É tempo de amar e de agradecer pela vida
“Um vírus microscópico revela quanto somos pequeninos!”
- Anônimo
Ainda não amamos verdadeiramente. E a percepção do Amor
é diferente para cada um de nós, habitantes de mundo de
expiações e provas.
A reencarnação nos favorece a convivência com pessoas de
variadas condições evolutivas, permitindo-nos aprender
com os mais evoluídos que nós e auxiliar os
retardatários, ainda inferiores a nós – que assim se
encontram por falta, ora do estudo, de interesse ou de
oportunidades; ora por limitações de ordens diversas.
Deus ajuda as criaturas através das criaturas. Daí o
dever do auxílio recíproco.
Nem amamos a nós mesmos, eis que não nos conhecemos, e
trazemos a mente em desequilíbrio; alimentamo-nos e
respiramos de formas incorretas; cultivamos incontáveis
vícios – físicos e/ou mentais! Há, pois, muito o que
aprender.
E estas questões não se devem apenas à pobreza material:
os suicídios nos dão notícias dolorosas da angústia que
atinge jovens e adultos, em todo o mundo, especialmente
nas sociedades mais ricas economicamente. Prósperos
quanto aos bens materiais, mas paupérrimos
espiritualmente. Materialistas, não creem na
sobrevivência do Espírito e dão ênfase ao ‘vencer na
vida’ a qualquer custo.
Cada um se revela nos mínimos gestos ou palavras; estes,
por cultivarem o egoísmo; aqueles, pelos dotes da
fraternidade espontânea, que já conquistaram.
Isso é fato de todos os tempos, mas em ocasiões como as
que ora vivenciamos na Terra, a situação se aclara,
pelos destaques que oferece em toda parte. A
intolerância se revela em variados momentos e lugares.
Veja-se as agressões no trânsito, a ocasionar tragédias.
A indiferença com a dor do semelhante!
Os modernos meios de comunicação divulgam e detalham
esses dramas dolorosos de nossas cidades, várias vezes,
à exaustão.
A dor que hoje invade os corações em todas as latitudes
deste orbe dá-nos oportunidade rara para o aprendizado
ou desenvolvimento da mais preciosa das virtudes, que é
amar! Mais que nunca é indispensável aprender a amar,
além de exercitá-lo vida afora!
A Imprensa – nas variadas expressões –, tradicionalmente
focada nos escândalos e crimes, ora divide suas notícias
entre a pandemia do covid-19, em curso em toda a Terra,
e às manifestações de solidariedade, de esforços que se
desenvolvem em todas as pátrias, amenizando dores dos
que sofrem carências de toda ordem – até de afeto!
Não obstante o pouco tempo observado, a diminuição de
atividades e do fluxo de veículos permite à natureza
renovar-se. O ar e as fontes de água, em certas regiões,
estão menos poluídos; animais em zoológicos menos
estressados e até procriam!
Lições preciosas que ficarão para nós, ‘civilizados’.
*
Dentre inúmeros depoimentos comoventes de que se tem
notícia, veja-se o daquele italiano nonagenário, ao
chorar quando lhe apresentaram a conta pelo uso do
respirador que lhe salvou a vida.
Quando imaginaram que chorava pelo desembolso de boa
quantia em euros, ele levou os médicos às lágrimas, ao
revelar que seu pranto se devia ao fato de haver
respirado por toda sua longa vida, pelas bênçãos de
Deus, sem nunca ter agradecido por isso! E lhes indaga
qual seria sua dívida para com o Criador?! Por isso, o
apóstolo Paulo nos diz:
“Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em
Cristo Jesus para convosco”. 1
Ts 5:18.
O pensamento de muitos é renovado pelo estímulo ao
exercício do amor ao próximo, o cultivo da oração – tão
esquecida no corre-corre dos tempos ‘modernos’ –, à
meditação, à leitura de bons livros, à audiência da boa
música, à convivência da família etc.
E nos lembra a importância do afeto, que se revela nos
abraços, nos sorrisos, nos gestos de carinho! Quanto são
preciosos, e quanta falta ora nos fazem!
Integramos a Família Universal e nossa evolução apenas
se dará quando bem compreendermos essa verdade,
trabalhando para eliminar as barreiras que ora nos
separam: a pobreza, a fome, os preconceitos, o abandono,
a vida em ambientes insalubres.
*
Flagelos destruidores:
‘Com que fim Deus fere a Humanidade por meio de flagelos
destruidores?’
“Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos
que a destruição é necessária para a regeneração moral
dos Espíritos, (...)?
(...) para que se realize em alguns anos o que teria
exigido muitos séculos.”
LE, Q. 737. (1)
‘(...) Deus não poderia empregar outros meios além dos
flagelos destruidores?’
“Sim, e diariamente os emprega, pois deu a cada um os
meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. É
o homem que não se aproveita desses meios. É preciso,
pois, que seja castigado no seu orgulho e sinta a
própria fraqueza.” LE,
Q. 738. (2)
‘Para o homem, os flagelos não seriam também provações
morais, ao fazerem com que ele se defronte com as mais
aflitivas necessidades?’
“Os flagelos são provas que dão ao homem a oportunidade
de exercitar a sua inteligência, de demonstrar paciência
e resignação ante a vontade de Deus, permitindo-lhe
manifestar seus sentimentos de abnegação, de
desinteresse e de amor ao próximo, caso o egoísmo não o
domine.” LE,
Q. 740. (3)
Civilização completa:
“A civilização, como todas as coisas, apresenta
gradações. Uma civilização incompleta é um estado
transitório, que gera males especiais, desconhecidos do
homem no estado primitivo; mas nem
por isso deixa de constituir um progresso natural,
necessário, que traz consigo o remédio para o mal que
causa.
À medida que a
civilização se aperfeiçoa, faz cessar alguns dos males
que gerou, e
esses males desaparecerão com o progresso moral.
De dois povos que tenham chegado ao mais alto grau da
escala social, somente pode considerar-se o mais
civilizado, na verdadeira acepção do termo, aquele onde
exista menos egoísmo, menos cobiça e menos orgulho; onde
os hábitos sejam mais intelectuais e morais do que
materiais; onde a inteligência possa desenvolver-se com
maior liberdade; onde haja mais bondade, boa-fé,
benevolência e generosidade recíprocas; onde os
preconceitos de casta e de nascimento sejam menos
arraigados, porque tais preconceitos são incompatíveis
com o verdadeiro amor do próximo; onde as leis não
consagrem nenhum privilégio e sejam as mesmas para
todos, tanto para o último, como para o primeiro; onde a
justiça se exerça com menos parcialidade; onde o fraco
encontre sempre amparo contra o forte; onde a vida do
homem, suas crenças e opiniões sejam mais bem
respeitadas; onde haja menos infelizes; enfim, onde
todo homem de boa vontade esteja certo de não lhe faltar
o necessário”. – Comentário
de Allan Kardec, à Q. 793, de “O Livro dos
Espíritos”. (4)
Sem a pretensão de exauri-las, listamos acima algumas
transformações necessárias à sociedade atual, para que
se torne uma civilização completa!
E concluímos dolorosamente quanto nos cabe trabalhar,
por alcançá-la! (Grifos
nossos.)
Referência:
1. KARDEC,
Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro
Noleto Bezerra. 2. ed. 1. impr. Rio de Janeiro: FEB,
2011, q. 737, p. 456.
2. KARDEC,
Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro
Noleto Bezerra. 2. ed. 1. impr. Rio de Janeiro: FEB,
2011, q. 738, p. 457.
3. KARDEC,
Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro
Noleto Bezerra. 2. ed. 1. impr. Rio de Janeiro: FEB,
2011, q. 740, p. 458.
4. KARDEC,
Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro
Noleto Bezerra. 2. ed. 1. impr. Rio de Janeiro: FEB,
2011, q. 793, p. 484/5.
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