Autoperdão e
obsessão
O
emprego
do
autoperdão
vem
recebendo
viva
atenção
nos
meios
espíritas:
em
palestras
nos
centros,
transmissões
ao vivo,
as quais
são
disponibilizadas
na WEB,
artigos,
entrevistas,
ou seja,
nos mais
variados
meios de
divulgação
e
comunicação.
Tema
realmente
oportuno
e
relevante,
com
eficazes
resultados
para os
seus
reais
utilizadores,
pois
pode
proporcionar,
quando
pertinente,
o
reencontro
com a
paz
interior,
momentaneamente
perdida
pelo
cometimento
de
graves
atos e
condutas
perpetrados
pelo
infrator,
distanciados
do
correto
ordenamento
divino.
Entretanto,
é
imperioso
esclarecer
que no
desenrolar
da
existência,
não há
receitas
mágicas,
tudo
desenvolve-se
através
do
merecimento
e do
aproveitamento
das
lições
oferecidas
pela
vida,
traduzidas
pelo
resultado
das boas
obras
efetivamente
realizadas,
ou seja:
não há a
lei do
menor
esforço.
Sem
perceberem
ter o
emprego
do
autoperdão
alcance
e
efeitos
muito
bem
delineados,
alguns
iludem-se
acreditando
em
poder,
pelo uso
continuado
deste
recurso,
escapar
das
inevitáveis
consequências
de suas
obras
levianas,
às vezes
mesmo,
maldosas.
Uma das
possíveis
formas
de,
infelizmente,
autoenganar-se,
alguns
por
desconhecimento,
outros
às vezes
mesmo
tentando
subtrair-se
das
implicações
de
anteriores
atitudes
cometidas
irrefletidamente,
o
indivíduo
autoperdoa-se,
na
expectativa
de poder
iniciar
nova
caminhada
livre do
sentimento
de
culpa,
sem
nenhuma
necessidade
de
expiar e
reparar
o mal
realizado.
O
autoperdão
é uma
ferramenta
a ser
utilizada
em casos
contundentes,
onde o
descumpridor
dos
eternos
princípios
divinos,
se vê
acuado
diante
de sua
conduta,
não
encontra
respaldo
e apoio
junto a
seus
amigos e
familiares,
e,
diante
de uma
pressão
interna
cada vez
maior, o
autoperdão
apresenta-se
como uma
válvula
de
alívio
da
insuportável
pressão
interna,
permitindo
ao que
sofre as
consequências
do
remorso
e
arrependimento
profundos,
reorganizar-se,
tendo
condições
de
retomar
sua
marcha
evolutiva.
Eventualmente,
o
conflito
interno
experienciado
pelo
transgressor
pode ser
acentuado
pela
atuação
incisiva
de um
Espírito
ainda
desorientado
– o
chamado
obsessor
- que,
por
razões
diversas,
ligou-se
mentalmente
ao
transgressor
da lei
e,
através
de
continuadas
más
sugestões
especificamente
direcionadas
à
questão
em foco,
martiriza
ainda
mais a
vítima,
fazendo
crer que
o delito
foi
gravíssimo,
não
havendo
desculpa
para o
feito,
em suma:
o
agressor
cometeu
uma
falta
irremissível.
Nesta
situação,
poder-se-ia
argumentar
que o
autoperdão
seria a
solução
ideal,
liberando
o
obsidiado
desta
incômoda
situação.
É fato
que o
autoperdão
sincero,
por
parte
daquele
que se
considera
pecador,
o ajuda
muitíssimo
a
conviver
com as
consequências
da ação
indevida.
Entretanto,
se o
vínculo
obsessivo
se
estabeleceu
por
conta de
uma
prejudicial
conduta
direta
ao
Espírito
desencarnado,
por
exemplo,
a
prática
de um
abortamento,
o futuro
reencarnante
que se
viu
impedido
de
voltar
ao mundo
material
poderá,
se assim
o
decidir,
iniciar
um
processo
obsessivo,
tentando
vingar-se.
Neste
caso,
apenas o
autoperdão
terá
pouca ou
nenhuma
serventia
para
interromper
o
assédio
do
obsessor.
O único
caminho
com o
poder de
aliviar
a vítima
de seu
algoz,
nesta
particular
situação,
seria a
mudança
de
atitude
do
infrator,
neste
caso a
mãe que,
em
geral,
já havia
prometido
previamente,
antes de
reencarnar,
receber
aquele
particular
Espírito
para uma
jornada
em nova
existência
familiar.
E qual
seria a
conduta
adequada
em um
caso
como o
descrito,
além de
autoperdoar-se?
Certamente
a mãe
poderia
voltar-se
a
atividades
envolvendo
crianças
sem
pais, um
orfanato,
por
exemplo,
dedicando-se
a cuidar
de
filhos
alheios.
Outra
opção
seria
assumir
a
manutenção
material
de uma
criança
abandonada
em uma
ONG
dedicada
a este
tipo de
atividade,
suportando
as
despesas
materiais
que este
órfão
necessita
para
viver
sob a
tutela
desta
organização
filantrópica.
Não há
necessidade
em
absoluto
de levar
a
criança
escolhida
para a
própria
residência,
pois
muitas
mães nem
podem
(possuem
jornadas
de
trabalho
extensas),
é
suficiente
o
compromisso
de
cuidar
do filho
alheio,
com
dedicação
e
responsabilidade.
Em nosso
país é
difundida
a
prática
da
contratação
de
serviços
domésticos
ajudando
no
funcionamento
de um
lar. Em
muitos
casos,
esta
pessoa
que nos
ajuda, a
chamada diarista,
possui
filhos.
Por qual
razão
não
“adotar”
estas
crianças,
caso os
contratantes
possuam
recursos
suficientes,
provendo
material
escolar,
brinquedos,
vestimentas,
ou mesmo
algum
apoio na
alimentação
destes
filhos
alheios?
O
obsessor
precisa
observar
um
comportamento
altruísta
da mãe
em
relação
ao
próximo;
isto é
que o
motiva a
desfazer
o laço
obsessivo.
Entres
tantas
obras
espíritas
orientando
neste
sentido,
podemos
recordar
literatura
do
século
passado,
onde se
lê uma
orientação
geral
para
desanuviar
as
mentes
culpadas:1
“Para
desobstruir
o
caminho
de nossa
consciência
culpada,
devemos
favorecer
a
libertação
dos que
suportam
fardos
mais
pesados
que os
nossos,
porque
ajudando
aos
nossos
semelhantes
angariaremos
o
auxílio
deles,
fazendo-nos,
ao mesmo
tempo,
credores
do
amparo
daqueles
Irmãos
Maiores
que nos
estendem
próvidos
braços
da Vida
Superior”.
Em um
caso de
abortamento,
quando a
mãe
desconhece
as
graves
implicações
desta
conduta,
a
situação
pode ser
plenamente
contornada
por uma
nova
gravidez,
quando,
às
vezes, o
próprio
Espírito
não
aceito
no
passado,
pode
apresentar-se
mais uma
vez para
um novo
tentame
reencarnatório.
Este
exemplo
pode se
estender
a outras
situações
onde o
transgressor
da lei
divina,
por meio
de uma
simples
atitude
de
autoperdoar-se,
não
logrará
sucesso
em
acalmar-se
internamente,
e
precisará
agir de
acordo
com o
delito
perpetrado,
reparando
o mal
realizado,
e,
certamente,
a
misericórdia
de Deus
sempre
ajudará
neste
intento.
Referência:
1 XAVIER,
Francisco
C. Instruções
psicofônicas.
Espíritos
Diversos.
2. ed.
Rio de
Janeiro:
FEB,
1955.
cap.
XII. Ante
a
reencarnação. |