“Hora vazia, nunca!”
Joanna de Ângelis foi especialmente cirúrgica nesta
sentença. [1]
A Veneranda nos alerta, no mesmo texto, que “grandes
males são maquinados quando se dispõe de espaço mental
em aberto”.
No momento atual, que vivenciamos o recomendado
confinamento, o ensinamento torna-se ainda mais crucial.
André Luiz [2] também chama nossa atenção para o risco
que corremos em tal situação e sugere procedimentos
fáceis de serem viabilizados: ler um livro edificante
(ressaltando que a leitura deve ser acompanhada da
fixação/reprodução das lições) ou, em um cenário mais
uma vez atual, “pense no irmão enfermo que reclama
socorro espiritual e auxilie-o com as suas vibrações de
carinho, se as circunstâncias lhe não favorecem a visita
pessoal”.
Várias pessoas/grupos religiosos, espíritas e não
espíritas, estão indo além na vivência do ensinamento:
diante da população em situação de rua que continua a
existir, especialmente nas grandes cidades (mais
injustas?), se reúnem/se
cotizam/preparam/montam/distribuem refeições e kits de
higiene a seus irmãos economicamente carentes.
Divaldo Franco, que vem sendo um manancial de palavras
consoladoras no momento que atravessamos, nos esclarece
que “os valores mais resistentes são os valores do ser”
e foi o veículo que trouxe a mensagem amorosa de Bezerra
de Menezes (no encerramento da 22ª Conferência Estadual
Espírita da Federação Espírita do Paraná – 15/03/2020):
“não oculteis a mão socorrista aos padecentes”. Naquela
oportunidade, o “médico dos pobres” deu, ainda, a
receita ideal: “mais do que nunca, Jesus precisa de
vossas mãos, falar pelos vossos lábios, sentir o calor
da vossa compaixão e a misericórdia dos vossos
sentimentos”.
É esta receita que os irmãos, citados acima, estão
aplicando em suas atividades diárias junto aos
“padecentes”. E recebendo entre outras respostas,
exemplos sublimes que relaciono a seguir:
- uma senhora, que diariamente improvisa sua “cama”
diante de um comércio fechado, agradeceu e recusou, mais
de uma vez, a quentinha oferecida, justificando que,
naquele dia, já havia se alimentado e deixava a oferta
para companheiros de ruas próximas ainda com fome;
- rapaz que já havia se tornado conhecido do grupo que
distribuía diariamente naquela região, informou que mais
cedo uma outra equipe já havia feito a distribuição
naquele local e, agradecendo, recusou a quentinha
indicando outros companheiros acomodados na outra
calçada da grande avenida, ainda não atendidos.
Fica claro, portanto, que seja para evitar a hora vazia,
seja para superar as consequências de uma enfermidade
disseminada rapidamente pelo planeta, tudo passa pela
prática da Pedagogia do Amor, que o Mestre Nazareno veio
exemplificar para nós há mais de dois mil anos.
Referências:
[1] Episódios Diários, de Joanna
de Ângelis, por Divaldo Pereira Franco - Ed. LEAL.
[2] Irmãos Unidos, de André Luiz,
por Francisco Cândido Xavier - Ed. GEEM.
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