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por Marcelo Teixeira

 

Meu encontro com Chico Xavier


Em 2 de abril de 2020, o movimento espírita brasileiro comemorou os 110 anos do médium mineiro Chico Xavier. Trata-se de uma figura ímpar na história do Espiritismo no Brasil, visto que muito ajudou a difundir e popularizar a doutrina codificada pelo francês Allan Kardec em meados do século 19.

Chico psicografou mais de 400 obras, ditadas por Espíritos, como Emmanuel (seu mentor), André Luiz, Meimei, Maria Dolores, Irmão X (pseudônimo do escritor Humberto de Campos), Neio Lúcio, entre muitos outros. Há, entre as obras de Emmanuel, duas que me falam profundamente ao coração: os romances “Ave, Cristo!” E “Renúncia”. E entre as obras de André Luiz, tenho um carinho especial por “Entre a Terra e o céu”. Faço questão de ressaltar essas três obras.

Figura profundamente doce e amorosa, Chico Xavier teve uma vida de muitas lutas e sacrifícios. Mas conseguiu levar a termo sua missão, deixando-nos um vasto legado, seja no campo da literatura mediúnica ou no exemplo por ele deixado.

Quero narrar aqui um episódio muito significativo que aconteceu comigo em abril de 2013, pouco depois do encerramento da quarta edição da Praça Florida de Livros – evento espírita anual do qual sou um dos organizadores – e 11 anos depois da desencarnação do cândido Xavier.

Sonhei que eu e meus dois sobrinhos-filhos, Jéssica e Rafael, estávamos chegando à União Municipal Espírita de Petrópolis (Umep), centro do qual faço parte desde 1984. À época, Jéssica tinha 21 anos; Rafael, 14. Estavam, portanto, na mocidade. Cada um em seu respectivo ciclo etário.

Quando entramos, o saguão estava diferente do habitual. Era bem mais amplo. E havia muitas outras portas que conduziam a tantas outras dependências. O que mais chamava atenção, todavia, era o ambiente! Era uma elevação espiritual que cobria nós três de júbilo e leveza.

Lembro que havia, no saguão, um grupo de jovens cantando alegremente e tocando violão. Eles estavam sentados numa espécie de miniarquibancada. Jéssica e Rafael juntaram-se imediatamente a eles. Eu, no entanto, fui atraído por uma porta entreaberta. Melhor dizendo, fui atraído pelo que estava além dela. Abri-a totalmente e pude ver uma grande figura espiritual sentada. Sim, era ele mesmo: Chico Xavier à minha frente!

Entre surpreso e sorridente, adentrei e agachei-me ao lado dele. Tal qual o tempo em que estava encarnado entre nós, o médium mineiro trajava um simples terno e os habituais óculos escuros. Mas estava remoçado e sem a peruca, embora o início da calvície fosse evidente. A postura, todavia, era ereta. Ele irradiava uma energia que fazia o ambiente transbordar de vibrações elevadas. Daí a alegria incontida que tomava conta da psicosfera.

Lembro que sorri de contentamento e lhe disse que ele era mais alto do que eu imaginava, embora ele estivesse sentado. Ele nada falou; apenas olhou para mim, balançou levemente a cabeça por ter achado graça do meu comentário e sorriu. Um sorriso que valeu por muitas palavras. A seu lado, uma moça, de pé, segurava pastas de trabalho. Entendi que teria início uma reunião e saí da sala. Juntei-me ao grupo de jovens e aos meus sobrinhos, que cantavam alegremente.

Olhei pela última vez para a sala onde estava Chico e avistei, sentados à volta de uma mesa, quatro grandes trabalhadores da Umep: Izaura, Humberto, Ilza e Rogério. Aí, a porta se fechou. A reunião iria começar. Pensei com meus botões: – Ih, é briga de cachorro grande! Então, comecei a cantar com os jovens, já que meu marco inicial de movimento espírita é a mocidade. Momentos depois, acordei feliz para não esquecer o memorável encontro, que guardarei para sempre nos arquivos da alma!



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita