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por Fernando Rosemberg Patrocinio

 

Algo sobre antropomorfismo


Para Jesus, define-se Deus, além de Tudo quanto É - como Criador dos Céus e da Terra -, como um Pai Benevolente e Amoroso, como, por exemplo, nesta passagem:

- “Que vosso coração não se turbe. Crede em Deus, crede também em Mim. Há muitas moradas na Casa de meu Pai!”. (João: 14: 1, 2 e 3.)

A ‘Casa do Pai’ trata-se, evidentemente, do Universo como um Todo; e as diferentes moradas são os mais diversos Mundos materiais, fluídicos e espirituais que compõem o dito Universo. E, se, para Sócrates, o sábio que por aqui estivera 400 anos dantes do Cristo, o Pai não entra “em comunicação direta com o homem”, Jesus alega o mesmo em João 14: 1 a 31, como, por exemplo, neste trecho:

- “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por Mim!” (Opus Cit.).

Ou seja: - Para irmos ao Pai, nós todos dependemos d’Ele: de Jesus;

- Para irmos ao Pai, temos de passar por Ele, por seus ensinamentos, que derivam do Pai.

E neste outro trecho de Jesus: - “Quem vê a mim, vê o Pai!” (Opus Cit.).

Ou, noutros termos, como somos incapazes de ver toda a grandeza do Pai, temos, de momento, como vê-Lo, por meio de Jesus, de sua pessoa, de suas palavras e de seus atos.

E, neste outro, ainda: - “Estou no Pai e o Pai está em mim!” (Opus Cit.).

O que expressa, mais uma vez, a Unidade de Jesus com o Pai que, por não termos outros meios de estar com Ele, com o Pai de nós todos - Espíritos rebeldes e acanhados pela matéria -, será preciso entremos na comunhão com Jesus para entrarmos, também, na comunhão com o Pai; ou, noutros termos, ainda, diríamos que Jesus e seus muitos prepostos representam o Pai; são eles, os Intermediários entre o Homem e o Pai.

É que Deus transcende o Homem em Tudo, em absolutamente tudo; e, pois, nós não temos - como filhos transviados, decaídos à matéria densa dos Mundos - condições espirituais de falar com o Pai; falta-nos tudo e sobretudo: amor, caridade, humildade; e excede-nos o contrário pelo desamor, pelo egoísmo e pelo orgulho de nos acharmos ser o que não somos.

Portanto, tratemos de falar com Deus, por enquanto, através de Jesus e de seus muitos prepostos.

E o Espiritismo alega o mesmo, ou seja, que: - “Deus É Impenetrável”. (“OLE” – 1857 – AK.)

E, noutras de suas obras, como por exemplo, em “OESE” (1864-AK), temos a definitiva confirmação de tudo quanto dito supra. Logo, temos como falar com Deus sim; por meio de Jesus, dos nossos Anjos da Guarda e dos muitos mensageiros do Amor, da Virtude e do Bem, incondicionais.

Mas falar com Ele, Deus - Motor do Universo -, que “há criado sempre, cria incessantemente e jamais deixará de criar” (Vide: “AG” -1868 - AK), falar com Ele, repito, é algo muito além e muito acima de nossas grosserias psíquicas, nosso orgulho, egoísmo, em suma, nossas tão restritas capacidades mentais; ora, estamos abafados pela nossa cegueira de Espírito, pelo turbilhão de matéria densa que atraímos para a nossa progressão psíquica ou espiritual.

Porém, se queres acreditar que é possível, de momento, falar cara a cara com Ele, Deus; se queres acreditar que tal é possível, nas atuais e mundanas circunstâncias: fique à vontade!

Mas trata-se, tal, de um antropomorfismo, de uma forma mental atrasada, ou adaptada à sua evolução psíquica, que, por sua vez, não pode compreender o que está acima de Si, e que, pois, materializa a ideia, o princípio, conformando-o à sua expectativa, sua atrasada ou rebaixada forma mental.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita