Isolamento conosco mesmo
e com os inimigos
Descansar é muito bom, à
noite, nos fins de
semana, nos feriados e
férias, mas ficar
descansando na
quarentena sem saber
quando a vida vai voltar
ao normal parece
desolador.
Uma coisa que me
intriga: como pode um
país onde começou a
crise, a China, em três
meses ter estoque na sua
indústria de milhões de
respiradores
artificiais, testes de
diagnósticos para a
doença e outros kits
estocados para fornecer
ao mundo?
Os Estados Unidos até
atravessaram na frente
de outros países,
enviando aviões
cargueiros para
transportar os produtos
que outros países já
tinham encomendado.
Reclamou-se dessa
atitude não ética do
Trump e mais ainda a de
ter obrigado sua
indústria a parar de
fornecer matéria-prima,
de uso em hospitais,
para contratos
celebrados,
anteriormente, com
países estrangeiros.
Mas voltemos ao nosso
Brasil: segundo dados
da Folha de S. Paulo,
“comparando-se março de
2019 com março de 2020,
quando alguns Estados já
tinham decretado
quarentena, houve
redução nos registros de
violência sexual e de
lesão corporal em
decorrência de violência
doméstica na maioria dos
Estados que responderam
ao levantamento”. Uma
coisa muito boa, mas
será que é porque as
pessoas não podem sair
de casa?
Por outro lado, o
“número de mulheres
assassinadas dentro de
casa quase dobrou no
Estado de São Paulo no
período da quarentena,
em virtude da pandemia
do novo coronavírus, em
comparação com os mesmos
dias no ano passado. De
24 de março — data em
que passou a valer o
fechamento de comércios,
bares e restaurantes no
Estado — a 13 de abril,
16 mulheres foram
assassinadas dentro de
casa. No mesmo período
de 2019, foram 9,
segundo análise feita
pela reportagem dos
boletins de ocorrência
registrados no Estado”.
Uma coisa muito triste,
o despreparo para a vida
de relacionamento e a
força e a violência
dominando as mentes. O
inimigo morando em casa.
Isso tudo vai passar. É
uma crise geral e
mundial que já começa a
dar sinais de
recuperação em alguns
países, e em outros
ainda pode crescer, como
no Brasil, devido ao
nosso clima. Pode
demorar mais tempo do
que nós esperávamos para
reativar o comércio e a
economia.
Mas toda luta termina.
Muitos progrediram na
crise, e há aqueles que
continuaram prósperos;
outros, mais ou menos;
alguns podem ir à
bancarrota comercial e
financeira; e outros
poderão deixar esse
pavilhão (que chamamos
Terra) e passar para o
pavilhão de cima, a vida
espiritual.
É preciso entender que a
Covid-19 não é um
castigo ou uma punição
divina, é apenas mais
uma prova como tantas
outras que já superamos.
O mal não está fora de
nós, ele anda entranhado
em nosso ser.
A única forma de
combater o mal que
existe dentro de nós é
iniciar o propósito do
bem, conforme Jesus nos
ensinou: tolerância,
perdão, amor ao próximo
e fraternidade
incondicional.
Da mesma forma que
afastamos ratos e moscas
mantendo a higiene e a
limpeza em torno de
nossa casa, e atraímos
beija-flores e
borboletas plantando e
cultivando flores em
nosso jardim,
mentalizemos em nosso
benefício a serenidade,
a fé, a esperança, a
alegria e a gratidão
pela dor ou pela saúde,
o que nos levará a
ganhar humildade e
sabedoria.
Arnaldo
Divo Rodrigues de
Camargo é editor da EME
Editora.