Com quem
nos
parecemos?
Na cidade de Cafarnaum, na casa de Pedro, Jesus
dispôs-se a atender muitos doentes naquele dia. Lá
morava Natanael Ben Elias, um paralítico que jazia sobre
o seu leito de dor há muitos anos.
Amigos condoídos da situação dele e sabendo que Jesus se
encontrava na casa do apóstolo, deliberaram levar o
paralítico em seu catre até a presença Dele.
Subiram a um andar superior do terraço e, afastando
esteiras e ramos de palmeiras entre uma trave e outra,
desceram o doente através de cordas até a sala onde
Jesus se encontrava para que o socorro divino libertasse
do sofrimento a Natanael.
Em presença do paralítico, Jesus anuncia que os pecados
dele haviam sido perdoados. O paralítico ficou sem
entender. Então Jesus foi mais específico, ordenando que
ele se levantasse em nome do Pai, tomasse a sua cama e
fosse para a casa.
Curado de sua paralisia, Natanael, ao invés de
dirigir-se para sua casa conforme a recomendação do
Mestre, foi comemorar com amigos e mulheres infelizes
que se dedicavam ao comércio carnal provindas de Núbia.
Descreve Amélia Rodrigues, comentando a passagem do
paralítico de Cafarnaum no livro Primícias Do Reino, que
Jesus chorou lamentando a incompreensão dos homens
sentado em uma das grandes raízes de uma árvore no fundo
do quintal da casa de Pedro e que dava para o mar da
Galileia.
Já na passagem do cego de Jericó encontramos uma atitude
totalmente oposta. O cego, após voltar a enxergar, segue
a Jesus dando glória a Deus pela graça recebida.
Relembrando esses dois acontecimentos, renovo a pergunta
do título: com quem nos parecemos?
Talvez nossos irmãos católicos respondam que são iguais
ao cego de Jericó já que frequentam a missa nos dias
certos da semana, confessam e comungam, têm o seu santo
de predileção, portanto, cumprem a determinação de
seguir a Jesus.
Talvez nossos irmãos evangélicos respondam que também
agem corretamente por conhecer profundamente a Bíblia e
ouvirem as preleções do pastor.
Os espíritas podem argumentar que procedem como o cego
de Jericó por assistirem à palestra mensal no Centro
espírita que frequentam, tomarem o seu passe semanal,
ingerirem a água fluidificada, estudarem as obras
básicas (será?) e levarem os filhos às aulas de
Evangelização.
Porém, seguir a Jesus dentro do Centro espírita, no
interior da Igreja católica ou de um templo protestante,
é muito fácil! Os frequentadores se dão bem, pensam de
maneira semelhante, não trocam ofensas, respeitam-se na
maioria das vezes, possuem um ideal muito parecido no
interior desses locais mencionados.
O problema é seguir as orientações de Jesus lá fora, nas
ruas de nossa cidade, fora do ambiente tranquilo e
harmonioso de nosso templo religioso.
Por exemplo, você segue Jesus no trânsito agitado na
hora chamada de pico em que muitos se dirigem
para o mesmo local e cada um quer chegar antes do outro?
Continua seguindo Jesus quando toma uma fechada daquelas
por parte de outro veículo?
Você segue Jesus dentro do próprio lar diante da esposa
que não é a Amélia dos seus sonhos ou diante do
marido que se revelou não ser o seu príncipe encantado?
E quando os filhos lhe causam problemas, preocupações
que lhe roubam a paz e você tem vontade de entregá-los
nas mãos de Deus, você continua seguindo Jesus?
Na hora que uma ofensa atinge a sua face, você consegue
seguir Jesus voltando o outro lado ao invés de revidar?
Quando as notícias divulgadas pela imprensa escrita,
falada ou televisionada, disseminam o pessimismo que
infesta o ambiente com pesadas vibrações negativas, como
está acontecendo nos dias atuais com a pandemia do
coronavírus, você continua seguindo Jesus como o cego de
Jericó, confiando que Ele está no governo de nosso
planeta?
Quando uma criança esmola em um sinaleiro de uma cidade,
você vibra positivamente em favor desse ser infeliz e
faz alguma coisa para auxiliá-la, lembrando de que tudo
que fizermos ao menor de nossos irmãos é a Ele mesmo a
quem fazemos?
Quando a imprensa noticia um crime denominado hediondo,
você vibra em favor do ser infeliz que o cometeu ou dá
guarida em sua mente à pena de morte ou à prisão
perpétua em seus sentimentos?
Com quem estamos nós? Com o paralítico de Cafarnaum que
voltou a caminhar distanciando-se das Leis maiores e
optando pela porta larga da existência, ou com o cego de
Jericó que voltou a enxergar o suficiente para seguir
Jesus através da porta estreita?