Deus
castiga?
A doutrina (conjunto de ideias) dos Espíritos
(Espiritismo ou Doutrina Espírita) é baseada em fatos
espirituais, de onde se extraiu uma filosofia de vida
espiritualista, assente na ética e na moral de Jesus de
Nazaré. Tem, como princípios básicos, a existência de
Deus, a imortalidade do Espírito, a comunicabilidade dos
Espíritos, a reencarnação e a pluralidade dos mundos
habitados.
Com o advento da pandemia COVID-19, muitas
interpretações se fazem acerca deste fenômeno global.
Cada um interpreta de acordo com as suas ideias,
convicções filosóficas, científicas, espirituais,
religiosas.
Se por um lado muitos não cogitam sequer da existência
de Deus, outros são categoricamente contra a sua
existência, sem que consigam demonstrar essa convicção.
Para os crentes das religiões tradicionais, há a
tendência em remontar ao Deus-castigador de Moisés,
punindo quando o Homem se porta mal, sendo que, muito
depois, Jesus de Nazaré apresentou-nos um Deus – Amor.
Em 1857, a Doutrina Espírita (ciência de observação,
filosofia, moral), utilizando o método científico,
demonstrou a imortalidade e a comunicabilidade dos
Espíritos, a reencarnação e consequentemente a
existência de Deus. Está por provar, cientificamente, a
pluralidade dos mundos habitados, o que até na
comunidade científica céptica é uma evidência, uma
questão de tempo, até se encontrar vida inteligente
noutros planetas.
Para a Doutrina espírita, Deus não é um ser como nós, um
velhinho de barbas (antropomorfismo), mas sim “a
inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”,
na definição dos Espíritos superiores.
Uns chamam-no Deus, outros Alá, Energia Cósmica, Luz
Divina etc., isso pouco importa. O que é determinante é
que pela obra se vê o autor.
Olhando para o Universo, encontramos uma obra perfeita,
com forças de atração e repulsão milimétricas,
ajustadas. Este efeito teve uma causa. Sendo o efeito
inteligente, a causa tem de ser inteligente. Não sendo
obra do Homem, adotou-se, por uma questão de necessidade
de identificação, apelidar essa causa inteligente de
Deus. Só se concebe a existência de um Deus perfeito,
caso contrário, teríamos de admitir a possibilidade de
outro Deus, acima deste, ainda mais perfeito.
Sendo Deus perfeito, a sua obra terá de ser perfeita,
bem como as leis que regem essa mesma obra. A essa força
de perfeição chamamos Amor, a energia que equilibra todo
o Universo e tudo o que nele existe. Nos imensos
planetas, esse Amor é captado de acordo com a
sensibilidade, conhecimento e evolução dos seres
inteligentes que aí habitarem. Em planetas superiores à
Terra, do ponto de vista intelectual e moral, o conceito
de Amor será muito mais íntimo, espiritual, sutil, se
compararmos com o conceito de Amor – posse, por exemplo,
que vige na Terra.
O Espírito colhe sempre o que semeou nesta e/ou noutras
vidas passadas, sob a forma de mola impulsionadora,
positiva, para um futuro melhor
Assim, sendo Deus a inteligência suprema, criadora do
Universo, sendo o Amor a força que o mantém e alimenta o
mesmo Universo, Deus jamais poderia castigar quem quer
que fosse, tal como, na Terra, um pai compreende que o
filho que anda no 1º ano escolar não tem capacidade de
executar complexas equações matemáticas. Estúpido seria
castigar o pequenote, na sua escala evolutiva, que leva
tempo.
Se lermos “O Livro dos Espíritos” de Allan
Kardec, vamos encontrar preciosa informação acerca dos
problemas do quotidiano, nomeadamente as catástrofes,
mortes coletivas, pragas, epidemias etc. Tais situações
enquadram-se dentro da Lei de Causalidade (Causa e
Efeito), onde o Homem, semeando a ganância, ódio,
orgulho, egoísmo, gera campos energéticos na Sociedade
que vão gerar consequências similares (guerras,
epidemias, doenças etc.).
Esta pandemia, do COVID-19, enquadra-se dentro desse
quadro, onde a ganância, o egoísmo, a ambição
desenfreada pelo dinheiro e pela posse efêmera levaram a
Humanidade a descurar as questões ambientais de
segurança sanitária, de honestidade naquilo que vende ou
faz, a postura ética perante a vida, a livre aquisição
de valores morais, resgatando a honra, a garantia da
palavra, a atitude honesta, o “fazer ao próximo o que
desejaríamos que nos fizessem” (Jesus de Nazaré).
Deus não castiga. As leis do Universo são perfeitas, só
que, quando nós, seres inteligentes, violamos as leis do
equilíbrio universal, como consequência, o universo traz
uma reação oposta com vistas ao seu reequilíbrio. Na
medida em que formos aprendendo com os erros e acertos,
e nos aperfeiçoando intelectual e moralmente, ao longo
das vidas sucessivas (reencarnações), iremos criando,
adiante, condições para vivermos melhor, em paz,
partilhando e colaborando em vez da feroz competição,
entreajudando-nos quer entre pessoas como entre países,
na certeza de que o Bem de uns será sempre o Bem de
todos.
A semeadura é livre mas a colheita é obrigatória,
ensinou Jesus de Nazaré – que na ótica espírita não é
Deus, mas, sim, um ser como nós, que terá começado a sua
evolução muito antes, noutros orbes. “Nascer, morrer,
renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a Lei.”
Bibliografia:
- Curso Básico de Espiritismo - www.adep.pt.
- "O Livro dos Espíritos", Allan Kardec.