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por Lillian Rosendo

 

Morrerei em breve (quanto tempo na existência física é bastante, diante da imortalidade?)


Morrer ou nascer existo a desenvolver

Apatia e ilusão mergulho na confusão

Na morte do meu carinho eu choro baixinho

A melancolia enalteço, se da fé esqueço.

Avaliar a natureza ciclicamente a comprovar

Do ventre materno alegria, um coração a pulsar!

É morrer e nascer o estado a desenvolver

Entre viver e morrer hei sempre que enternecer.

 

Ao redor do Planeta, a cada segundo uma pessoa se despede da existência corpórea. No presente ano, enquanto esse artigo é elaborado, regressaram para o outro mundo, aproximadamente, trinta e um milhões e cento e oitenta mil Espíritos e contando...1

Construímos afeições, laços e relacionamentos consanguíneos e ou espirituais, os de simpatia e amizade sem nenhum grau de parentesco, como nos remete o polímata Benjamin Franklin: "Um irmão pode não ser um amigo, mas um amigo será sempre um irmão".

Há quem encare a morte como uma fatalidade, no sentido de grande infelicidade, tragédia, infortúnio, entretanto, aprendemos na literatura espírita que fatalidade é fatal no verdadeiro sentido da palavra, quer dizer que não há como escapar2 e mais, que foi uma escolha do Espírito ao reencarnar instituindo para si esse tipo de experiência.3

A separação das pessoas que enriquecem a caminhada ensejando alegria, paz e satisfação, bem como o aprendizado da tolerância, do perdão e da renúncia, é algo extremamente desafiador para aceitar de pronto, principalmente para aqueles que acreditam que o desencontro será para sempre.

Todos nós vivenciamos esta dor, processo complicado também para quem chega ao fim de sua viagem, que varia conforme sua compreensão sobre a fé na vida futura e na aceitação de sua partida; recordamos alguns casos reportados por André Luiz4 de pessoas com crenças variadas e, independentemente delas, uns tiveram um bom desenlace e, outros, mais dolorosos.

O desligamento da existência física é destino de nossa condição humana, urge a adaptação dessa realidade. O que mais me deixará grata quando desencarnar serão as orações intercessoras, pois é o que temos notícias exemplificadas na codificação kardequiana5 dos desencarnados que relatam o benefício que a prece oferece.

Sentir a ausência é compreensível, entretanto, a carga emocional desse sentimento é o xis do problema, devido à ligação que se estabelece através do pensamento, e a ressonância do sentimento melancólico repercute de forma prejudicial em quem nos antecede na vida Maior.

Os evangelistas escreveram sobre a vida eterna, que foi afirmada por Jesus e materializada em dezenas de versículos. No auge de sua renúncia, a crucificação, Jesus Cristo a evidenciou quando se reuniu com os discípulos antes de sua ascensão.Intimamente sentimos que a morte é um embarque para mais uma etapa da vida, esta é que é uma só.

Cada pessoa reage de uma maneira; despedidas são sempre tristes, o luto é inevitável na ruptura, porém, quando se alonga, pode desencadear processos angustiosos de doenças emocionais causadas pelo apego.

Em nossas existências, seja no corpo físico, ou fora dele, continuamos nos relacionando com corações queridos e nos separando, seja pela desencarnação ou pela reencarnação, e a todo instante há desencontro e reencontro. Os instrutores da vida maior asseveram: “Vós, espíritas, porém, sabeis que a alma vive melhor quando desembaraçada do seu invólucro corpóreo” 7. Durante o sono temos o ensaio do desencarne, o contato com o plano espiritual; cada dia é menos um dia na Terra, e a preparação para a despedida dos que me cercam, quer seja eu indo, ou eles, é bem-vinda.

Na erraticidade (quando estamos desencarnados) estamos livres do peso do corpo, da limitação dos sentidos físicos, porém, não escapamos dos nossos sentimentos. A todo instante há de se esforçar no trabalho íntimo, analisando os pontos que precisam de correção, estimulando a maturidade, assumindo a responsabilidade para lidar com as ações equivocadas e, principalmente, aprender a relacionar-se consigo, como bem nos lembra o admirável Francisco Cândido Xavier: “Escapamos da morte quantas vezes for preciso, mas da vida nunca nos livraremos”.


Referências bibliográficas:

1 Wordometers, População Mundial, Mortes este ano. Disponível em: <worldometers> Acesso em: 12 de julho, 2020.

2 Kardec, Allan, O Livro dos Espíritos, questão 853.

3 Kardec, Allan, O Livro dos Espíritos, questão 851.

4 Luiz, André (Espírito). Obreiros da Vida Eterna. [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. 29° edição. Rio de Janeiro. Federação Espírita Brasileira. 2004.

5 Kardec, Allan. O Céu e o Inferno (ou a Justiça Divina) segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 51ª. edição. Araras. São Paulo. Editora IDE. 2008. Cap. V.

6 BIBLIA, Lucas: 24: 15.

7 Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Matheus Rodrigues de Camargo. 1ª. edição. 40° reimpresso. Capivari. São Paulo. Editora EME. 2000. Cap. V.



 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita