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por Cláudio Bueno da Silva

 

A vida pelas mãos de uma criança


O sol mal chegara naquela manhã fresca de primavera quando meu netinho, puxando meu pijama, me chamou com insistência: “Vovô, corre, venha ver a plantinha! Apareceu, vovô!”

Levantei com a pressa que consegui e fui atrás da sua alegria na direção do jardinzinho nos fundos da casa. Algumas semanas antes tínhamos preparado um vaso com terra vegetal e ele mesmo, com as mãozinhas sujas da terra, jogara sementes, cobrindo-as com adorável cuidado infantil.

Constatei realmente que uns folículos apareciam, fazendo seu delicado verde contrastar com o preto da terra fofa.

A empolgação daquele menino me emocionou quando eu disse a ele que a plantinha nascera graças ao seu trabalho. Seus olhinhos brilharam de contentamento. Aproveitei a emoção do instante e em duas ou três pequenas frases falei para ele sobre Deus, vida, amor e trabalho, ternamente.

Passados os dias do descanso escolar, meu neto voltou para a casa dos pais, prometendo vir todos os fins de semana para ver como a plantinha crescia.

A manifestação da vida é um grande acontecimento. O serzinho que brotava no vaso e que encantou aquela criança, e ela própria ali junto a mim, cheia de surpresa e vivacidade, eram a demonstração da força misteriosa e descomunal de Deus na criação e manutenção da vida.

O fenômeno da vida sob quaisquer formas deveria sempre causar em nós imenso respeito e veneração. Além disso, deveríamos estudá-lo para compreender a sua importância e finalidade na Terra e no universo. Tudo só faz sentido em função da vida. É para ela que Deus converge o seu amor.

Sendo assim, é constrangedor observar o desprezo que muitos humanos têm pela vida, a ponto de desnaturá-la, de consumi-la como um bem descartável, e ainda pior: minimizar o valor da vida alheia. É assustador o número de mortes provocadas por motivos fúteis. E todos os motivos são fúteis quando se tira a vida de alguém. Os homens armam-se e matam-se uns aos outros com doentia naturalidade. Daí que o descompromisso com as outras formas de vida é apenas uma consequência.

Mas eu estava falando do meu neto e da sua inocente iniciação no conhecimento da lei da vida, e do quanto aquela descoberta nos encheu de felicidade. Foi uma experiência singela que deve estar guardada na sua memória como ficou na minha também.

Em relação à cegueira espiritual humana, pode-se afirmar que persistirá até que os homens entendam o amor fraterno como solução para todas as coisas.

Oh, soou a campainha. Pelos gritinhos deve ser o meu neto que chegou para ver de perto o desenvolvimento da sua plantinha. Paro por aqui.
 
 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita