantidade imensa de
pessoas quando se
instala uma pandemia. O
medo patológico, que
vige nesse momento, por
si só, já gera um estado
emocional desarmonizado,
que repercute na saúde
física e mental, fazendo
com que o indivíduo
permaneça num estado de
alerta intenso, gerando
ansiedade e estresse.
Para o espírita não deve
haver esse temor da
morte,
porque acredita na
imortalidade da alma,
que segue viva em outras
dimensões da vida, o
que, segundo Kardec,
serve também para
sustentar a aludida
força moral.
O fato de não se temer a
morte não significa que
não damos valor para a
vida física, tanto que Kardec
expressamente fala que
devemos seguir as
medidas sanitárias,
ou seja, o espírita
segue as diretrizes e as
normas das autoridades
públicas, visando
prolongar a vida, não
por apego, mas por
desejo de progredir.
Veja que orientação
atual para o coronavírus.
Kardec comenta sobre a
importância da
serenidade,
que será vital para
nossa saúde emocional e
mental. A serenidade
deve ser trabalhada,
conquistada, de forma
que devemos aproveitar o
período de isolamento
social imposto pelo
coronavírus, a fim de
buscar a meditação, a
viagem interior e o
autoconhecimento,
ajudando na conquista da
serenidade.
A oração será
recurso primordial por
nos manter conectados
com Deus e com as forças
superiores mantenedoras
da vida.
Kardec também fala que o
espírita deve mudar
completamente seus
hábitos.
Vemos que o coronavírus
nos impôs mudanças
profissionais,
familiares e sociais, de
tal sorte que o espírita
deve ser obediente e
resignado, ajustando sua
conduta às necessidades
atuais, visando a saúde
pessoal e coletiva.
No final do artigo,
Kardec insere uma
mensagem espiritual do
Dr. Demeure, que foi
médico na sua última
encarnação, e este
espírito traz
recomendações oportunas,
aplicáveis ao período de
pandemia que vivemos na
atualidade.
O espírito do Dr.
Demeure acentua a
importância da higiene e
para se evitar os
resfriados. Parece que
ele está falando para a
humanidade dos dias
vigentes.
O referido espírito
insiste para se evitar
o medo, que é pior
do que o próprio mal
pandêmico. Que cabe ao
espírita manter a calma
dada pela fé e não
recear a morte.
O médico desencarnado
ainda fala para não
se ignorar os primeiros
sintomas da doença,
que recomendarão medidas
específicas. É claro que
ele está falando da
cólera, mas veja como se
aplica ao coronavírus.
O espírito enfatiza a
necessidade da confiança
em si mesmo e em Deus como
fatores vitais e
propiciatórios de saúde.
Por fim, o Dr. Demeure
toca no assunto do temperamento
espiritual, que, na
realidade, diz respeito
à nossa saúde emocional
e mental, de forma que
devemos evitar mágoas,
ódios, tristezas,
angústias, ansiedades
etc., investindo na
brandura, na amorosidade,
na tranquilidade, no
perdão, que nos ajudarão
a manter a saúde
espiritual, ainda que o
corpo venha a adoecer.
Que artigo
impressionante de 1865 e
que tem plena validade
para esse período de
coronavírus.
Que orientações
extraordinárias,
morais e materiais,
de Kardec e do Dr.
Demeure, que devem ser
seguidas de forma
integral pelos
espíritas.
Aproveitemos essas
lições valiosas e que
possamos seguir
confiantes, com Jesus e
Kardec.