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por Rogério Coelho

 

Jesus: Irmão, Mestre e Senhor!


Um dia todos nós faremos do Evangelho o que devemos fazer


“(...) Se guardares os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no Seu amor.” 
Jesus. (Jo., 15:10)


Allan Kardec nos convida[1] a envidar todos os esforços para a este Planeta não voltarmos após a presente estada e merecermos ir repousar em um mundo melhor...  

Nossa admiração pelo Dr. Bezerra de Menezes se prende a vários fatores, inclusive ao fato de solicitar a permissão para ficar por aqui quando, por seus méritos, já poderia habitar em mundos superiores. Segundo contam as tradições do Mundo Espiritual, entre lágrimas, solicitou às Potestades Celestes ficar na ambiência da Terra enquanto nela existirem criaturas coleantes em sofrimento e dores.

Há dois milênios testemunhamos outra grande decisão e renúncia: a de Jesus que, abandonando o Seu formoso Jardim de Estrelas, ergastulou-Se na escura esfera dos homens, humilhando-Se, ajudando e sofrendo por amor, legando-nos a Sua fórmula inesquecível, capaz de alforriar-nos em definitivo: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.

O Espírita Cristão que já assimilou a mensagem de Jesus não se compraz com as humanas e subalternas ambições e valoriza os bens materiais na exata medida de sua aplicação para o bem, não fazendo deles um fim, mas um meio.

Segundo o abnegado Mentor de Chico Xavier, “(...) o monumento que nos deslumbra sofrerá insultos do tempo, contudo o ideal invisível que o inspirou brilha, eterno, na alma do artista. A cruz que o povo impôs a Jesus era um instrumento de tortura visto por todos, mas o Espírito do Senhor, que ninguém vê, é um Sol crescendo cada vez mais na passagem dos séculos. Assim, não te apegues demasiado à carne transitória. Amanhã, a infância e a mocidade do corpo serão madureza e velhice na forma; a terra que hoje reténs será, no futuro, inevitavelmente dividida; adornos que hoje possuis serão pó e cinzas; o dinheiro que agora te serve passará a mãos diferentes das tuas...

Usa aquilo que vês, para entesourar o que ainda não podes ver. Entre o berço e o túmulo, o homem detém o usufruto da Terra com o fim de aperfeiçoar-se. Não te agarres, pois, à enganosa casa dos seres e das coisas. Aprendendo e lutando, trabalhando e servindo com humildade e paciência na construção do bem, acumularás na tua alma as riquezas da vida eterna”.

Vezes sem conto, em nossa constante mania de omissão, arrolamos uma série de impedimentos que tolhem o bem em nossas iniciativas. No entanto, lembra-nos André Luiz: “(...) nosso Mestre não se serviu de condições excepcionais no mundo para exaltar a luz da Verdade e a bênção do Amor. Ele não tinha uma pedra onde reclinar a cabeça; não desfrutou de qualquer expressão social; não contou com os familiares nas tarefas a que se propôs; não encontrou ninguém que O amparasse na hora difícil; nada pôde escrever...  

E nós? - Muitos contamos com mais recursos, detemos algum título e estudo, temos familiares que nos ajudam, recebemos sempre apoio de alguém nos momentos difíceis e temos sempre condições de grafar alguns pensamentos na expressão do bem. Que esperamos, então, para colaborar para a felicidade dos outros?!  

Jesus segue à nossa frente e, se desejamos acertar, basta apenas segui-lO.

Antes d`Ele a caridade era desconhecida. Os monumentos das civilizações antigas não se reportam à divina virtude; os destroços do palácio de Nabucodonosor, no solo em que se erguia a grandeza da Babilônia, falam simplesmente de fausto e poder que os séculos consumiram; nas lembranças do Egito glorioso, as pirâmides não se referem à compaixão; os famosos hipogeus de Persépolis são atestados de orgulho racial; as muralhas da China traduzem a preocupação da defesa; nos velhos santuários da China milenar, o Todo-Poderoso é venerado por milhões de fiéis, indiscutivelmente sinceros, mas deliberadamente afastados dos semelhantes, nascidos na condição de párias execráveis; a Acrópole de Atenas, com suas colunas respeitáveis, é louvor de inteligências; o Coliseu de Vespasiano, em Roma, é monumento levantado ao triunfo bélico, para as expressões da alegria popular...

Por milênios numerosos, o homem admitiu a hegemonia dos mais fortes e consagrou-a através da arte e da cultura que era suscetível de criar e desenvolver. Com Jesus, porém, a paisagem social experimenta decisivas alterações. O Mestre não se limita a ensinar o bem; desce ao convívio com a multidão e materializa-Se com o próprio esforço; cura os doentes na via pública, sem cerimônias, e ajuda a milhares de ouvintes, amparando-os na solução dos mais complicados problemas de natureza moral, sem valer-Se de etiquetas do culto externo; lega aos discípulos a ‘Parábola do Bom Samaritano’, que exalta a missão sublime da Caridade para sempre.

Em casa, no grupo social, na profissão, no ideal ou na vida pública, experimentemos sentir, pensar, falar e agir, um tanto mais com o Cristo e absorvermos o resultado. Pouco a pouco, perceberemos que o Senhor não nos pede prodígios de transformação imediata ou espetáculos de grandeza e, sim, que nos apliquemos no bem, de modo a caminhar com Ele, passo a passo, na edificação da nossa própria paz.

Não nos atemorizemos com os programas de reajuste, corrigenda, sublimação ou burilamento... Ante as normas que nos indiquem elevação para a vida superior, recebamo-las respeitosamente, afeiçoando-nos a elas e, seguindo adiante, na base do dever retamente executado e da consciência tranquila, pratiquemos a regra de ascensão espiritual segura e verdadeira: sempre um tanto menos com os nossos pontos de vista pessoais e, a cada dia que surja, sempre um tanto mais com Jesus”.

Segundo o pensamento de Emmanuel, inobstante reconhecendo nossas limitações ante as emaranhadas equações da vida, saibamos que Jesus em nossa fraqueza é luz de esperança e, por isso mesmo, confiantes n`Ele – O Mestre e Senhor – estamos certos de que, um dia, todos nós faremos do Evangelho o que devemos fazer.

Jesus é o sublime conquistador que chegou para ficar... Seu berço é a manjedoura singela que fala da humildade. Não trouxe carruagens de ouro nem Se serviu de baixelas de prata; não teve exércitos e tampouco palácios, não possuiu escravo nem legionários; não fez alianças com os “poderosos” da Terra, nem contou com o apoio de juízes e partidos políticos do mundo.  No entanto, lembra-nos o Irmão X: “ergueu, diante de todos, o coração pleno de amor e chamou a Si os fracos e tristes, os pobres e desamparados, os vencidos e os doentes, os velhos e as crianças... Descortina à inteligência do povo a visão do Reino da Luz, cujas portas devem ser descerradas com as chaves da bondade e do trabalho, do entendimento e do perdão... Caminha para a frente, ajudando, servindo incessantemente e, para que o ódio e a crueldade, a ignorância e a violência não se entronizem nas almas, submete-se Ele mesmo, ao sacrifício da cruz, legando à humanidade a revelação da vida eterna sobre o túmulo vazio...

Reaviva-se a fé, amplia-se a esperança e a caridade brilha imorredoura. Desde então, o poder do Invencível Conquistador cresce com os dias...

E sempre que o Mundo recorda o Rei Divino, descido do trono celestial às palhas da manjedoura, o pensamento humano, por suas forças mais representativas, associa-se aos cânticos das vozes celestiais e acrescenta deslumbrado: – Glória a ti, ó Cristo! A esperança da Terra Te saúda e glorifica para sempre...”
       


[1] - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 873.




 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita