Criança na cozinha
Cozinhar é um modo de amar os outros.
Mia Couto
Às vezes penso na casa onde vivi os meus primeiros anos.
São tímidas lembranças, mas recordo com vivacidade as
brincadeiras no quintal e as proezas na cozinha.
Dia chuvoso, quase hora do almoço. Na cozinha, cheiro de
cebola, alho refogado. Aguardar com paciência o arroz
secar na panela.
Cozinhar ativa sentidos, educa o paladar. Mas é preciso
estar focado, senão a polenta empelota, o feijão queima.
A família cabe na cozinha?
O cuidado de pensar a refeição e cozinhar junto com as
crianças implica oferecer àquele que estagia na infância
vivências importantes, que ensinam nutrição afetiva,
capacidade eletiva, sentimento de pertencimento e, por
isso, uma relação também de prazer com a comida.
Criar os filhos na cozinha: o menor escolhe a fruta,
quebra os ovos; o mais velho, mede os ingredientes e já
pode, com a supervisão de um adulto, preparar um molho
de tomate delicioso, colaborando largamente com o
jantar.
Criança sozinha na cozinha é, sem dúvida, um perigo. Mas
tomados os cuidados devidos, os benefícios colhidos em
relação ao aprendizado sobre os alimentos, o testar das
variadas receitinhas e descobertas, valerão certamente
para a vida inteira.
Entre panelas e fogão, a criança aprende bastante. Tem o
direito de provar receitas com ovos, com massas,
saladas, molhos, pastas de grão de bico e de ervilha,
bolo de cenoura ou uma infinidade de sanduíches – e tudo
isso ainda será muito divertido. Com certeza a criança
treinará habilidades, virtudes, capacidade de
concentração.
No dia a dia, não tenha receio e peça a seu filho que
procure lavar as mãos, colocar o avental, seguir uma boa
receita de cozinha, e mãos à massa!
Por fim, quando a refeição estiver pronta, nada melhor
do que aproveitar o instante para comer em boa
companhia.
Notinha
Depois de cozinhar, inclua a criança na hora da limpeza.
E para que isso também se torne um hábito.
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