Mulher: a Riqueza do Mundo
Mais um Dia Internacional dedicado à Mulher, como de
resto acontece todos os anos.(1) A homenagem
faz todo o sentido, sem qualquer dúvida, porque sem a
Mulher, provavelmente, a sociedade seria muito
diferente, mais pobre, menos sensível e muito pouco, ou
mesmo nada, equilibrada, considerando que, quase sempre,
a violência física e bélica parte do homem.
A Mulher é essa pessoa maravilhosa que a Natureza/Deus
colocou no mundo, para acompanhar o homem e ser seguida
por ele, em todas as suas iniciativas e dimensões, sendo
certo que são estes dois seres que movimentam o mundo,
e, hoje, pode-se afirmar que: “Ao lado de um grande
homem deve estar sempre uma grande Mulher e vice-versa”.
A história da Mulher no que respeita à luta pelos seus
deveres, direitos e dignidade é longa, remonta a
milênios de anos. Ela, a Mulher, até há bem pouco tempo,
talvez menos de dois séculos, limitava-se a obedecer,
incondicional e cegamente ao homem, fosse o pai, o
marido ou até um irmão mais velho. O seu papel não seria
muito superior ao de uma escrava.
Ainda hoje verificamos que, em muitas sociedades e
culturas, a Mulher continua a ser um “objeto” de
satisfações de outras “pessoas”, nomeadamente, sexual,
por parte de alguns maridos e/ou indivíduos “tarados”,
assumindo, ainda, impositivamente, a procriação e
aumento da família, designadamente nos países onde a lei
assim o determina, também entre diversas tribos
indígenas, ou, então, ser privada de ter filhos, porque
o marido não o deseja. Há de tudo um pouco por esse
mundo afora, quase sempre com o sofrimento da Mulher.
Ao longo dos séculos, foi ignorada, maltratada,
vilipendiada, abusada, humilhada, ostracizada,
inclusive, apedrejada, em certas culturas que mais se
aproximam da selvajaria. Igualmente desvalorizada quanto
às suas capacidades intelectuais, inteligência,
relativamente aos seus dotes criativos e competências
diversas que, realmente, sempre possuiu, mas que o homem
se opunha a que se revelassem e desenvolvessem ainda
mais.
Felizmente, os tempos, as
mentalidades e as circunstâncias têm vindo a mudar em
favor desta deliciosa criatura que é a Mulher, também, e
em grande parte, devido aos seus méritos próprios, na
persistência em obter tudo o que por direito lhe é
devido, porque, na verdade, “Todos
somos livres e iguais, em deveres e direitos”.
Neste dia de homenagem, justa e merecida, à Mulher,
importa reafirmar a sua cada vez maior influência nos
destinos do mundo, desde logo a começar no seu papel de
mãe, que é de imenso relevo, cuja responsabilidade em
educar e preparar os filhos, para estes, quando chegar o
tempo, estarem preparados e contribuírem para um mundo
cada vez melhor.
Numa outra dimensão, a Mulher, enquanto esposa,
companheira, amiga do homem que, nem sempre, tem uma
sensibilidade tão apurada quanto a Mulher, para
enfrentar e resolver certas situações, ela, na sua
vertente moderadora, apaziguadora e tranquilizante,
quantas vezes alcança excelentes resultados em diversos
e, aparentemente, irresolúveis conflitos?
Na vida profissional, a mulher tem vindo a ganhar
imensas competências, verificando-se que a sua ascensão
a posições de grande relevo, nas diversas hierarquias,
públicas e privadas, é uma constante, bem como na
diversificação das muitas, dir-se-ia, quase todas, as
atividades em que se envolve, na maioria dos casos, com
sucessos evidentes e indiscutíveis.
Hoje, primeiro quarto do século XXI, a Mulher
desempenha, na sociedade, dita moderna, os mais
proeminentes serviços, porque dotada de grande
inteligência, profunda sensibilidade para as questões
sociais e humanas, bem como uma intuição muito apurada,
por vezes direcionada para o pressentimento bom, ou mau,
ela consegue, com estas faculdades inatas e/ou
adquiridas, resolver situações extremamente complexas,
pelo diálogo, pelo sentimento, pela sua predisposição
para o bem e para o perdão.
Neste dia mundial dedicado à Mulher, cumpre à sociedade,
alegadamente moderna, valorizar o seu contributo,
enquanto promotora de ideais nobres, dos quais se
destaca a sublime missão da maternidade, e as
consequências que dela resultam para o mundo que se
deseja muito melhor para mães, pais e filhos, na medida
em que cabe à família, em primeira instância, na
circunstância e, por maioria de razões, à mãe, cuidar,
preparar e acompanhar os filhos, obviamente, tendo a seu
lado o marido que, de igual forma, tem idênticos deveres
para com os filhos.
Naturalmente que o ideal, sempre que ele seja possível,
seria que a mãe e o pai tivessem todas, ou pelo menos as
melhores condições para se manterem unidos: na saúde, no
amor, no trabalho, na alegria e na tristeza, que
comungassem objetivos idênticos, para assim educarem e
prepararem para a vida os seus descendentes, biológicos
ou adotivos.
Quando se pretende enaltecer o papel da Mulher na sua
componente matrimonial, é suposto exigir-se ao seu
parceiro que tenha por ela semelhantes sentimentos,
atitudes e comportamentos, tal como ela manifesta para
com o marido, porque só assim é possível caminhar para a
felicidade, obviamente, respeitando princípios, valores,
crenças e ideais de cada um, desde que não colidam com a
harmonia e amor que devem existir entre eles, e também
para com os filhos, quando os há, de contrário há que
chegar a consensos para a melhor harmonia.
Convém esclarecer que tanto a Mulher, quanto o homem,
não podem, em circunstância alguma, serem dominados um
pelo outro, objetos de satisfação de caprichos, motivos
de discriminações negativas, porque o respeito, a
probidade, a dignidade e os sentimentos devem ser
recíprocos, verdadeiros, sem ambiguidades nem
oportunismos. A transparência e a confiança são
essenciais no matrimônio.
Hoje é o dia que o mundo dedica à Mulher, mas todos os
dias deveriam ser consagrados a este maravilhoso Ser,
que nem sempre o homem sabe estimar, valorizar e amar
incondicional e autenticamente, seja qual for esse amor:
conjugal, filial, parental, amigo genuíno, entre outros
possíveis, no limite amar a Mulher no seu sentido mais
sublime, nobre, respeitável, agora e sempre, não apenas
hoje.
É claro que à mulher também lhe cabem idênticas
responsabilidades e sentimentos, assumindo as posturas e
comportamentos que a dignifiquem e que sejam
respeitadores dos seus entes queridos, reveladores de um
amor impoluto, sincero, integral que sente, por exemplo
e desde logo, pelo seu marido, companheiro ou, por que
não, pelo seu “apaixonado”, enfim, atitudes que não
venham a estigmatizar, humilhar e envergonhar os seus
filhos e demais familiares.
Neste dia mundial dedicado à Mulher, tal como em todos
os dias do ano, a responsabilidade da Mulher, enquanto
arquétipo de bons exemplos, na sociedade e na família, é
muito grande, por isso ela deve rodear-se sempre das
melhores companhias, fazer-se acompanhar das pessoas que
sabe que, em todos os contextos, a respeitam, a
dignificam e que não se aproveitarão de eventuais
fragilidades, para tentarem quaisquer “benefícios” que a
venham magoar.
E se, por um lado,
pertence à família defender, intransigentemente, a
respectiva progenitora, também a esta compete
precaver-se para não dar azo à divulgação de “juízos de
valor” por parte de uma determinada sociedade por vezes,
aparentemente bem informada, porque quando uma Mulher se
envolve com certos indivíduos, cujo caráter deixa muito
a desejar, que se tem conhecimento da vida que eles
levam, de dia e de noite, de um passado duvidoso que
continua no presente e se projeta para um futuro de
excessos de vária ordem, do álcool, passando pela
prostituição até à droga, de uma vida parasitária ou
quase, de uma situação de negação de quaisquer
compromissos familiares, a Mulher que pactua, convive,
relaciona-se, mais ou menos estreitamente, com tais
criaturas, corre sérios riscos de vir a ser desvirtuada,
toda a sua honestidade, reputação e bom nome caem,
irremediavelmente, na “lama”, porque: “À
mulher de César não lhe basta ser séria; também tem de o
parecer”.
Nesta sociedade tão conturbada, onde os princípios,
valores, sentimentos e emoções parecem que são cada vez
mais “falsificados”, resta-nos a esperança de recebermos
o apoio, os bons conselhos, os excelentes exemplos da
Mulher Imaculada, seja ela a nossa mãe, a nossa esposa,
a nossa namorada, a nossa amiga verdadeira, enfim,
aquela Mulher que nós sabemos que nos quer bem, que nós
amamos, respeitamos e também, quando necessário,
protegemos.
Os olhos da sociedade, para o bem e para o mal, estão
colocados na Mulher. Por isso, e nesse sentido, se apela
à nossa outra “Alma Gêmea” em particular, e à Mulher em
geral, para que cada vez mais dignifique a sua condição
feminina, que honre o seu superior estatuto de mulher,
esposa, mãe, filha, amiga. A Felicidade das pessoas, da
família e da sociedade gira à volta da Mulher, este Ser
magnífico que tanto nos pode orgulhar e ajudar a vencer
as dificuldades da vida, como nos derrotar para todo o
sempre.
Fica aqui, também, uma palavra para os homens que se
consideram amigos fidedignos de senhoras e/ou que têm
amigas verdadeiras: nunca permitam, na medida do
possível, e no que de vós depender, que algum outro
indivíduo, por qualquer processo, por qualquer posição
mais privilegiada, por ascendentes que possa ter, que
comprometa a idoneidade de uma Mulher honesta, porque há
por aí muitos sujeitos que gostam imenso de se exibir,
de mostrar a sua alegada virilidade.
A felicidade de uma Mulher, quando ela tem a sua família
constituída, que ama o seu marido e filhos, não pode ser
atacada por quem quer que seja; deve, isso sim, ser
protegida, a não ser que ela dê sinais em contrário e,
em cada momento da sua vida, esteja a caminhar para uma
ruptura, todavia, ainda assim, nós, homens, educados,
amigos verdadeiros e incondicionais de tais mulheres,
devemos tudo fazer para que elas mantenham a sua
respeitabilidade, dignidade, reputação e bom nome, até
para salvaguarda da nobreza dos seus restantes
familiares. Não deveremos ser oportunistas da
fragilidade ou infelicidade de uma amiga, se realmente
somos amigos dessa Mulher.
(1) Embora
escrito em março último, às vésperas do Dia
Internacional da Mulher, o presente artigo é atemporal
e, por isso, de permanente atualidade.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
é presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de
Portugal.
|