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por Lillian Rosendo

 

“Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”


No curso do progresso a civilização se adequa ao ritmo acelerado que lhe é imposto; homens e mulheres reservando a maior parte do tempo de sua existência a conservá-la de forma digna e confortável através do trabalho. Conquistar, manter e na maioria dos casos ir além do necessário de modo a estabelecer uma posição social/financeira satisfatória, e essa satisfação vai variar de acordo com o que cada um elege como imprescindível.

Por motivo de força maior, diante de uma pandemia de proporção inimaginável, letal para um determinado grupo, os idosos e os jovens com saúde debilitada, nós de todo o Planeta nos surpreendemos diante do Covid-19, que foge totalmente do controle dos homens e mulheres de todos os níveis sociais.

A economia mundial afetada, além dos desempregados, os profissionais autônomos parados. Muitos profissionais trabalham home office: escritório e cozinha, reunião e brincadeiras infantis, resolução do trabalho e da relação em família. Quarentena imposta, não há escapatória: curso, esporte, balada, templo religioso, todos cancelados.

Vivência real com os cônjuges e/ou com os filhos, real por ser total, não apenas no café da manhã, no jantar, ou no final de semana. Não se trata de férias, quando a viajem dispersa a atenção e o olhar para o outro. Me refiro à rotina, ao tédio, à incompreensão, à intolerância, à inercia que sobrepujam a criatividade, a renúncia, e o respeito das opiniões divergentes, virtudes não desenvolvidas que cobram seu início imediato, tudo em prol do instinto de conservação. Lei natural independente do grau de inteligência concedido por Deus para colaborarmos em Seus desígnios, sendo esse o motivo da necessidade da vida. (O Livro dos Espíritos, questões: 702 e 703.)

O que família significa? Segundo o dicionário: “Conjunto de pessoas, em geral ligadas por laços de parentesco, que vivem sob o mesmo teto”.

Essas relações podem ser, para uns, reduto de amor e compreensão e, para outros, uma vivência espinhosa e amarga. Nesta atual conjuntura da pandemia, há notícias de que na cidade chinesa em ‘Xi’an, cidade com 12 milhões de pessoas, “o número de divórcios aumentou exponencialmente. Uma das razões é o fato de os serviços terem estado fechados um mês. Mas outro é o tempo que os casais passaram juntos, (...) muitos casais ficaram presos em casa mais de um mês”.

Atritos mais frequentes entre os integrantes do núcleo familiar, angústia, ansiedade, medo, desesperança, incertezas e frustrações, diante dessas provações a qual ninguém esperava, o que nos ilumina o entendimento: “E eles disseram: crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa (Atos dos apóstolos, 16:31).

O que o Espiritismo esclarece diante das relações em família, encontramos na Obra: O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XIV, item 8: “Os laços de sangue não criam necessariamente laços entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porque o Espírito existia antes da formação do corpo; não é o pai que cria o Espírito de seu filho; nada mais faz que lhe fornecer um invólucro corporal, mas deve ajudá-lo em seu desenvolvimento intelectual e moral, para fazê-lo progredir”.

Que desafio mais complexo é cumprir com esse desígnio, cooperar com a providência encontrando o próprio caminho do meio e conduzir aqueles que estão sob nossa tutela diante dos interesses próprios. Sabendo seres imortais no qual podemos ter tido um passado e hoje nos encontramos para um ajuste, ou cooperação no bem, como explica a obra citada acima, no cap. IV item 13:

“Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também, pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação”.

Nesta crise um cuidado a mais em conservar não só a própria existência, mas as dos nossos, como enfatiza o Apóstolo Paulo: “Se alguém não cuida dos seus e sobretudo da própria casa, renegou a fé e é pior que um incrédulo” (1 Timóteo 5:8). O movimento para não contrair o vírus (querendo aceitar a vontade de Deus) e, além de não ser um condutor, valorizando a existência das pessoas dentro e fora da família consanguínea, lembrando as palavras do convertido de Damasco: “porque nenhum de nós vive para si” (Romanos 14:7). Somos iguais em valor para Deus, independentemente da posição social, da riqueza, da fama ou do poder, e haverá o tempo em que todos entenderemos: as relações sociais; éticas, morais e solidárias são imprescindíveis ao progresso, compreendendo a resposta que Jesus deu à sua própria pergunta no título do texto: “(...) Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mateus: 12: 46-50).


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita