Acidente de trânsito evolutivo
Não se achando o todo em bom estado, impossível é que
uma parte dele passe bem
“Enfermidades dilaceradoras e de longo trânsito procedem
sempre do caráter moral do homem.” Carneiro
de Campos
Médico por
excelência, Jesus sempre admoestava aos que curava com o
aviso: “vai e
não tornes a pecar, para que algo pior não te aconteça”.
Ele sabia que as doenças não existiam, mas, tão somente
doentes, isto é, pessoas que se equivocam nas diversas
áreas do comportamento humano. O corolário dos erros
manifesta-se no corpo somático em forma de enfermidades
variadas.
Atentemos para a aula ministrada pelo Dr. Carneiro de
Campos1: “os traumas, os estresses, os
desconcertos psíquicos e as manifestações genéticas
estão impressos no perispírito, sob a ação do Espírito
em processo de evolução e irão expressar-se no campo
objetivo como necessidade moral de reparação de crimes e
erros antes praticados.
A evolução é inexorável e todos a realizarão a esforço
pessoal, embora sob estímulos e diretrizes superiores
que a Paternidade Divina dispensa igualitariamente a
todos. A transitoriedade de uma existência corporal, com
a sua brevidade no tempo, é insuficiente para o processo
de aprimoramento, de beleza, de felicidade a que estamos
destinados. A reencarnação é, portanto, processo
intérmino de crescimento ético-espiritual, facultando a
aquisição de valores cada vez mais expressivos na
conquista da vida. Nesse contexto, a doença é acidente
de trânsito evolutivo de fácil correção, experiência
de sensação desagradável que emula à aquisição do
bem-estar e das emoções saudáveis, ocorrendo por opção
exclusiva de cada qual, e somente o próprio indivíduo
poderá resolver, corrigir e dela libertar-se.
A mente, exteriorizando as aspirações do Espírito, impõe
à organização somática as suas próprias aspirações e
preferências, que se corporificam, quando mórbidas, nas
mais diferentes dependências e patologias, responsáveis
pela desarticulação dos seus mecanismos. Assim sendo,
qualquer abordagem terapêutica não deve ser parcial e
sim holística, atendendo a todas as partes construtivas
do ser.
Todo tentame em favor do equilíbrio deve fundamentar-se
na transformação moral do paciente, na sua recomposição
emocional, originada na mudança dos painéis mentais para
a adoção de pensamentos sadios e na vivência concorde
com os ideais de engrandecimento, que são catalisadores
das forças vivas presentes em a Natureza – sintonia
ecológica – que interagem na sua constituição global.
Diante de quaisquer problemas na área da saúde, a
conscientização do paciente quanto ao poder que dispõe
para a autocura, desde que o deseje sinceramente, é de
primacial importância, facultando-lhe a visão otimista,
que lhe propicia a restauração.
Há que se demonstrar ao paciente que a doença é apenas
efeito e somente atendendo-lhe às causas, torna-se
possível saná-la. Logo depois, conscientizá-lo da
necessidade de modificação do comportamento moral,
mudando-lhe o condicionamento cármico, por cuja conduta
adquirirá mérito para uma alteração no seu mapa
existencial.
O homem do futuro, após superar as suas deficiências
presentes, receberá mais amplo auxílio da medicina,
adquirindo uma saúde integral, que será resultado da sua
perfeita consciência de amor e respeito à vida”.
As terapias alternativas, surgidas sob inspiração da
consciência médica, já começam a considerar o homem como
um todo, abrangendo o homem espiritual e carnal,
portanto, imortal, e passa a trabalhar em sua realidade
profunda, que é o Espírito, esse feixe de energias a
manifestar-se no soma.
A interação
Espírito/matéria, muito realçada na maioria das terapias
alternativas não é novidade, vez que já era velha
conhecida de Sócrates, que, há quase meio século antes
de Cristo, já enunciava: “se
os médicos são malsucedidos, tratando da maior parte das
moléstias, é que tratam do corpo sem tratarem da alma.
Ora, não se achando o todo em bom estado, impossível é
que uma parte dele passe bem”.
Embora conhecida essa interação, parece que só agora lhe
fazem caso.
Por todas essas razões e
por outras que, com certeza, ainda vamos descobrir, é
que – incansável e pacientemente – sempre se ouvia a
recomendação de Jesus após as curas que realizava: “vá
e não torne a pecar...”.
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