Lei de Ação e Reação: por que entendê-la?
A existência dessa Lei e o seu real significado é
desconhecida por grande parte da humanidade. Fato que
levou boa parte dos seres humanos ao egoísmo e ao
materialismo feroz. Ambos frutos do desvirtuamento da
mensagem de Jesus, ao longo dos séculos, por
adulterações e falsas interpretações introduzidas por
aqueles que deviam insculpi-la e perpetuá-la nos
corações que os ouviam, sedentos de luz.
A conduta humana seria outra, se soubéssemos que tudo
que doamos à vida volta para nós: quaisquer pensamentos
e atos geram resultados da mesma natureza para nós
próprios, com longos e dolorosos períodos de reparações
pelos erros cometidos. Não haveria os desatinos que se
vê, tempos após o Mestre havê-la enunciado.
“(...) o Filho do homem há de vir (...) e então
retribuirá a cada um conforme as suas obras.” Mt, 16:27.
Ou seja, Ele nos retribuirá por nossas ‘obras’, com
reações da mesma natureza!
Aqueles a quem coube a pregação da mensagem do Mestre
não quiseram; não puderam; não a compreenderam; ou,
ainda, a desvirtuaram propositalmente! Fatos escabrosos,
desenvolvidos por séculos, por esses ‘religiosos’,
justificam essas conclusões!
Noutra parte, de linear clareza, Jesus ilustra esse
princípio ao dizer a Pedro:
“(...) Embainha a tua espada; pois todos que lançam mão
da espada, à espada perecerão” Mt, 26:52.
João Evangelista (Jo, 18:10) informa que foi Pedro a
puxar a espada, cortando a orelha direita de Malco,
servo do sumo sacerdote. E é Lucas (Lc, 22:51) quem
assinala que o Mestre tocou-lhe a orelha e a curou!
O Mestre sempre exemplificou o que ensinava, em todas as
oportunidades.
Neste caso, destaca-se a submissão aos desígnios do Pai.
Agredido, ofereceu a outra face. Jamais se vingou!
Confiou em Deus até o limite extremo de ‘perder’ a vida
física!
Também nós não compreendemos ainda o que nos expôs no
Evangelho, eis que não vivenciamos Suas lições sublimes.
Essa é tarefa para múltiplas reencarnações, porque o
‘homem velho’ ainda grita em nosso íntimo, resistindo às
mudanças indispensáveis à conquista da verdadeira
liberdade. Andamos em círculos, sem ousarmos realizar um
ponto de inflexão, na direção da liberdade, buscando
outros caminhos e aprendendo a renunciar ao mundo,
vencendo-o!
-.-
Porque Deus submete os povos a provações para acelerar
sua evolução.
Para compreender os tempos atuais, consultemos o
Codificador (1):
[NOTA de Kardec: Entre os flagelos destruidores,
naturais e independentes do homem, devem ser colocados
na linha de frente a peste, a fome, as inundações, as
intempéries fatais às produções da terra. (...) Que não
fará, então, o homem pelo seu bem-estar material, quando
souber aproveitar-se de todos os recursos da sua
inteligência e quando, sem prejuízo da sua conservação
pessoal, souber aliar o sentimento de verdadeira
caridade para com os seus semelhantes?] (1)
-.-
Importância da Religião, da Fé e da oração
É quase sempre em nosso retorno à vida espiritual que
nos damos conta de nossos equívocos, de nosso descaso
para aquilo que realmente conta para Espíritos imortais.
Eis o que se revelou sobre André Luiz, Espírito:
“Depois de muito sofrimento, compreendeu que os
princípios puramente filosóficos, políticos e
científicos apresentavam-se como extremamente
secundários para a vida humana. O problema religioso era
prioritário. Tinha sede de fé”. (2)
E ele próprio reconhece sua carência de consolo:
“Eu, que detestara as religiões no mundo, experimentava
agora a necessidade de conforto místico”. (3)
“Ah! É preciso haver sofrido muito, para entender todas
as misteriosas belezas da oração; é necessário haver
conhecido o remorso, a humilhação, a extrema desventura,
para tomar com eficácia o sublime elixir de esperança.”
(3)
Define a oração com magistral beleza: sublime elixir da
esperança!
Sua mãe o acompanhava de regiões superiores e intercedeu
para que fosse amparado, após extenso período de
sofrimentos, de purgação e de pedido de socorro.
Também o Irmão Jacob – espírita por sua vez – anota que
não utilizou o tempo como devia. Ele e muitos de seus
contemporâneos, com quem se encontrou no além:
“Lastimavam todos, qual ocorria a mim mesmo, não haverem
aproveitado as horas no corpo físico, dentro da
eficiência desejável. Poderíamos ter concretizado muito
mais o nosso idealismo cristão na causa que abraçáramos,
se tivéssemos usado a aplicação com o mesmo ímpeto com
que procurávamos conforto no campo do ensinamento”. (4)
-.-
Lamentos que serão nossos – quase sem exceção –, no
encontro com a própria consciência, no retorno à Pátria
verdadeira. Conhecermos essas verdades espirituais, a
nós reveladas pela Doutrina Espírita, será agravante às
dores morais que sentiremos, eis que:
“Muito se pedirá àquele a quem muito se tiver dado
(...)”. Lc, 12:48.
E que dizer dos que falham nos deveres que têm com a
comunidade e se omitem? E mais, quando desviam recursos
indispensáveis ao amparo e à melhoria das condições de
vida das populações a que deviam servir?
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Ao tempo de Allan Kardec havia espíritas vinculados a
diversos cultos. Liam e estudavam obras espíritas não só
católicos, mas também padres e outros religiosos:
“(...) já dissemos que o clero não é unânime em sua
reprovação contra o Espiritismo. Conhecemos pessoalmente
vários eclesiásticos muito simpáticos a essa ideia,
aceitando todas as suas consequências. Eis uma prova bem
característica no fato seguinte, bem recente, (...)
Num vagão de estrada de ferro achavam-se dois senhores,
um cientista materialista e ateu extremado, e seu amigo,
que, ao contrário, era muito espiritualista. Discutiam
calorosamente, cada um sustentando sua opinião. Numa
estação subiu um jovem padre, que a princípio escuta e
logo depois participa da conversa. Dirigindo-se ao
incrédulo, diz-lhe: Parece, senhor, que em nada
acreditais, nem mesmo em Deus? – Confesso que é verdade,
senhor padre, e ninguém ainda conseguiu me provar que eu
esteja em erro. – Pois bem, senhor, eu vos aconselho a
ir aos espíritas para crerdes. – Como! Senhor padre,
sois justamente vós que me falais assim? – Sim, senhor,
e digo isto porque é a minha convicção. Sei, por
experiência, que quando a religião é impotente para
vencer a incredulidade, o Espiritismo triunfa. – Mas que
pensaria o vosso bispo se soubesse o que acabaste de
dizer-me? – Pensaria o que quisesse, e eu o diria a ele
próprio, pois tenho por hábito não ocultar o meu modo de
pensar”. (5)
E, a seguir, dá outro exemplo: um dos mais fervorosos
adeptos da Doutrina Espírita, ao visitar um de seus
tios, que era cura de aldeia, viu que ele lia O Livro
dos Espíritos. E indaga-lhe se não temia ‘ficar
danado’.
“– Ao contrário, esta doutrina me tranquiliza quanto ao
futuro, pois hoje compreendo muitos mistérios que não
havia compreendido, mesmo no Evangelho.” (5)
-.-
"O Livro dos Espíritos contém as bases
fundamentais do Espiritismo; é a pedra angular do
edifício; todos os princípios da doutrina aí estão
expostos, (...)." (6)
Destacamos alguns desses princípios – detalhados no Cap.
VI de sua Introdução:
Existência de Deus;
Existência dos Espíritos e sua imortalidade;
Natureza dos Espíritos. Suas relações com os homens;
Lei da Evolução (Progresso infinito dos Espíritos:
criados simples e ignorantes);
Reencarnação (pluralidade das existências e dos mundos
habitados);
Fé raciocinada;
Lei de Causa e Efeito ou de Ação e Reação;
O livre-arbítrio;
Esquecimento do passado;
As leis morais — Reforma íntima.
Observá-los leva-nos à evolução consciente.
Todas são importantes, mas ignorar a Lei de Ação e
Reação mantém-nos em círculos de dores superlativas, em
múltiplas reencarnações!
O Universo é Moral, e as Leis Divinas o sustentam.
Para adotá-las basta-nos exercitar outra Lei: a do
Livre-arbítrio, mas fazendo boas escolhas, atentos às
recomendações de Paulo:
“Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém!” 1 Co, 6:12.
E nossas dores revelam que buscamos sempre o que não nos
convém!
É tempo de mudar e aprendermos a amar a nós mesmos!
Referências:
1. KARDEC, Allan. O Livro dos
Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.
impr. Rio de Janeiro: FEB, 2011, Nota de Kardec à q.
741, p. 459.
2. NOBRE, Marlene. Nossa Vida no Além.
1. ed. São Paulo: FE Editora Jornalística, 1998, p. 86.
3. XAVIER, Francisco C. Nosso Lar.
Pelo Espírito André Luiz. 61. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2010, p. 24.
4. XAVIER, Francisco C. Voltei.
Pelo Espírito Irmão Jacob. 7. Ed. Rio de Janeiro: FEB,
11/1979, Cap. 15, p. 143.
5. KARDEC, Allan. Revista Espírita.
Ano sexto – 1863. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. Ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2004. O Espiritismo na Argélia, p.
485/6.
6. KARDEC, Allan. Revista Espírita.
Ano oitavo – 1865. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. Ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2004. Nota Bibliográficas, p. 378.
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