A pandemia enseja mais união e menos
conspiração ideológica
Existem aqueles que vociferam que há histeria em torno
da Covid-19. Há estudiosos que atestam que o SARS-CoV-2
se originou através de processos naturais. Os vírus não
são organismos vivos, portanto, não se pode matá-los com
antibióticos, apenas se pode desintegrar sua estrutura
com os diversos métodos higiênicos.
O SARS-CoV-2 se expande com muita rapidez entre os
humanos, por isso o isolamento social tem sido a solução
admissível.
Apesar de a longa quarentena ocasionar múltiplos efeitos
colaterais, com agravos na economia e nos recursos
financeiros para países, empresas e pessoas, até agora,
esta é a principal medida exequível adotada por quase
todos os países do planeta.
Obviamente, as estratégias de confinamento não afiançam
que a pandemia não ocorra em algum lugar, porém,
desacelera seu processo de expansão, ocasionando uma
incidência menos drástica e mais gradual, permitindo que
as instituições de saúde garantam o atendimento médico.
Para o psicólogo e sociólogo Jocelyn Raude, especialista
em doenças infecciosas emergentes, e professor da Escola
de Altos Estudos de Saúde Pública de Rennes, na França,
o individualismo e o "otimismo irrealista" em relação
aos riscos de contágio dificultaram o confinamento
social para a prevenção ao coronavírus em países
ocidentais. Em verdade, por displicência, tanto na
Europa quanto nos EUA, onde as sociedades são bastante
individualistas, foram causados devastadores efeitos
diante da Covid-19. Em países da Ásia, o bem-estar
coletivo é mais importante do que o comportamento
individual. Por exemplo, o uso de máscaras é habitual
para proteger os outros quando alguém está contaminado.
Isso é algo pouco frequente no Ocidente, enquanto na
Ásia é praticamente corriqueiro.
No Brasil, algumas vezes ocorreram as displicências das
doenças emergentes, decorrentes das diferentes epidemias
dos últimos anos. Atualmente, já bastante afetado pelo
novo coronavírus, o comportamento dos brasileiros está
mudando ante o crescente número de contaminações e
óbitos no país.
Para nós, espíritas, o fato de não se temer a morte não
significa que não damos valor à vida física, tanto que
Kardec, na RE de 1865, cita categoricamente que devemos
seguir as medidas sanitárias, ou seja, o espírita segue
as diretrizes e as normas das autoridades públicas,
visando prolongar a vida, não por apego, mas por desejo
de progredir e ponto!
É mais do que óbvio que o conhecimento espírita propicia
uma força moral capaz de nos preservar de muitas
doenças, porquanto essa força moral repercute no corpo
físico, inclusive no sistema imunológico. Há diversos
estudos que correlacionam o binômio fé/saúde, que não se
limita, é claro, apenas na crença espírita.
Urge aqui refletir na questão solidária em que o
bem-estar coletivo é mais importante do que o
comportamento individual. A solidarização é o
“sentimento de identificação com os problemas de outrem,
o que leva as pessoas a se ajudarem mutuamente” (1).
Mas, ainda vivemos num ambiente social de ilusões, de
sonhos frustrados, de mentes cansadas, numa sociedade de
manchas morais, de “mentes vazias” e atoladas nas
futilidades modernas, isoladas nas teias do “ego”
glacial. Vivemos completamente mergulhados na vida
egocêntrica.
A pandemia que hoje aflige a Humanidade é resultante do
orgulho, do egoísmo e da ausência de solidariedade. A
eterna preocupação com o próprio bem-estar é a grande
fonte geradora de doenças, delírios e paixões
desajustantes.
O Espiritismo ensina aos homens a grande solidariedade
que deve uni-los como irmãos. Deste modo, “quando o
homem praticar a lei de Deus, terá uma ordem social
fundada na justiça e na solidariedade” (2). A
recomendação do Cristo “que vos ameis uns aos outros
como eu vos amei” (3) assegura-nos o regime da
verdadeira solidariedade e garante a confiança e o
entendimento recíproco entre os homens.
Em época de pandemia ou não, a solidariedade na vida
social é como o ar para uma aeronave, pois o avião, com
toda tecnologia, não voa se não tiver o ar.
A prática desse sentimento vivifica e fecunda os germens
que nele existem em estado latente nos corações humanos.
A Terra, local de provação e de exílio, será pacificada
por esse fogo sagrado e verá exercidas, na sua
superfície, a caridade, a humildade, a paciência, o
devotamento, a abnegação, a resignação e o sacrifício,
virtudes todas filhas do amor e da solidariedade.
Referências bibliográficas:
[1] Cf. Dicionário Caldas Aulete.
[2] KARDEC, Allan. O Livro dos
Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2000, pergunta
799.
[3] Jo 15:12.
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