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por Ricardo Orestes Forni

 

Com quem nos parecemos?


Na cidade de Cafarnaum, na casa de Pedro, Jesus dispôs-se a atender muitos doentes naquele dia. Lá morava Natanael Ben Elias, um paralítico que jazia sobre o seu leito de dor há muitos anos.

Amigos condoídos da situação dele e sabendo que Jesus se encontrava na casa do apóstolo, deliberaram levar o paralítico em seu catre até a presença Dele.

Subiram a um andar superior do terraço e, afastando esteiras e ramos de palmeiras entre uma trave e outra, desceram o doente através de cordas até a sala onde Jesus se encontrava para que o socorro divino libertasse do sofrimento a Natanael.

Em presença do paralítico, Jesus anuncia que os pecados dele haviam sido perdoados. O paralítico ficou sem entender. Então Jesus foi mais específico, ordenando que ele se levantasse em nome do Pai, tomasse a sua cama e fosse para a casa.

Curado de sua paralisia, Natanael, ao invés de dirigir-se para sua casa conforme a recomendação do Mestre, foi comemorar com amigos e mulheres infelizes que se dedicavam ao comércio carnal provindas de Núbia.

Descreve Amélia Rodrigues, comentando a passagem do paralítico de Cafarnaum no livro Primícias Do Reino, que Jesus chorou lamentando a incompreensão dos homens sentado em uma das grandes raízes de uma árvore no fundo do quintal da casa de Pedro e que dava para o mar da Galileia.

Já na passagem do cego de Jericó encontramos uma atitude totalmente oposta. O cego, após voltar a enxergar, segue a Jesus dando glória a Deus pela graça recebida.

Relembrando esses dois acontecimentos, renovo a pergunta do título: com quem nos parecemos?

Talvez nossos irmãos católicos respondam que são iguais ao cego de Jericó já que frequentam a missa nos dias certos da semana, confessam e comungam, têm o seu santo de predileção, portanto, cumprem a determinação de seguir a Jesus.

Talvez nossos irmãos evangélicos respondam que também agem corretamente por conhecer profundamente a Bíblia e ouvirem as preleções do pastor.

Os espíritas podem argumentar que procedem como o cego de Jericó por assistirem à palestra mensal no Centro espírita que frequentam, tomarem o seu passe semanal, ingerirem a água fluidificada, estudarem as obras básicas (será?) e levarem os filhos às aulas de Evangelização.

Porém, seguir a Jesus dentro do Centro espírita, no interior da Igreja católica ou de um templo protestante, é muito fácil! Os frequentadores se dão bem, pensam de maneira semelhante, não trocam ofensas, respeitam-se na maioria das vezes, possuem um ideal muito parecido no interior desses locais mencionados.

O problema é seguir as orientações de Jesus lá fora, nas ruas de nossa cidade, fora do ambiente tranquilo e harmonioso de nosso templo religioso.

Por exemplo, você segue Jesus no trânsito agitado na hora chamada de pico em que muitos se dirigem para o mesmo local e cada um quer chegar antes do outro? Continua seguindo Jesus quando toma uma fechada daquelas por parte de outro veículo?

Você segue Jesus dentro do próprio lar diante da esposa que não é a Amélia dos seus sonhos ou diante do marido que se revelou não ser o seu príncipe encantado?

E quando os filhos lhe causam problemas, preocupações que lhe roubam a paz e você tem vontade de entregá-los nas mãos de Deus, você continua seguindo Jesus?

Na hora que uma ofensa atinge a sua face, você consegue seguir Jesus voltando o outro lado ao invés de revidar?

Quando as notícias divulgadas pela imprensa escrita, falada ou televisionada, disseminam o pessimismo que infesta o ambiente com pesadas vibrações negativas, como está acontecendo nos dias atuais com a pandemia do coronavírus, você continua seguindo Jesus como o cego de Jericó, confiando que Ele está no governo de nosso planeta?

Quando uma criança esmola em um sinaleiro de uma cidade, você vibra positivamente em favor desse ser infeliz e faz alguma coisa para auxiliá-la, lembrando de que tudo que fizermos ao menor de nossos irmãos é a Ele mesmo a quem fazemos?

Quando a imprensa noticia um crime denominado hediondo, você vibra em favor do ser infeliz que o cometeu ou dá guarida em sua mente à pena de morte ou à prisão perpétua em seus sentimentos?

Com quem estamos nós? Com o paralítico de Cafarnaum que voltou a caminhar distanciando-se das Leis maiores e optando pela porta larga da existência, ou com o cego de Jericó que voltou a enxergar o suficiente para seguir Jesus através da porta estreita?




 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita