“O que é Deus?”
Adequada, a
pergunta do codificador! Poderia ter perguntado “quem” é
Deus, admitindo uma comparação. Irreparável, categórica,
a resposta: “Deus
é a inteligência suprema, causa primária de todas as
coisas.”1
Perante o imbróglio das primeiras três questões
filosóficas dos Espíritos no Cap. Deus, socorre-nos
a filosofia da constatação cotidiana dos efeitos simples
de Deus.
Deus é o imparcial do sol, das chuvas, dos ventos! Seu
sol brilha sobre bons e maus; sua chuva torna prenhes as
terras de uns e de outros; e sua brisa e ventos
acariciam e beijam as faces de ímpios e piedosos. Como
ousaria privar os bons dessas benesses a despeito dos
equívocos dos maus? Bons e maus aos nossos olhos o
seriam aos d’Ele? Como arrancaria Ele só o joio, sem o
prejuízo do trigo?
Deus é ouvir-se o tagarelar – verdadeiras sonatas – de
princípios inteligentes dos quais é o Maestro perfeito.
É o instinto desses mesmos seres ao alimentar seus
filhotes; montar e remontar abrigos; defender-se de
predadores.
É a astúcia, comportamentos, fidelidade, artimanhas,
adestramento e até a imaginação desses mesmos grandes seres
menores.
É a causa dos efeitos de inteligências brilhantes
buscando soluções para a diversidade de problemas que
afetam diariamente nossa saúde, economia, alimentação,
vestuário, infraestrutura, moradia...
É a ousadia das flores e folhas, dos princípios vitais
buscando as claridades; suas raízes indo na direção da
vida, e seus frutos guardando sementes para perpetuação
das espécies.
É contemplarmos um céu
estrelado, a imensidão do mar, uma tormenta com inúmeras
descargas elétricas, os abismos de um oceano... e
afirmarmos como Voltaire2: “É-me
impossível admirar este imenso relógio e duvidar que
haja um Relojoeiro!”
É observarmos os ciclos muito bem definidos da videira e
percebermos que há a estação dos brotos, da
floração, dos frutos, da perda das folhas, e do preparo
das novas gemas para a continuidade do círculo vicioso
dessa cultura.
É o arco-íris natural plantado na diversidade de
florestas do Planeta; as multicoloridas culturas de
hortaliças, flores e grãos, reunindo agregação humana e
a botânica divina.
É a brisa chacoalhando o sino dos ventos, caprichosamente
entalhado em bambu pelas quatro mãos da Natureza e do
homem, e retirando dele sonidos de causar inveja aos
melhores instrumentistas do Planeta.
Se observarmos as maiores
inteligências do Planeta nas diversas áreas, economia,
literatura, artes, invenções, realizações, soluções...
veremos que todas estas “inteligências
têm também uma causa e quanto maior for a sua
realização, maior deve ser a causa primária.”3
É o Deus estudado, a partir de seus atributos,
convenientemente por nós, como Onipotente, Justo e Bom,
já que pela categoria de nosso Planeta tais “predicados”
nos são de extremo auxílio.
Pois esse Deus, Todo Poderoso e Bom, porque é Justo,
coloca o homem em destaque na sua criação: concede-lhe a
administração de seu Reino na Terra. E se é “Rei”, somos
os seus príncipes, administradores, herdeiros do Reino
Principal!
A filosofia da
constatação, por menor que seja, nos fará perceber que “tudo
que não é obra do homem, a razão nos
responderá”4 que é obra e prova da
existência de Deus.
Bibliografia:
1, 3 e 4. Kardec, Allan. O Livro dos
Espíritos, tradução de J. Herculano Pires, 71ª
edição da LAKE, questões 1, 693-a e 4.
2. François-Marie Arouet.
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