Para onde
você vai, Pedro?
E ele disse: Vem! E
Pedro, descendo do
barco, andou sobre as
águas para ir ter com
Jesus. (Mateus 14:29)
A frase latina Quo
vadis? é muito pouca
conhecida, e significa
“Para onde vais?”.
Surgiu em um relato
considerado apócrifo
conhecido como “Atos de
Pedro e Paulo”, quando o
apóstolo estaria
tentando fugir de um
provável sacrifício em
Roma.
No caminho encontrou com
Jesus, que teria
aparecido ao velho
discípulo, e o indagou: quo
vadis? Jesus
responde: “Vou a Roma
para ser crucificado de
novo”. Pedro teria
desistido da fuga e
retornado a Roma, onde
foi sacrificado.
Essa frase latina e o
episódio citado ficaram
imortalizados na obra
épica cinematográfica
estadunidense Quo
vadis, de 1951.
Nem sempre nossa
preocupação se volta
sobre onde vamos passar
nossa eternidade.
Estamos sempre pensando
no agora, no imediato, e
acabamos acumulando
coisas materiais em vez
de coisas intelectuais,
morais e espirituais.
“Para onde vamos depois
da morte?”, o próprio
Cristo perguntou aos
discípulos.
A propósito, há uma
frase parecida
registrada pelo apóstolo
João: “E agora vou para
aquele que me enviou; e
nenhum de vocês me
pergunta: Para onde
vais?” (16:5).
Dos evangelistas,
aprecio muito Mateus, o
cobrador de impostos,
pela descrição do Sermão
do Monte e simplicidade
de suas narrativas. E
dos discípulos, adoro
Pedro porque ele sempre
questionava, dava
respostas e manifestava
sua opinião.
Os Evangelhos tratam de
questões importantes que
Simão Pedro levantou e
mostram atitudes de
força, coragem e também
de temeridade e fraqueza
desse homem que defendeu
Jesus com a espada e
depois o negou.
“Você quer andar sobre
as águas? Saia do barco,
Pedro, e venha”; e o
discípulo andou sobre as
águas no mar agitado.
Para muitos até hoje a
ciência não explica como
alguém pôde andar sobre
as águas sem afundar.
Mas fenômenos de
levitação semelhantes
são contados por outros
personagens sem a
presença de Jesus,
acompanhados de
pesquisadores e
cientistas que atestaram
os fatos. Dois médiuns
que viveram no século
XIX, Eusápia Palladino
(1854/1918) – ela, uma
italiana – e Daniel
Dunglas Home (1833/1886)
– ele, um britânico –
famosos por suas
capacidades de produzir
fenômenos de efeitos
físicos, especialmente
levitação, à semelhança
do Cristo, que andou
sobre as águas e
satisfez o desejo de
Pedro.
Jesus tinha conhecimento
espiritual, tinha poder,
é o Governador do
planeta Terra, poderia
ter dito a Pedro: “para
fazer isso é necessário
ter um dom, ou uma
técnica milenar que eu
conquistei”. Nada disso,
simplesmente realizou o
sonho do discípulo.
Teve mais alguém que se
arriscou? Não. No meio
do caminho, Simão teve
dificuldades e titubeou
na fé e começou a
afundar, e então pediu
ajuda e Jesus o acolheu,
e voltaram andando sobre
as águas até o barco.
E nós? Temos coragem de
sair do barco e ir ao
encontro do Cristo de
Deus?
Arnaldo
Divo Rodrigues de
Camargo é editor da
Editora EME.