Um menino rebelde e
insociável
O coração do homem é
muito parecido com o
mar, ele tem suas
tempestades, suas marés
e suas profundezas; ele
tem suas pérolas
também. Vincent
van Gogh
Vivemos um tempo muito
melhor do que
antigamente.
Quem diz o contrário é
porque se esquece do
passado e das misérias
humanas, dos
preconceitos que
concretizavam
assassinatos em massa,
das opressões e da
escravidão humana e
cultural.
Que bênção trouxe a
invenção e a inovação da
imprensa com Gutemberg
no século XV, um dos
acontecimentos que
mudaram a história da
leitura e da circulação
de ideias em escala
mundial. Que maravilha
que foi isto.
E agora podemos falar
desse menino Vincent van
Gogh (1853-1890), que,
filho de um pastor
calvinista, era uma
criança rebelde e
insociável. Em 1869
ingressou em um
internato provinciano.
Vincent Willem van Gogh
foi um pintor holandês
considerado uma das
figuras mais famosas e
influentes da história
da arte ocidental. Ele
criou mais de duas mil
obras em pouco mais de
uma década, incluindo
por volta de 860
pinturas a óleo, a
maioria das quais
durante seus dois
últimos anos de vida.
Quanto à pintura, eu
tenho pouco conhecimento
técnico sobre o assunto;
mas, quanto a seu
pensamento, eu me
delicio de ler; por
exemplo, quando fala dos
casamentos, pois eu
creio que a vida
continua após a morte do
corpo, e os casamentos
também.
O encontro da paixão,
que se transforma em
carinho e amor, tem uma
linda definição de
Vincent van Gogh: “A
diferença entre uma
pessoa antes e depois de
se apaixonar é a mesma
entre uma lâmpada acesa
e outra apagada. A
lâmpada estava ali e era
boa, mas agora, além de
tudo, irradia luz, que é
sua verdadeira função”.
O nosso Machado de Assis
debochou da escravidão
que o homem fez de Deus
e do amor, quando
afirmou: “Deus, para a
felicidade do homem,
inventou a fé e o amor.
O diabo, invejoso, fez o
homem confundir fé com
religião e amor com
casamento”.
Sábia lição de que, para
adorarmos e
compreendermos a Deus,
não precisamos de
rótulos religiosos, e
nem para amar precisamos
nos casar.
Mas finalizando com
Vincent e o amor:
“Exprimir o amor de dois
amantes no casamento de
duas cores
complementares, sua
fusão e oposição, as
misteriosas vibrações de
tons da mesma ordem.
Exprimir o pensamento de
uma fonte de esplendor.
Exprimir esperança num
punhado de estrelas”.
Arnaldo Divo Rodrigues
de Camargo é diretor da
Editora EME.