Quais são os seus valores?
Em pleno século XXI, quando as naves espaciais cruzam o
espaço em busca de mais conhecimento científico, quando
na Terra se operam maravilhas na área da saúde, basta um
simples abalo sísmico para demonstrar como somos, como
estamos ao nível dos sentimentos, como estamos pouco
evoluídos ao nível moral.
O mesmo Homem que constrói edifícios fascinantes, na
primeira oportunidade, tem atitudes primitivas,
agressivas, violentas, como se esse fosse o caminho para
o êxito.
Quando houve o furacão Katrina, nos EUA, em 2005, que
provocou cerca de 1.800 mortos e mais de 1 milhão de
deslocados, milhares de pessoas foram recolhidas no
Estádio Superdome, em New Orleans. De início, tudo
corria bem, as pessoas eram cordiais e ajudavam-se
mutuamente. Com o passar do tempo, foi faltando a
comida, a água, a luz, e aqueles “civilizados” começaram
a matar, a roubar, violar, destruir.
Em 2020, coronavírus, pandemia mundial.
De repente, o mundo parou, como se alguém tivesse
carregado no botão “pause” de um filme. Tenta-se
a todo o custo carregar de novo no botão “play”.
O mundo inteiro está perplexo, não sabe o que fazer,
tinha a sua zona de conforto que, de repente,
desapareceu. Ninguém sabe como vai ser amanhã, daqui a
um ano. A economia mundial assente no capitalismo
selvagem, na ganância, no lucro a qualquer custo, tenta
desesperadamente voltar ao normal, perdendo uma
oportunidade para se criar um novo modelo econômico,
completamente diferente, assente nos valores humanos, ao
invés de centrado no deus-dinheiro.
Os conflitos sociais despontam em todo o planeta, onde,
em pleno século XXI, existe gente escravizada, vendida
por meia dúzia de euros (Líbia), mão-de-obra escrava em
Portugal e noutros países, onde patrões oportunistas
aproveitam-se dos mais frágeis, exibindo carros topo de
gama, à custa da miséria alheia; guerras regionais,
entre gangues, entre pessoas com cor de pele diferente,
entre populações e forças de segurança; destruição do
patrimônio cultural, num momento de aberrante falta de
educação e cultura social.
“Não existe um caminho para a paz. A paz é o caminho.” -
Mohandas Gandhi
À gente fraca, geralmente correspondem lideranças
fracas, corruptas, oportunistas, e vice-versa. Com o
advento da Internet, o outrora escondido, agora, vem à
tona, criando revolta e caos social, apanhando na
enxurrada do ódio todos aqueles que não tenham cultivado
valores ético-morais e espirituais, como base
existencial.
Nestes momentos de turbulência social, não nos podemos
omitir perante a ameaça ao patrimônio cultural adquirido
(interior e exterior), não podemos renegar a nossa
História (como povo, Sociedade, planeta), não podemos
ficar omissos perante a ameaça à paz, à ética, à moral,
que construiu uma Sociedade assente no respeito pelo
próximo, nos Direitos do Homem.
Jesus de Nazaré, o Espírito mais evoluído que esteve na
Terra (na opinião dos Espíritos superiores, que se
comunicaram no advento do Espiritismo, em 1857), dizia “Seja
o teu falar sim, sim; não, não”. Perante os
corruptos, os oportunistas, os vendilhões do templo, não
hesitou em derrubar as bancadas onde se vendia de tudo
um pouco, no templo de oração. Jesus nunca se omitiu,
mesclando o seu imenso Amor com firmeza. Ensinou e
praticou, sempre foi contra a violência e deixou
sementes que, se ainda hoje mal compreendidas, apesar de
tudo, continuam a frutificar.
Mohandas Gandhi veio mais tarde, o notável Gandhi,
exemplo para toda a Humanidade, e, seguindo as pegadas
de Jesus, também ensinou e fez. Aplicou no terreno a
filosofia da não violência e assim conseguiu libertar a
Índia e o Paquistão do colonialismo britânico.
Em pleno século XXI, urge parar, pensar um pouco e
meditar: e se fosse comigo? E se eu ficasse sem dinheiro
para comer, sem casa? E se fosse vítima de violência?
Como reagiria? Como agiria?
“Não fazer ao próximo o que não desejamos para nós.” –
Jesus de Nazaré
Cada vez é mais importante divulgar a evolução que o
Homem já conquistou, nas artes, na filosofia, na
espiritualidade, nas ciências. É fundamental realçar
o belo, aquilo que traz harmonia, que encanta, que une,
que aproxima. É fundamental a linguagem digna, culta,
respeitosa, amável, amorosa. É fundamental sermos o
exemplo vivo dos valores conquistados, não para nos
superiorizarmos aos demais, mas para que estes se sintam
incomodados nas suas atitudes ignóbeis, estéreis e
violentas, em que exalam todo o seu ódio, frustração e
pequenez espiritual.
É a pedagogia do Amor, que exemplifica sem agredir.
Gandhi entendeu que não havia um caminho para a paz, a
paz é o caminho.
Jesus de Nazaré ensinou o roteiro do êxito social e
pessoal: amar o próximo como a si mesmo, fazer ao
próximo o que gostaríamos que nos fizessem.
Dois mil anos depois continuamos anestesiados no
egoísmo. Precisamos despertar!
Os bons Espíritos, quando do advento do Espiritismo (que
não é mais uma seita ou religião, mas sim uma filosofia
de vida), em 1857, deixaram uma máxima: “Fora da
caridade não há salvação”, realçando assim que
somente pela prática do Bem, fazendo ao próximo o que
desejamos para nós, e buscando sempre pensar, sentir e
agir em paz, é que evoluiremos espiritualmente em busca
do estado de Espírito puro, ao longo das sucessivas
reencarnações.
“Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem cessar,
tal é a Lei.”
Bibliografia:
Kardec, Allan – O Evangelho segundo o
Espiritismo.
Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos.
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