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por José Lucas

 

Deus castiga?


A doutrina (conjunto de ideias) dos Espíritos (Espiritismo ou Doutrina Espírita) é baseada em fatos espirituais, de onde se extraiu uma filosofia de vida espiritualista, assente na ética e na moral de Jesus de Nazaré. Tem, como princípios básicos, a existência de Deus, a imortalidade do Espírito, a comunicabilidade dos Espíritos, a reencarnação e a pluralidade dos mundos habitados.

Com o advento da pandemia COVID-19, muitas interpretações se fazem acerca deste fenômeno global. Cada um interpreta de acordo com as suas ideias, convicções filosóficas, científicas, espirituais, religiosas.

Se por um lado muitos não cogitam sequer da existência de Deus, outros são categoricamente contra a sua existência, sem que consigam demonstrar essa convicção.

Para os crentes das religiões tradicionais, há a tendência em remontar ao Deus-castigador de Moisés, punindo quando o Homem se porta mal, sendo que, muito depois, Jesus de Nazaré apresentou-nos um Deus – Amor.

Em 1857, a Doutrina Espírita (ciência de observação, filosofia, moral), utilizando o método científico, demonstrou a imortalidade e a comunicabilidade dos Espíritos, a reencarnação e consequentemente a existência de Deus. Está por provar, cientificamente, a pluralidade dos mundos habitados, o que até na comunidade científica céptica é uma evidência, uma questão de tempo, até se encontrar vida inteligente noutros planetas.

Para a Doutrina espírita, Deus não é um ser como nós, um velhinho de barbas (antropomorfismo), mas sim “a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”, na definição dos Espíritos superiores.

Uns chamam-no Deus, outros Alá, Energia Cósmica, Luz Divina etc., isso pouco importa. O que é determinante é que pela obra se vê o autor.

Olhando para o Universo, encontramos uma obra perfeita, com forças de atração e repulsão milimétricas, ajustadas. Este efeito teve uma causa. Sendo o efeito inteligente, a causa tem de ser inteligente. Não sendo obra do Homem, adotou-se, por uma questão de necessidade de identificação, apelidar essa causa inteligente de Deus. Só se concebe a existência de um Deus perfeito, caso contrário, teríamos de admitir a possibilidade de outro Deus, acima deste, ainda mais perfeito.

Sendo Deus perfeito, a sua obra terá de ser perfeita, bem como as leis que regem essa mesma obra. A essa força de perfeição chamamos Amor, a energia que equilibra todo o Universo e tudo o que nele existe. Nos imensos planetas, esse Amor é captado de acordo com a sensibilidade, conhecimento e evolução dos seres inteligentes que aí habitarem. Em planetas superiores à Terra, do ponto de vista intelectual e moral, o conceito de Amor será muito mais íntimo, espiritual, sutil, se compararmos com o conceito de Amor – posse, por exemplo, que vige na Terra.

 

O Espírito colhe sempre o que semeou nesta e/ou noutras

vidas passadas, sob a forma de mola impulsionadora,

positiva, para um futuro melhor

 

Assim, sendo Deus a inteligência suprema, criadora do Universo, sendo o Amor a força que o mantém e alimenta o mesmo Universo, Deus jamais poderia castigar quem quer que fosse, tal como, na Terra, um pai compreende que o filho que anda no 1º ano escolar não tem capacidade de executar complexas equações matemáticas. Estúpido seria castigar o pequenote, na sua escala evolutiva, que leva tempo.

Se lermos “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec, vamos encontrar preciosa informação acerca dos problemas do quotidiano, nomeadamente as catástrofes, mortes coletivas, pragas, epidemias etc. Tais situações enquadram-se dentro da Lei de Causalidade (Causa e Efeito), onde o Homem, semeando a ganância, ódio, orgulho, egoísmo, gera campos energéticos na Sociedade que vão gerar consequências similares (guerras, epidemias, doenças etc.).

Esta pandemia, do COVID-19, enquadra-se dentro desse quadro, onde a ganância, o egoísmo, a ambição desenfreada pelo dinheiro e pela posse efêmera levaram a Humanidade a descurar as questões ambientais de segurança sanitária, de honestidade naquilo que vende ou faz, a postura ética perante a vida, a livre aquisição de valores morais, resgatando a honra, a garantia da palavra, a atitude honesta, o “fazer ao próximo o que desejaríamos que nos fizessem” (Jesus de Nazaré).

Deus não castiga. As leis do Universo são perfeitas, só que, quando nós, seres inteligentes, violamos as leis do equilíbrio universal, como consequência, o universo traz uma reação oposta com vistas ao seu reequilíbrio. Na medida em que formos aprendendo com os erros e acertos, e nos aperfeiçoando intelectual e moralmente, ao longo das vidas sucessivas (reencarnações), iremos criando, adiante, condições para vivermos melhor, em paz, partilhando e colaborando em vez da feroz competição, entreajudando-nos quer entre pessoas como entre países, na certeza de que o Bem de uns será sempre o Bem de todos.

A semeadura é livre mas a colheita é obrigatória, ensinou Jesus de Nazaré – que na ótica espírita não é Deus, mas, sim, um ser como nós, que terá começado a sua evolução muito antes, noutros orbes. “Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a Lei.

 

Bibliografia:

- Curso Básico de Espiritismo - www.adep.pt.

- "O Livro dos Espíritos", Allan Kardec.



 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita