A espiritualidade do ser
A religiosidade é uma conquista que ultrapassa a
adoção de uma religião. (Joanna de Ângelis)
Com bastante frequência temos ouvido falar sobre a
importância de mantermos o nosso estado de espírito em
harmonia para que tenhamos mais saúde e bem-estar
físico.
Carl Jung, estudando a intimidade psicológica humana,
concluiu que o homem possui uma função religiosa
natural, e que sua saúde, estabilidade psíquica e a
manifestação adequada de seus instintos dependem dos
sentimentos de espiritualidade. Essa conclusão, não
somente realizada por Jung, tem sido pouco valorizada
pelas pessoas. Embora a maioria de nós acreditemos na
Espiritualidade, ou melhor dizendo, na existência de um
mundo que se projeta além deste que conhecemos, ainda
sentimos dificuldades para sintonizar com algo
invisível.
Sabemos, também, que desde os tempos mais primitivos, é
comum expressar sentimentos de espiritualidade por meio
da religião e de seus símbolos materiais. Para algumas
pessoas, a espiritualidade é a conexão com a natureza e
o cosmo, para outras ela se expressa pela música, pelas
artes, meditação etc.
Desse modo, qualquer que seja a forma de se expressar a
espiritualidade, que é inata no ser constituído de corpo
e espírito, resultará como um recurso fabuloso para o
equilíbrio biopsíquico, lembrando um pensamento
filosófico grego: “Mens Sana in corpore sano”.
Importa mencionar que a Neurociência, estudando as
diversas áreas do cérebro humano, revela que a meditação
e a prece influem positivamente nas áreas responsáveis
pela emoção, repercutindo, assim, imediatamente, nos
órgãos vitais e nos centros emocionais do ser. Por outro
lado, por mais que a ciência avance, ela não tem
conseguido expulsar Deus dos mistérios do cérebro
humano. A busca pela origem do pensamento, que ainda não
se revelou para a ciência, indica que ele, o pensamento,
se encontra fora do corpo, para o que alguns cientistas
se inclinam.
A propósito, cito uma conclusão do psiquiatra
norte-americano, Andrew Newberg, que assim declara: “Em
vez de partir do princípio de que a consciência emana do
mundo material, como faz a maioria dos cientistas,
precisamos considerar a visão alternativa proposta por
muitas tradições espirituais, segundo a qual, a
consciência é considerada um componente fundamental da
realidade – tão ou mais fundamental que o espaço, o
tempo e a matéria”.
Assim, podemos identificar nessa conclusão, uma
similaridade com a Doutrina Espírita, que, além de
reconhecer a continuidade da vida após a morte, ainda
oferece métodos seguros e não menos legítimos para a
constatação da comunicabilidade dos Espíritos com o
mundo material. São inteligências que espontaneamente
revelam aos médiuns, evidentemente, aqueles dotados de
seriedade, as suas identidades.
Esse fato demonstra que o patrimônio do pensamento e da
memória não se perde com a morte.
Não se pode negar a existência da alma somente porque
nenhuma delas se deixou aprisionar nos laboratórios para
se submeter ao exame metodológico da ciência.
A busca da Espiritualidade, muitas vezes delineada por
um roteiro proposto por alguma religião, é importante
que estejam presentes, além da emoção, a luz da razão e
da lógica, para que seja possível reconhecer, de maneira
crítica, a existência de Deus e da imortalidade da alma,
sem os fanatismos religiosos que descaracterizam os
sentimentos da espiritualidade, zombam da fé alheia e
escravizam consciências infantis.
Desse modo, a espiritualização deve ser entendida como
um permanente processo de conscientização da vida, da
individualidade humana e sua destinação superior e, como
bem nos ensina, mais uma vez, Joanna de Ângelis, no
livro “Encontro com a paz e a saúde”, “A
iluminação interior, porque dilui toda sombra da
ignorância no imo do espírito, trabalha pela vitória
sobre o medo em todas as suas expressões – da morte, da
vida, do insucesso, das doenças, do erro, da velhice, da
miséria – ocorrendo, ora de chofre, ora lentamente”.
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