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por Cláudio Bueno da Silva

 

Amor e dor não são sentimentos antagônicos


Afirma-se que o amor promove mudanças. Nada mais verdadeiro. Esse sentimento que nutrimos, ainda mesclado de impurezas, é capaz de ativar transformações muito positivas, e a nossa atuação motivada por ele, contagia o meio. Acredito nisso.

Mas há outro agente de mudanças, talvez mais eficaz para o estágio evolutivo em que se encontra a humanidade: é a dor. Costumamos achar que um se opõe ao outro, baseados nas definições de cada um com que fomos educados. Quantos de nós já não dissemos: “Se não aprender por amor, aprenderá pela dor”? Mas pode-se afirmar que se amor e dor não são sinônimos, também não expressam sentimentos antagônicos, principalmente para os Espíritos superiores.

São processos que acompanham o homem no seu trabalho individual de crescimento. A dor à frente, o amor em seguida. A dor preparando o terreno e a semente, o amor germinando e produzindo.

Léon Denis, em O problema do ser, do destino e da dor, nos ajuda a refletir: “Tudo o que vive neste mundo, natureza, animal, homem, sofre e, todavia, o amor é a lei do Universo e por amor foi que Deus formou os seres”. Parece contraditório? Não, segundo o pensamento espírita que considera “a dor como lei de equilíbrio e educação” ¹.

Em Depois da morte, o mesmo Léon Denis afirma: “A dor, sob suas múltiplas formas, é o remédio supremo para as imperfeições, para as enfermidades da alma”. Em seguida, Denis parece confirmar o que dissemos acima, ou seja, que o sofrimento se antecipa na vida do Espírito como veículo de depuração, despertando nele o desenvolvimento do amor: “A adversidade é uma grande escola, um campo fértil em transformações. Sob seu influxo, as paixões más convertem-se pouco a pouco em paixões generosas, em amor do bem” ².

Esse contraponto entre amor e dor também é feito pelo Espírito Victor Hugo em 1906, através da extraordinária mediunidade psicográfica do português Fernando de Lacerda: “O ser humano é presa eterna das mais rudes contradições” – dita Victor Hugo. “Quando mais ama é quando mais sofre, quando mais sofre é quando é mais feliz; quando é mais feliz é quando mais se prepara para se entregar à dor” ³.

Léon Denis concorda com ele: “Amar é sentir-se viver em todos e por todos, é consagrar-se ao sacrifício, até à morte, em benefício de uma causa ou de um ser”.

Nessa altura, é inevitável lembrar os grandes Espíritos que sofreram pela humanidade e, em especial, o maior deles, o Cristo. Seria difícil avaliar neles o que era dor, o que era amor.

 

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1 Léon Denis, O problema do ser, do destino e da dor, caps. XXV e XXVI, FEB 1979.

2 Léon Denis, Depois da morte, capítulos XLIX e L, FEB, 1978.

3 Fernando de Lacerda, Do país da luz, volume 1, cap. XXII, Victor Hugo, Espírito. FEB 2003.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita