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por Cláudio Bueno da Silva

 

Senhora com um livro na mão


Nunca é tarde, sempre é tempo de desenvolver o intelecto, descobrir caminhos próprios, encontrá-los com o suor da mente. Uma das cenas que mais me comovem é ver uma pessoa de idade avançada com um livro na mão.

Isso me ocorreu há algum tempo quando caminhava num parque arborizado em pleno verão. Olhando tudo ao redor, percebi uma senhora sentada num banco, lendo compenetrada.

A mania que temos de calcular a idade dos outros veio instantaneamente: oitenta, talvez, ou mais. Dei outras voltas pelo caminho e resolvi sentar-me em frente a ela, a uma distância que não fosse inconveniente, mas que me permitisse vê-la. Absolutamente nenhum interesse de minha parte, além de observar uma cena pouco comum num país tão populoso quanto o nosso, e possivelmente produzir algumas reflexões que coubessem numa crônica.

O hábito de ler deve começar cedo, mas isso não impede que pessoas tomem gosto pela leitura a qualquer tempo. A vida se revela, o mundo se abre para quem lê. Fiquei imaginando em que lugares devia estar o pensamento daquela mulher e que emoções carregava. Atenta ao que lia, mexia-se de vez em quando apenas para ajustar os óculos ao rosto.

Passados alguns minutos, levantei-me e retomei a caminhada. O sol começava a esquentar, amigavelmente.

Já se disse muito e as estatísticas periódicas mostram que o brasileiro lê bem menos do que deveria. É uma pena, pois os livros são uma forma não só de lazer e aculturamento, mas também de desenvolver o senso crítico e amadurecer o espírito. Claro que é importante escolher as leituras, mas de um modo geral, não ler nada e nunca é uma tragédia na vida de muita gente.

Nada mais patético que ouvir pessoas emitindo opiniões sobre o que de nada sabem. Em muitos casos o contato frequente com os livros evitaria certos constrangimentos. Esse contato traz qualidade de vida, prazer em viver, amplia a compreensão do mundo, facilita as relações, além de apurar a sensibilidade com consequentes benefícios ao sentimento.

A vida ensina através das experiências. Mas estou para dizer que ela aprende com os livros.


 
 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita