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por José Lucas

 

Quais são os seus valores?


Em pleno século XXI, quando as naves espaciais cruzam o espaço em busca de mais conhecimento científico, quando na Terra se operam maravilhas na área da saúde, basta um simples abalo sísmico para demonstrar como somos, como estamos ao nível dos sentimentos, como estamos pouco evoluídos ao nível moral.

O mesmo Homem que constrói edifícios fascinantes, na primeira oportunidade, tem atitudes primitivas, agressivas, violentas, como se esse fosse o caminho para o êxito.

Quando houve o furacão Katrina, nos EUA, em 2005, que provocou cerca de 1.800 mortos e mais de 1 milhão de deslocados, milhares de pessoas foram recolhidas no Estádio Superdome, em New Orleans. De início, tudo corria bem, as pessoas eram cordiais e ajudavam-se mutuamente. Com o passar do tempo, foi faltando a comida, a água, a luz, e aqueles “civilizados” começaram a matar, a roubar, violar, destruir.


Em 2020, coronavírus, pandemia mundial.


De repente, o mundo parou, como se alguém tivesse carregado no botão “pause” de um filme. Tenta-se a todo o custo carregar de novo no botão “play”.

O mundo inteiro está perplexo, não sabe o que fazer, tinha a sua zona de conforto que, de repente, desapareceu. Ninguém sabe como vai ser amanhã, daqui a um ano. A economia mundial assente no capitalismo selvagem, na ganância, no lucro a qualquer custo, tenta desesperadamente voltar ao normal, perdendo uma oportunidade para se criar um novo modelo econômico, completamente diferente, assente nos valores humanos, ao invés de centrado no deus-dinheiro.

Os conflitos sociais despontam em todo o planeta, onde, em pleno século XXI, existe gente escravizada, vendida por meia dúzia de euros (Líbia), mão-de-obra escrava em Portugal e noutros países, onde patrões oportunistas aproveitam-se dos mais frágeis, exibindo carros topo de gama, à custa da miséria alheia; guerras regionais, entre gangues, entre pessoas com cor de pele diferente, entre populações e forças de segurança; destruição do patrimônio cultural, num momento de aberrante falta de educação e cultura social.

 

“Não existe um caminho para a paz. A paz é o caminho.” - Mohandas Gandhi

 

À gente fraca, geralmente correspondem lideranças fracas, corruptas, oportunistas, e vice-versa. Com o advento da Internet, o outrora escondido, agora, vem à tona, criando revolta e caos social, apanhando na enxurrada do ódio todos aqueles que não tenham cultivado valores ético-morais e espirituais, como base existencial.

Nestes momentos de turbulência social, não nos podemos omitir perante a ameaça ao patrimônio cultural adquirido (interior e exterior), não podemos renegar a nossa História (como povo, Sociedade, planeta), não podemos ficar omissos perante a ameaça à paz, à ética, à moral, que construiu uma Sociedade assente no respeito pelo próximo, nos Direitos do Homem.

Jesus de Nazaré, o Espírito mais evoluído que esteve na Terra (na opinião dos Espíritos superiores, que se comunicaram no advento do Espiritismo, em 1857), dizia “Seja o teu falar sim, sim; não, não”. Perante os corruptos, os oportunistas, os vendilhões do templo, não hesitou em derrubar as bancadas onde se vendia de tudo um pouco, no templo de oração. Jesus nunca se omitiu, mesclando o seu imenso Amor com firmeza. Ensinou e praticou, sempre foi contra a violência e deixou sementes que, se ainda hoje mal compreendidas, apesar de tudo, continuam a frutificar.

Mohandas Gandhi veio mais tarde, o notável Gandhi, exemplo para toda a Humanidade, e, seguindo as pegadas de Jesus, também ensinou e fez. Aplicou no terreno a filosofia da não violência e assim conseguiu libertar a Índia e o Paquistão do colonialismo britânico.

Em pleno século XXI, urge parar, pensar um pouco e meditar: e se fosse comigo? E se eu ficasse sem dinheiro para comer, sem casa? E se fosse vítima de violência? Como reagiria? Como agiria?

 

“Não fazer ao próximo o que não desejamos para nós.” – Jesus de Nazaré

 

Cada vez é mais importante divulgar a evolução que o Homem já conquistou, nas artes, na filosofia, na espiritualidade, nas ciências. É fundamental realçar o belo, aquilo que traz harmonia, que encanta, que une, que aproxima. É fundamental a linguagem digna, culta, respeitosa, amável, amorosa. É fundamental sermos o exemplo vivo dos valores conquistados, não para nos superiorizarmos aos demais, mas para que estes se sintam incomodados nas suas atitudes ignóbeis, estéreis e violentas, em que exalam todo o seu ódio, frustração e pequenez espiritual.

É a pedagogia do Amor, que exemplifica sem agredir.

Gandhi entendeu que não havia um caminho para a paz, a paz é o caminho.

Jesus de Nazaré ensinou o roteiro do êxito social e pessoal: amar o próximo como a si mesmo, fazer ao próximo o que gostaríamos que nos fizessem.

Dois mil anos depois continuamos anestesiados no egoísmo. Precisamos despertar!

Os bons Espíritos, quando do advento do Espiritismo (que não é mais uma seita ou religião, mas sim uma filosofia de vida), em 1857, deixaram uma máxima: “Fora da caridade não há salvação”, realçando assim que somente pela prática do Bem, fazendo ao próximo o que desejamos para nós, e buscando sempre pensar, sentir e agir em paz, é que evoluiremos espiritualmente em busca do estado de Espírito puro, ao longo das sucessivas reencarnações.

“Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a Lei.”

 

Bibliografia:

Kardec, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo.

Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita