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por Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

 

Mulher: a Riqueza do Mundo  


Mais um Dia Internacional dedicado à Mulher, como de resto acontece todos os anos.(1) A homenagem faz todo o sentido, sem qualquer dúvida, porque sem a Mulher, provavelmente, a sociedade seria muito diferente, mais pobre, menos sensível e muito pouco, ou mesmo nada, equilibrada, considerando que, quase sempre, a violência física e bélica parte do homem.

A Mulher é essa pessoa maravilhosa que a Natureza/Deus colocou no mundo, para acompanhar o homem e ser seguida por ele, em todas as suas iniciativas e dimensões, sendo certo que são estes dois seres que movimentam o mundo, e, hoje, pode-se afirmar que: “Ao lado de um grande homem deve estar sempre uma grande Mulher e vice-versa”.

A história da Mulher no que respeita à luta pelos seus deveres, direitos e dignidade é longa, remonta a milênios de anos. Ela, a Mulher, até há bem pouco tempo, talvez menos de dois séculos, limitava-se a obedecer, incondicional e cegamente ao homem, fosse o pai, o marido ou até um irmão mais velho. O seu papel não seria muito superior ao de uma escrava.

Ainda hoje verificamos que, em muitas sociedades e culturas, a Mulher continua a ser um “objeto” de satisfações de outras “pessoas”, nomeadamente, sexual, por parte de alguns maridos e/ou indivíduos “tarados”, assumindo, ainda, impositivamente, a procriação e aumento da família, designadamente nos países onde a lei assim o determina, também entre diversas tribos indígenas, ou, então, ser privada de ter filhos, porque o marido não o deseja. Há de tudo um pouco por esse mundo afora, quase sempre com o sofrimento da Mulher.

Ao longo dos séculos, foi ignorada, maltratada, vilipendiada, abusada, humilhada, ostracizada, inclusive, apedrejada, em certas culturas que mais se aproximam da selvajaria. Igualmente desvalorizada quanto às suas capacidades intelectuais, inteligência, relativamente aos seus dotes criativos e competências diversas que, realmente, sempre possuiu, mas que o homem se opunha a que se revelassem e desenvolvessem ainda mais.

Felizmente, os tempos, as mentalidades e as circunstâncias têm vindo a mudar em favor desta deliciosa criatura que é a Mulher, também, e em grande parte, devido aos seus méritos próprios, na persistência em obter tudo o que por direito lhe é devido, porque, na verdade, “Todos somos livres e iguais, em deveres e direitos”.

Neste dia de homenagem, justa e merecida, à Mulher, importa reafirmar a sua cada vez maior influência nos destinos do mundo, desde logo a começar no seu papel de mãe, que é de imenso relevo, cuja responsabilidade em educar e preparar os filhos, para estes, quando chegar o tempo, estarem preparados e contribuírem para um mundo cada vez melhor.

Numa outra dimensão, a Mulher, enquanto esposa, companheira, amiga do homem que, nem sempre, tem uma sensibilidade tão apurada quanto a Mulher, para enfrentar e resolver certas situações, ela, na sua vertente moderadora, apaziguadora e tranquilizante, quantas vezes alcança excelentes resultados em diversos e, aparentemente, irresolúveis conflitos?

Na vida profissional, a mulher tem vindo a ganhar imensas competências, verificando-se que a sua ascensão a posições de grande relevo, nas diversas hierarquias, públicas e privadas, é uma constante, bem como na diversificação das muitas, dir-se-ia, quase todas, as atividades em que se envolve, na maioria dos casos, com sucessos evidentes e indiscutíveis.

Hoje, primeiro quarto do século XXI, a Mulher desempenha, na sociedade, dita moderna, os mais proeminentes serviços, porque dotada de grande inteligência, profunda sensibilidade para as questões sociais e humanas, bem como uma intuição muito apurada, por vezes direcionada para o pressentimento bom, ou mau, ela consegue, com estas faculdades inatas e/ou adquiridas, resolver situações extremamente complexas, pelo diálogo, pelo sentimento, pela sua predisposição para o bem e para o perdão.

Neste dia mundial dedicado à Mulher, cumpre à sociedade, alegadamente moderna, valorizar o seu contributo, enquanto promotora de ideais nobres, dos quais se destaca a sublime missão da maternidade, e as consequências que dela resultam para o mundo que se deseja muito melhor para mães, pais e filhos, na medida em que cabe à família, em primeira instância, na circunstância e, por maioria de razões, à mãe, cuidar, preparar e acompanhar os filhos, obviamente, tendo a seu lado o marido que, de igual forma, tem idênticos deveres para com os filhos.

Naturalmente que o ideal, sempre que ele seja possível, seria que a mãe e o pai tivessem todas, ou pelo menos as melhores condições para se manterem unidos: na saúde, no amor, no trabalho, na alegria e na tristeza, que comungassem objetivos idênticos, para assim educarem e prepararem para a vida os seus descendentes, biológicos ou adotivos.

Quando se pretende enaltecer o papel da Mulher na sua componente matrimonial, é suposto exigir-se ao seu parceiro que tenha por ela semelhantes sentimentos, atitudes e comportamentos, tal como ela manifesta para com o marido, porque só assim é possível caminhar para a felicidade, obviamente, respeitando princípios, valores, crenças e ideais de cada um, desde que não colidam com a harmonia e amor que devem existir entre eles, e também para com os filhos, quando os há, de contrário há que chegar a consensos para a melhor harmonia.

Convém esclarecer que tanto a Mulher, quanto o homem, não podem, em circunstância alguma, serem dominados um pelo outro, objetos de satisfação de caprichos, motivos de discriminações negativas, porque o respeito, a probidade, a dignidade e os sentimentos devem ser recíprocos, verdadeiros, sem ambiguidades nem oportunismos. A transparência e a confiança são essenciais no matrimônio.

Hoje é o dia que o mundo dedica à Mulher, mas todos os dias deveriam ser consagrados a este maravilhoso Ser, que nem sempre o homem sabe estimar, valorizar e amar incondicional e autenticamente, seja qual for esse amor: conjugal, filial, parental, amigo genuíno, entre outros possíveis, no limite amar a Mulher no seu sentido mais sublime, nobre, respeitável, agora e sempre, não apenas hoje.

É claro que à mulher também lhe cabem idênticas responsabilidades e sentimentos, assumindo as posturas e comportamentos que a dignifiquem e que sejam respeitadores dos seus entes queridos, reveladores de um amor impoluto, sincero, integral que sente, por exemplo e desde logo, pelo seu marido, companheiro ou, por que não, pelo seu “apaixonado”, enfim, atitudes que não venham a estigmatizar, humilhar e envergonhar os seus filhos e demais familiares.

Neste dia mundial dedicado à Mulher, tal como em todos os dias do ano, a responsabilidade da Mulher, enquanto arquétipo de bons exemplos, na sociedade e na família, é muito grande, por isso ela deve rodear-se sempre das melhores companhias, fazer-se acompanhar das pessoas que sabe que, em todos os contextos, a respeitam, a dignificam e que não se aproveitarão de eventuais fragilidades, para tentarem quaisquer “benefícios” que a venham magoar.

E se, por um lado, pertence à família defender, intransigentemente, a respectiva progenitora, também a esta compete precaver-se para não dar azo à divulgação de “juízos de valor” por parte de uma determinada sociedade por vezes, aparentemente bem informada, porque quando uma Mulher se envolve com certos indivíduos, cujo caráter deixa muito a desejar, que se tem conhecimento da vida que eles levam, de dia e de noite, de um passado duvidoso que continua no presente e se projeta para um futuro de excessos de vária ordem, do álcool, passando pela prostituição até à droga, de uma vida parasitária ou quase, de uma situação de negação de quaisquer compromissos familiares, a Mulher que pactua, convive, relaciona-se, mais ou menos estreitamente, com tais criaturas, corre sérios riscos de vir a ser desvirtuada, toda a sua honestidade, reputação e bom nome caem, irremediavelmente, na “lama”, porque: “À mulher de César não lhe basta ser séria; também tem de o parecer”.

Nesta sociedade tão conturbada, onde os princípios, valores, sentimentos e emoções parecem que são cada vez mais “falsificados”, resta-nos a esperança de recebermos o apoio, os bons conselhos, os excelentes exemplos da Mulher Imaculada, seja ela a nossa mãe, a nossa esposa, a nossa namorada, a nossa amiga verdadeira, enfim, aquela Mulher que nós sabemos que nos quer bem, que nós amamos, respeitamos e também, quando necessário, protegemos.

Os olhos da sociedade, para o bem e para o mal, estão colocados na Mulher. Por isso, e nesse sentido, se apela à nossa outra “Alma Gêmea” em particular, e à Mulher em geral, para que cada vez mais dignifique a sua condição feminina, que honre o seu superior estatuto de mulher, esposa, mãe, filha, amiga. A Felicidade das pessoas, da família e da sociedade gira à volta da Mulher, este Ser magnífico que tanto nos pode orgulhar e ajudar a vencer as dificuldades da vida, como nos derrotar para todo o sempre.

Fica aqui, também, uma palavra para os homens que se consideram amigos fidedignos de senhoras e/ou que têm amigas verdadeiras: nunca permitam, na medida do possível, e no que de vós depender, que algum outro indivíduo, por qualquer processo, por qualquer posição mais privilegiada, por ascendentes que possa ter, que comprometa a idoneidade de uma Mulher honesta, porque há por aí muitos sujeitos que gostam imenso de se exibir, de mostrar a sua alegada virilidade.

A felicidade de uma Mulher, quando ela tem a sua família constituída, que ama o seu marido e filhos, não pode ser atacada por quem quer que seja; deve, isso sim, ser protegida, a não ser que ela dê sinais em contrário e, em cada momento da sua vida, esteja a caminhar para uma ruptura, todavia, ainda assim, nós, homens, educados, amigos verdadeiros e incondicionais de tais mulheres, devemos tudo fazer para que elas mantenham a sua respeitabilidade, dignidade, reputação e bom nome, até para salvaguarda da nobreza dos seus restantes familiares. Não deveremos ser oportunistas da fragilidade ou infelicidade de uma amiga, se realmente somos amigos dessa Mulher.


(1)
 Embora escrito em março último, às vésperas do Dia Internacional da Mulher, o presente artigo é atemporal e, por isso, de permanente atualidade.

 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo é presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita