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por Rogério Coelho

 

Acidente de trânsito evolutivo


Não se achando o todo em bom estado, impossível é que uma parte dele passe bem


“Enfermidades dilaceradoras e de longo trânsito procedem sempre do caráter moral do homem.” 
Carneiro de Campos[1]


Médico por excelência, Jesus sempre admoestava aos que curava com o aviso: “vai e não tornes a pecar, para que algo pior não te aconteça”.

Ele sabia que as doenças não existiam, mas, tão somente doentes, isto é, pessoas que se equivocam nas diversas áreas do comportamento humano.  O corolário dos erros manifesta-se no corpo somático em forma de enfermidades variadas.

Atentemos para a aula ministrada pelo Dr. Carneiro de Campos1: “os traumas, os estresses, os desconcertos psíquicos e as manifestações genéticas estão impressos no perispírito, sob a ação do Espírito em processo de evolução e irão expressar-se no campo objetivo como necessidade moral de reparação de crimes e erros antes praticados.

A evolução é inexorável e todos a realizarão a esforço pessoal, embora sob estímulos e diretrizes superiores que a Paternidade Divina dispensa igualitariamente a todos. A transitoriedade de uma existência corporal, com a sua brevidade no tempo, é insuficiente para o processo de aprimoramento, de beleza, de felicidade a que estamos destinados. A reencarnação é, portanto, processo intérmino de crescimento ético-espiritual, facultando a aquisição de valores cada vez mais expressivos na conquista da vida. Nesse contexto, a doença é acidente de trânsito evolutivo de fácil correção, experiência de sensação desagradável que emula à aquisição do bem-estar e das emoções saudáveis, ocorrendo por opção exclusiva de cada qual, e somente o próprio indivíduo poderá resolver, corrigir e dela libertar-se.

A mente, exteriorizando as aspirações do Espírito, impõe à organização somática as suas próprias aspirações e preferências, que se corporificam, quando mórbidas, nas mais diferentes dependências e patologias, responsáveis pela desarticulação dos seus mecanismos. Assim sendo, qualquer abordagem terapêutica não deve ser parcial e sim holística, atendendo a todas as partes construtivas do ser.

Todo tentame em favor do equilíbrio deve fundamentar-se na transformação moral do paciente, na sua recomposição emocional, originada na mudança dos painéis mentais para a adoção de pensamentos sadios e na vivência concorde com os ideais de engrandecimento, que são catalisadores das forças vivas presentes em a Natureza – sintonia ecológica – que interagem na sua constituição global.

Diante de quaisquer problemas na área da saúde, a conscientização do paciente quanto ao poder que dispõe para a autocura, desde que o deseje sinceramente, é de primacial importância, facultando-lhe a visão otimista, que lhe propicia a restauração.

Há que se demonstrar ao paciente que a doença é apenas efeito e somente atendendo-lhe às causas, torna-se possível saná-la. Logo depois, conscientizá-lo da necessidade de modificação do comportamento moral, mudando-lhe o condicionamento cármico, por cuja conduta adquirirá mérito para uma alteração no seu mapa existencial.

O homem do futuro, após superar as suas deficiências presentes, receberá mais amplo auxílio da medicina, adquirindo uma saúde integral, que será resultado da sua perfeita consciência de amor e respeito à vida”.

As terapias alternativas, surgidas sob inspiração da consciência médica, já começam a considerar o homem como um todo, abrangendo o homem espiritual e carnal, portanto, imortal, e passa a trabalhar em sua realidade profunda, que é o Espírito, esse feixe de energias a manifestar-se no soma.

A interação Espírito/matéria, muito realçada na maioria das terapias alternativas não é novidade, vez que já era velha conhecida de Sócrates, que, há quase meio século antes de Cristo, já enunciava: “se os médicos são malsucedidos, tratando da maior parte das moléstias, é que tratam do corpo sem tratarem da alma. Ora, não se achando o todo em bom estado, impossível é que uma parte dele passe bem”.

Embora conhecida essa interação, parece que só agora lhe fazem caso.

Por todas essas razões e por outras que, com certeza, ainda vamos descobrir, é que – incansável e pacientemente – sempre se ouvia a recomendação de Jesus após as curas que realizava: “vá e não torne a pecar...”.     


 

[1] - FRANCO, Divaldo. Trilhas da libertação. 2. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1997, p.p. 19 a 21.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita