A ética da transformação
“Reconhece-se o verdadeiro cristão pela sua
transformação moral.”
Na verdade, o enunciado acima foi por mim modificado,
pois a ideia original é: “Reconhece-se o verdadeiro
espírita pela sua transformação moral” (Capítulo XVII –
item 4 – O Evangelho segundo o Espiritismo). A razão é
que somos igualmente cristãos, tendo Jesus como nosso
guia e Mestre.
Dessa forma, o que seguirá abaixo serve para todos nós,
cristãos e não cristãos, crentes ou ateus. Falar de
ética é assunto que deve interessar a todos.
Caráter, temperamento, valores, vícios, hábitos e
desejos são alguns caracteres que podem ser renovados ou
aprimorados, razão pela qual insistimos reiteradas vezes
no processo educacional da criatura, na necessidade de
se proceder a uma análise profunda do nosso ser, para
sairmos do obscuro de nossas almas, condicionadas a
comportamentos milenares de conceitos equivocados.
Em assim sendo, para o homem se aprimorar, o
autodescobrimento exige uma nova ética nas relações
consigo e com a vida: é a ética da transformação, sem a
qual, a incursão no mundo íntimo pode estacionar em mera
atitude de devassar a subconsciência sem propósitos de
mudança para melhor.
Para tal desiderato, estamos todos convocados a efetivar
uma era que seja contemplada pela unificação ética - a
união pelo amor -, pródiga de novas atitudes na
edificação de uma comunidade mais sintonizada com os
princípios morais nobres, exarados por Jesus, tendo a
fraternidade como eixo fundamental.
Por outro lado, deve ser observado que o maior obstáculo
que enfrentaremos será transpor o interesse pessoal, o
conjunto de viciações do ego repetido em várias
existências corporais e que cristalizaram a mente nos
domínios do personalismo.
A verdadeira renovação espiritual é aprender a negar-se
a si mesmo, sem descuidar-se, a esvaziar-se de si,
desprezando as atitudes egoicas, tirar as máscaras da
hipocrisia e do “pseudoamor” que vestimos, para que o
homem novo surja.
O Espiritismo, tendo como um dos seus principais
objetivos, que é a revivência do Cristianismo primitivo,
é inesgotável manancial ao alcance desse objetivo e
creio que ele não veio ao mundo para ser mais uma
corrente filosófica, mas, trazer luz, conhecimentos
espirituais, morais, éticos que deverão nortear a todas
as demais religiões e a toda a Humanidade. Se acham que
estou exagerando, procurem conhecê-lo antes de emitirem
opiniões falsas e, muitas vezes, levianas e
desrespeitosas.
O momento que estamos vivendo é de transição planetária,
onde um turbilhão de acontecimentos está desequilibrando
a muitos de nós, porém, esta é a hora de nos
movimentarmos e remarmos contra todas as correntezas do
mal que tentam nos arrastar para as sintonias menos
refinadas, e iniciarmos o que estamos adiando de há
muito. Conhecermo-nos e transformarmo-nos para melhor. A
hora é esta. As trombetas estão tocando, convocando-nos
às mudanças necessárias.
A adoção de uma ética da paz, no transcorrer da
metamorfose de nós mesmos, será medida salutar,
inadiável. Conviveremos bem com os outros na proporção
em que estivermos vivendo bem conosco mesmos,
conscientes do nosso verdadeiro papel no mundo que é
fazer benfeito a nossa parte.
Ananias, o apóstolo chamado para curar os olhos do
Doutor Tarso, quando o Mestre Jesus o chama pelo nome, o
colaborador humilde, com prontidão e livre dos
interesses pessoais, responde sadiamente: “Eis-me aqui,
Senhor”.
Assim, façamos o melhor, deixando o pessimismo, as
críticas ácidas, a inconformação inativa e nos
coloquemos à disposição na seara do bem, cada qual com
seus talentos e possibilidades infinitas.
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