A vida futura
Há sobre a existência da vida futura, isto é, a vida
depois da morte do corpo físico, muitas dúvidas para boa
parte da humanidade. Alguns sentem, por uma vaga
intuição, que isto deve ser uma verdade. Todavia, não
encontrando informação segura que lhes permita uma
resposta convincente, continuam duvidando: o que existe
de fato e como será essa vida? E, sem firmeza de
convicção, muitos agem sem se preocupar com o amanhã.
Ocupam-se apenas com as coisas da vida presente,
esquecidos de que somos Espíritos imortais e, como tal,
subsistiremos ao fenômeno chamado morte.
Os judeus tinham dúvida semelhante. Segundo Kardec, em O
Evangelho segundo o Espiritismo, os judeus
“acreditavam nos anjos, considerando-os seres
privilegiados da Criação. Não sabiam, porém, que os
homens podem um dia tornar-se espírito puro e partilhar
da felicidade deste. Segundo eles, a observância das
leis de Deus era recompensada com os bens terrenos, com
a supremacia da nação a que pertenciam, com vitórias
sobre os seus inimigos. As calamidades públicas e as
derrotas eram os castigos pela desobediência àquelas
leis. Moisés não pudera dizer mais do que isso a um povo
pastor e ignorante, que precisava ser tocado, antes de
tudo, pelas coisas deste mundo. Mais tarde, Jesus lhes
revelou que há outro mundo, onde a justiça de Deus segue
o seu curso. É esse mundo que ele promete aos que
cumprirem os mandamentos de Deus, onde os bons serão
recompensados. Aí se encontra o Seu reino, onde Ele se
encontra, e para onde voltaria quando deixasse a Terra”.
Moisés não achou prudente dar-lhes maiores
esclarecimentos a respeito da existência da vida futura,
sabendo que o povo não tinha condições mentais
suficientes para entender como seria a vida futura.
Assim, deixou apenas os ensinamentos fundamentais para
que no futuro, com o evoluir dos estudos e o
desenvolvimento da ciência, fosse possível o
entendimento de como seria essa vida.
Mais tarde, Jesus, ao atender Nicodemos, que O inquiriu
‘como proceder para herdar a vida eterna’, informou
convicto: “Em verdade, em verdade vos digo, é preciso
nascer de novo. O que é nascido da carne é carne e o que
é nascido do espírito é espírito”.
Diante da incompreensão de Nicodemos, que era mestre em
Israel e, todavia, não entendeu o ensinamento dado,
tendo por isso perguntado: “Como poderei depois de velho
voltar ao ventre de minha mãe para nascer de novo?”, o
Mestre postergou para o futuro outros esclarecimentos
sobre o tema, prometendo enviar, no devido tempo, o
Consolador, o Espírito de Verdade, que viria ensinar aos
homens todas as coisas e recordar tudo o que Jesus
houvera ensinado.
Os tempos passaram e a história confirmou a promessa de
Jesus sobre a vinda do Consolador, através do trabalho
missionário de Allan Kardec que, sob a égide dos
Espíritos superiores, codificou o Espiritismo, uma
doutrina nova, confirmada pela ciência, com formulações
filosóficas e fins morais, trazendo em seus princípios
doutrinários preciosos, claros e insofismáveis
ensinamentos sobre a vida futura.
O Espiritismo veio não apenas ensinar filosoficamente a
existência da vida futura, mas prová-la por meio de
fatos, atendendo assim ao seu caráter de ciência de
observação. Esta doutrina foi revelada, não somente
pelas profundas pesquisas realizadas pelo seu
codificador, Allan Kardec, mas também por outros
cientistas e pesquisadores, verdadeiros missionários
que, após Kardec, deram continuidade às pesquisas,
realizadas com rigor científico, que confirmaram os
fundamentos dos postulados doutrinários.
Hoje sabemos que somos Espíritos imortais; que vivemos
na Terra não apenas uma, mas repetidas existências, para
elaborarmos o nosso aprendizado e nos tornarmos, um dia,
Espíritos puros. Aí então teremos conquistado a
felicidade plena que, em vão, temos procurado na Terra.
Com a certeza da imortalidade da alma, da reencarnação e
da evolução, fica fácil entender que a VIDA FUTURA é a
formulação divina adequada para podermos, no uso do
nosso livre-arbítrio, realizar as reformas íntimas
necessárias, caminho certo para a felicidade sonhada por
todos.
Assim sendo, deve ser do interesse de toda a humanidade
a tarefa de desenvolver nossas atividades no trabalho do
bem, atendendo aos ensinamentos e aos exemplos deixados
por Jesus.
Meditando seriamente nos princípios aqui expostos e
usando o bom senso e a razão, constataremos que a vida
futura é uma verdade incontestável, ensinada por Jesus e
provada cientificamente pelo Espiritismo.
Vale, pois, mesmo que seja com esforço inaudito e boa
vontade, superar os hábitos materialistas atuais, no
preparo do futuro que nos aguarda após o que designamos
como morte e final da vida, mas que na verdade
representa apenas a extinção do corpo material, uma vez
que o Espírito é imortal e a vida prossegue, na busca do
aprimoramento das virtudes que elevam e edificam a
criatura humana.
|