Matutando o passe em período de
quarentena
Existem inúmeras práticas “doutrinárias” não compatíveis
com a sã Doutrina Espírita que urge sejam arguídas à
exaustão, nas bases da compostura cristã, sem nenhuma
pecha de intolerância, obviamente. Até porque a
verdadeira prática Espírita é a expressão da moral
cristã, consubstanciada no Evangelho do Cristo.
O passe, por exemplo, não é cabível e/ou oportuno o tal
passe "virtual". Podemos orar e dirigir energias
amorosas para o próximo e até envolvê-lo a distância
através dos pensamentos bondosos, repletos de energias
magnéticas elevadas, contudo, não é recomendável nas
casas espíritas bem orientadas o tal passe “virtual”.
O bom emprego do passe não admite qualquer expediente
espetaculoso. As encenações preparatórias – “mãos
erguidas ao alto e abertas, para suposta captação de
fluidos pelo passista, mãos abertas sobre os joelhos,
pelo paciente, para melhor assimilação fluídica, braços
e pernas descruzados para não impedir a livre passagem
dos fluidos, e assim por diante – só servem para
ridicularizar o passe, o passista e o paciente.
A formação das chamadas “correntes” mediúnicas, com o
ajuntamento de médiuns em torno do paciente, “as
‘correntes’ de mãos dadas ou de dedos se tocando sobre a
mesa – condenadas por Kardec – nada mais são do que
resíduos do mesmerismo do século XIX; inúteis,
supersticiosos e ridicularizantes”. (1)
O passe deverá sempre ser ministrado de modo silencioso,
com naturalidade. Os espíritas não são proibidos de
nada, todavia, práticas alucinadas são inaceitáveis. A
propósito do legítimo passe, “assim como a transfusão de
sangue, representa uma renovação das forças físicas; o
passe é uma transfusão de energias psíquicas, com a
diferença de que os recursos orgânicos (físicos) são
retirados de um reservatório limitado, e os elementos
psíquicos o são do reservatório ilimitado das forças
espirituais” – Explica o Espírito Emmanuel. (2)
Recordemos que Jesus utilizou o passe "impondo as mãos"
sobre os enfermos e os perturbados espiritualmente para
beneficiá-los. E ensinou essa prática aos seus
discípulos e apóstolos, que também a empregaram
largamente. Entretanto, é nas hostes espíritas que o
passe é melhor compreendido, mais largamente difundido e
utilizado.
O Evangelista Mateus numa das suas narrativas assegura
que "Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe dizendo: Quero,
fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo de sua
lepra". (3) Mas o que é efetivamente o passe? “É uma
transfusão de energias, capaz de alterar o campo
celular.” (4) No Pentateuco mosaico localizamos o
seguinte evento: "Josué, filho de Num, estava cheio do
espírito de sabedoria, porquanto Moisés havia posto
sobre ele suas mãos: assim os filhos de Israel lhe deram
ouvidos, e fizeram como o Senhor ordenara a Moisés”. (5)
Na verdade, "é muito comum a faculdade de curar pela
influência fluídica e pode desenvolver-se por meio do
exercício”. (6) Mas cabe esclarecer que o passe e
imposição de mãos não são a mesma coisa. Tem-se a
imposição de mãos como apenas um método, mas,
naturalmente, uma pessoa desprovida dos braços pode
fornecer um passe pela força do desejo e pelo auxílio
dos Espíritos. O fluxo magnético se sustenta e se
arremessa à custa da vontade tanto do passista quanto de
seres desencarnados que o acodem na conciliação dos
fluidos.
O evangelista Marcos descreve sobre um dos chefes da
sinagoga, “chamado Jairo, que logo após avistar Jesus,
lançou-se-lhe aos pés. E lhe rogava com instância,
dizendo: Minha filhinha está nas últimas; rogo-te que
venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva”. (7)
Na obra Mecanismos da Mediunidade, André Luiz explana
que “o passe, como gênero de auxílio, invariavelmente
aplicado sem qualquer contraindicação, é sempre valioso
no tratamento devido aos enfermos de toda classe”. (8)
Referência bibliográfica:
(1) PIRES, José Herculano. Artigo “O
Passe” disponível em <clique
aqui> acessado em 07/11/2011.
(2) XAVIER, Francisco Cândido. O
Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de
janeiro: Ed FEB, 2000, perg. 98.
(3) Mateus 8: 3.
(4) XAVIER, Francisco Cândido. Nos
Domínios da Mediunidade, ditado pelo Espírito André
Luiz, Rio de janeiro: Ed FEB, 2004, Cap. XVII.
(5) Deuteronômio 34: 9 -12.
(6) KARDEC Allan. A Gênese, RJ: Ed
FEB, 2004, Cap. XIV, item 34.
(7) Marcos 5: 21 - 23.
(8) XAVIER, Francisco Cândido. Nos
Domínios da Mediunidade, ditado pelo Espírito André
Luiz, Rio de janeiro: Ed FEB, 2004, Cap. XI.
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