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por Gebaldo José de Sousa

 

É tempo de amar e de agradecer pela vida


“Um vírus microscópico revela quanto somos pequeninos!” - 
Anônimo


Ainda não amamos verdadeiramente. E a percepção do Amor é diferente para cada um de nós, habitantes de mundo de expiações e provas.

A reencarnação nos favorece a convivência com pessoas de variadas condições evolutivas, permitindo-nos aprender com os mais evoluídos que nós e auxiliar os retardatários, ainda inferiores a nós – que assim se encontram por falta, ora do estudo, de interesse ou de oportunidades; ora por limitações de ordens diversas. Deus ajuda as criaturas através das criaturas. Daí o dever do auxílio recíproco.

Nem amamos a nós mesmos, eis que não nos conhecemos, e trazemos a mente em desequilíbrio; alimentamo-nos e respiramos de formas incorretas; cultivamos incontáveis vícios – físicos e/ou mentais! Há, pois, muito o que aprender.

E estas questões não se devem apenas à pobreza material: os suicídios nos dão notícias dolorosas da angústia que atinge jovens e adultos, em todo o mundo, especialmente nas sociedades mais ricas economicamente. Prósperos quanto aos bens materiais, mas paupérrimos espiritualmente. Materialistas, não creem na sobrevivência do Espírito e dão ênfase ao ‘vencer na vida’ a qualquer custo.

Cada um se revela nos mínimos gestos ou palavras; estes, por cultivarem o egoísmo; aqueles, pelos dotes da fraternidade espontânea, que já conquistaram.

Isso é fato de todos os tempos, mas em ocasiões como as que ora vivenciamos na Terra, a situação se aclara, pelos destaques que oferece em toda parte. A intolerância se revela em variados momentos e lugares. Veja-se as agressões no trânsito, a ocasionar tragédias. A indiferença com a dor do semelhante!

Os modernos meios de comunicação divulgam e detalham esses dramas dolorosos de nossas cidades, várias vezes, à exaustão.

A dor que hoje invade os corações em todas as latitudes deste orbe dá-nos oportunidade rara para o aprendizado ou desenvolvimento da mais preciosa das virtudes, que é amar! Mais que nunca é indispensável aprender a amar, além de exercitá-lo vida afora!

A Imprensa – nas variadas expressões –, tradicionalmente focada nos escândalos e crimes, ora divide suas notícias entre a pandemia do covid-19, em curso em toda a Terra, e às manifestações de solidariedade, de esforços que se desenvolvem em todas as pátrias, amenizando dores dos que sofrem carências de toda ordem – até de afeto!

Não obstante o pouco tempo observado, a diminuição de atividades e do fluxo de veículos permite à natureza renovar-se. O ar e as fontes de água, em certas regiões, estão menos poluídos; animais em zoológicos menos estressados e até procriam!

Lições preciosas que ficarão para nós, ‘civilizados’.

 

*

 

Dentre inúmeros depoimentos comoventes de que se tem notícia, veja-se o daquele italiano nonagenário, ao chorar quando lhe apresentaram a conta pelo uso do respirador que lhe salvou a vida.

Quando imaginaram que chorava pelo desembolso de boa quantia em euros, ele levou os médicos às lágrimas, ao revelar que seu pranto se devia ao fato de haver respirado por toda sua longa vida, pelas bênçãos de Deus, sem nunca ter agradecido por isso! E lhes indaga qual seria sua dívida para com o Criador?! Por isso, o apóstolo Paulo nos diz:

“Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”. 1 Ts 5:18.

O pensamento de muitos é renovado pelo estímulo ao exercício do amor ao próximo, o cultivo da oração – tão esquecida no corre-corre dos tempos ‘modernos’ –, à meditação, à leitura de bons livros, à audiência da boa música, à convivência da família etc.

E nos lembra a importância do afeto, que se revela nos abraços, nos sorrisos, nos gestos de carinho! Quanto são preciosos, e quanta falta ora nos fazem!

Integramos a Família Universal e nossa evolução apenas se dará quando bem compreendermos essa verdade, trabalhando para eliminar as barreiras que ora nos separam: a pobreza, a fome, os preconceitos, o abandono, a vida em ambientes insalubres.

 

*


Flagelos destruidores:

‘Com que fim Deus fere a Humanidade por meio de flagelos destruidores?’

“Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos que a destruição é necessária para a regeneração moral dos Espíritos, (...)?

(...) para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos.  LE, Q. 737. (1)

‘(...) Deus não poderia empregar outros meios além dos flagelos destruidores?’

“Sim, e diariamente os emprega, pois deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. É o homem que não se aproveita desses meios. É preciso, pois, que seja castigado no seu orgulho e sinta a própria fraqueza.” LE, Q. 738. (2)

‘Para o homem, os flagelos não seriam também provações morais, ao fazerem com que ele se defronte com as mais aflitivas necessidades?’

“Os flagelos são provas que dão ao homem a oportunidade de exercitar a sua inteligência, de demonstrar paciência e resignação ante a vontade de Deus, permitindo-lhe manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, caso o egoísmo não o domine.” LE, Q. 740. (3)

Civilização completa:

“A civilização, como todas as coisas, apresenta gradações. Uma civilização incompleta é um estado transitório, que gera males especiais, desconhecidos do homem no estado primitivo; mas nem por isso deixa de constituir um progresso natural, necessário, que traz consigo o remédio para o mal que causa.

À medida que a civilização se aperfeiçoa, faz cessar alguns dos males que gerou, e esses males desaparecerão com o progresso moral.

De dois povos que tenham chegado ao mais alto grau da escala social, somente pode considerar-se o mais civilizado, na verdadeira acepção do termo, aquele onde exista menos egoísmo, menos cobiça e menos orgulho; onde os hábitos sejam mais intelectuais e morais do que materiais; onde a inteligência possa desenvolver-se com maior liberdade; onde haja mais bondade, boa-fé, benevolência e generosidade recíprocas; onde os preconceitos de casta e de nascimento sejam menos arraigados, porque tais preconceitos são incompatíveis com o verdadeiro amor do próximo; onde as leis não consagrem nenhum privilégio e sejam as mesmas para todos, tanto para o último, como para o primeiro; onde a justiça se exerça com menos parcialidade; onde o fraco encontre sempre amparo contra o forte; onde a vida do homem, suas crenças e opiniões sejam mais bem respeitadas; onde haja menos infelizes; enfim, onde todo homem de boa vontade esteja certo de não lhe faltar o necessário”. – Comentário de Allan Kardec, à Q. 793, de “O Livro dos Espíritos”. (4)

Sem a pretensão de exauri-las, listamos acima algumas transformações necessárias à sociedade atual, para que se torne uma civilização completa!

E concluímos dolorosamente quanto nos cabe trabalhar, por alcançá-la! (Grifos nossos.)

 

Referência:

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. impr. Rio de Janeiro: FEB, 2011, q. 737, p. 456.

2. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. impr. Rio de Janeiro: FEB, 2011, q. 738, p. 457.

3. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. impr. Rio de Janeiro: FEB, 2011, q. 740, p. 458.

4. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. impr. Rio de Janeiro: FEB, 2011, q. 793, p. 484/5.

 
 
 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita