O pranto como recurso terapêutico da
aflição
O choro pode durar a noite inteira, mas de manhã vem a
alegria. (1) Estudiosos afirmam que a função evolutiva
do choro foi despertar empatia no semelhante e estimular
o auxílio em momentos de necessidade. Na verdade, a
histórica cooperação entre indivíduos foi e continua
sendo essencial para a sobrevivência da espécie humana.
Sabe-se que o choro libera hormônios e
neurotransmissores que aliviam a tristeza e a dor.
Especialistas alegam que reprimir o choro significa
abafar alguns sentimentos, tornando mais difícil lidar
com eles. Em face disso, médicos e psicólogos recomendam
chorar para liberar as emoções. O choro amiúde constitui
o acesso nas essências mais profundas dos sentimentos. É
quando não se domina a amargura e ela necessita ser
vazada, exposta, nem que seja solitariamente.
As lágrimas são um mecanismo de defesa do organismo para
liberar o stress e auxiliar no reequilíbrio das emoções.
O choro alivia a angústia e pode nos levar a submersões
mais intensas, quando oferecemos um sentido para as
lágrimas, para aquela dor vivida no presente.
Todavia, são urgentes alguns alertas! O choro pode ser
um episódio ligeiro de tristeza, mas também pode ser um
transtorno psicológico depressivo. A tristeza é um
estado emocional transitório e comum, uma reação
psicológica circunstancial. Entretanto, a depressão, ao
contrário da tristeza, não é algo efêmero. Uma pessoa
deprimida padece de condição emocional crônica sob as
chibatas da ansiedade mental prolongada.
Meditando a questão do choro, observamos que ele foi
sublime em Jesus. Como registrou o evangelista afirmando
que, à frente de Lázaro “morto”, o Cristo chorou. O
excelso Galileu “também chorou lamentando a
incompreensão dos homens sentados em uma das grandes
raízes de uma árvore no fundo do quintal da casa de
Pedro". (2) Jesus chorou no Getsêmani, quando sozinho,
todavia, em Jerusalém, sob o peso da cruz, rogou às
mulheres generosas a cessação das lágrimas. Na alvorada
da Ressurreição, questionou Madalena a razão do seu
choro junto ao sepulcro.
Conta o Espírito Hilário Silva no livro “A Vida Escreve”
uma metáfora em que Eurípedes Barsanulfo teria indagado
ao Mestre: “Senhor, por que choras?”. Jesus não
respondeu. O nobre filho de Sacramento reiterou: “Choras
pelos descrentes do mundo?” E após um instante de
atenção, Jesus respondeu em voz dulcíssima: “Não, meu
filho, não sofro pelos descrentes aos quais devemos
amor. Choro por todos os que conhecem o Evangelho, mas
não o praticam”. (3)
Sabendo que o choro pode significar abrigo de alívio,
consintamos que ele advenha, para benefício daquele que
chora. Apenas expressemos compaixão. Abriguemos os que
choram, dizendo-lhe frases do tipo: “Conte comigo”,
“estou ao seu lado”, “compreendo e respeito sua agonia”,
“confie e espere”, “tudo passa”, sempre sussurrando-lhe
Jesus aos ouvidos: “Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados”. (4)
Referências bibliográficas:
1. Salmo
30:5.
2. FRANCO,
Divaldo. Primícias do Reino. Ditado pelo Espírito
Amélia Rodrigues, Salvador: Editora, LEAL 2015.
3. XAVIER,
Francisco. VIEIRA, Waldo. A Vida Escreve, pelo
Espírito Hilário Silva, ed. FEB, 1998.
4. Mateus
5:4.
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