Criança e dislexia
Educação, para a maioria das pessoas, significa tentar
fazer com que a criança pareça o adulto típico de sua
sociedade… Mas para mim, educação significa criar
criadores… Você precisa criar inventores, inovadores,
não conformistas. J.
Piaget
Ler e escrever são atividades dialógicas, de produção
discursiva na linguagem escrita. Mas, enquanto aprendem,
há crianças que manifestam dificuldades comunicativas,
sintomas esses que ficam evidentes, principalmente, no
período da alfabetização – como a dislexia, que é uma
perturbação da aprendizagem.
Mas o que é dislexia?
Transtorno de aprendizado, a dislexia é caracterizada
por uma dificuldade no reconhecimento preciso e/ou
fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em
soletração. Há inversões (sapato/satapo), supressões
(branco/banco), espelho (som/mos), repetição (bananana),
sons semelhantes são confundidos (T/D) etc.
Congênita e hereditária, a dislexia não é doença. Seus
sintomas podem ser identificados logo no contexto da
pré-escola. De outro lado, mesmo que a criança ainda não
frequente a escola, em caso de desconfiança, os pais
podem recorrer a um fonoaudiólogo ou a um psicopedagogo,
que orientará o tratamento (mais) adequado para a
criança.
De início a criança com dislexia poderá sentir-se
ansiosa e inferior aos colegas de classe. A participação
da família será essencial para apoiá-la e ajudá-la a
prosseguir com sua rotina e seu desenvolvimento seguro e
tranquilo. O mais importante: não subestimar a criança
ou reduzir suas expectativas. Permitir, portanto, que
suas habilidades a definam como pessoa, e não suas
dificuldades, cientes os pais de que a dislexia não está
associada à inteligência.
No trato com o filho, é interessante os pais recordarem
que superproteção é tão nociva quanto o abandono ou a
indiferença. As crianças com dislexia são muito capazes
e devem assumir responsabilidades. Incentivar a
curiosidade e os interesses especiais que a criança
possa ter – desenhar, tocar um instrumento musical,
cozinhar etc. – contribui de forma positiva para o seu
desenvolvimento, sendo também uma fonte significativa de
inspiração e felicidade.
Os pais que têm um filho com dislexia precisam estar bem
informados, liberando-se de mitos que até hoje estão
associados à dislexia (por exemplo, o mito de que as
dificuldades de aprendizagem estão correlacionadas com o
QI etc.) e que causam uma compreensão equivocada acerca
desse distúrbio de aprendizagem.
O fato é: cada ser humano é único e possui uma maneira
singular e intrincada de observar e interagir com o
mundo. Ambos os rótulos de ‘gênio’ ou de ‘incapaz de
aprender’ são nocivos ao desenvolvimento de uma criança,
disléxica ou não, e acabam por comprometer sua autonomia
futura…
Notinhas
Cf. Associação Brasileira de Dislexia (dislexia.org.br).
Cf. Topczewski, A. Dislexia: como lidar. SP: Ed.
All Print, 2012.
Dislexia é
palavra formada por “dis” (distúrbio) e “lexia” (do
latim, leitura; do grego, linguagem) e se define como um
transtorno genético e hereditário da linguagem, de
origem neurobiológica, que se caracteriza pela
dificuldade de decodificar o estímulo escrito ou o
símbolo gráfico. A dislexia compromete a capacidade de
aprender a ler e escrever com correção e fluência e de
compreender um texto. Em diferentes graus, os portadores
desse defeito congênito não conseguem estabelecer a
memória fonêmica, ou seja, associar os fonemas às
letras. Segundo a Associação Brasileira de Dislexia, o
transtorno acomete de 0,5% a 17% da população mundial,
pode manifestar-se em pessoas com inteligência normal ou
mesmo superior e persistir na vida adulta.
O tratamento da dislexia exige a participação de
especialistas em várias áreas (pedagogia, fonoaudiologia,
psicologia, etc.) para ajudar o portador de dislexia a
atenuar/superar o comprometimento no mecanismo da
leitura, da expressão escrita ou da matemática.
Saber que a pessoa é portadora de dislexia e as
características do distúrbio é o melhor caminho para
evitar prejuízos no desempenho escolar e social e os
rótulos depreciativos que ferem a autoestima.
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