Prometer é barganhar com Deus
“E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa.”
– Paulo
(Hebreus, 16:15.)
De qual promessa o apóstolo Paulo nos fala? Ele nos fala
da promessa que Jesus fez, em nome de Deus, quando
afirmou que alcançaríamos o reino dos Céus e que a paz
divina faria morada, para sempre, em nossos corações. E
é com a autoridade de quem fala em nome do Criador, que
o Mestre nos conclama à conscientização das leis que
veio nos ensinar para que, assim, através da prática da
caridade, a promessa se cumprisse.
Mas se o apóstolo nos fala de paciência, por que citamos
a caridade como porta aberta ao cumprimento da lei?
Porque a paciência é base de todas as virtudes e, por
essa razão, necessitamos desenvolvê-la dentro de nós. É
importante não perdermos de vista essa ideia, pois para
alcançarmos a promessa que Deus nos fez, através de
Jesus, de que herdaríamos o reino dos Céus, precisamos
ter esperança. E onde se encontra a base dela senão na
paciência para aguardarmos?
Todavia, nos defrontamos, nesta altura da nossa
reflexão, com um problema: como aguardar o cumprimento
dela? De que modo precisamos nos comportar para
conquistar essa benesse?
Qualquer promessa que fazemos ao outro nos parece
barganha, troca de favores. E assim também nos
comportamos com Deus, com Jesus, com os benfeitores
espirituais. É um constante toma lá, dá cá. Prometemos
não mais fumar se... Prometemos não falar mal da vida
alheia se... Aguardamos que a primeira parte seja feita
para que possamos fazer a nossa. E por aí vamos,
incansavelmente, prometendo e não cumprindo. Como Deus
não faz a sua parte... Primeiro, o pedido deve ser
realizado para depois realizarmos a nossa promessa.
Tratamos o Criador, Jesus e os benfeitores espirituais
com a mesma infantilidade com que lidamos com a nossa
responsabilidade diante da vida. Devem sempre estar à
nossa disposição no atendimento aos nossos caprichos e
desejos.
Justamente por termos essa postura diante das promessas
que fazemos, é que Emmanuel nos alerta para observar de
que forma estamos aguardando a promessa do Pai.
Lembra-nos o querido instrutor espiritual que, desde
tempos remotos – em qualquer parte e em qualquer tempo
–, todos esperamos ter os nossos lares abençoados, as
possibilidades para que possamos cumprir nossos deveres,
nosso trabalho reconhecido, nossos ideais elevados
atendidos e, principalmente, uma colheita farta.
Entretanto, não basta desejar e esperar que as coisas
aconteçam. Esperar não significa inércia, muito pelo
contrário, significa persistir sem cansaço, porque
representa o triunfo definitivo.
Prossegue Emmanuel: nesse processo de conquista deve
existir também um objetivo. Mas, além do objetivo, é
necessária uma meta que represente a exteriorização
desse objetivo. Tomando um exemplo material: todas as
vezes que pensamos em objetivo, nos vem à mente o bem
material. Desejamos uma televisão (objetivo), mas
precisamos de recurso financeiro (meta). Entre os dois
há um esforço constante na busca dessa realização.
Entretanto, nosso objetivo agora é a ligação com o
Cristo e com as promessas que Ele nos fez. E quais são
essas promessas senão as bem-aventuranças?
Bem-aventurados os mansos e pacificadores, porque
herdarão a Terra. Bem-aventurados os que têm fome de
justiça, porque serão saciados. São esses os nossos
objetivos, e Emmanuel nos pergunta de que modo poderemos
materializá-los com o Cristo. Vejamos: a) em qualquer
circunstância, é necessário esperar com paciência, pois
se há sofrimento em nossos sonhos, se há incompreensão
ao redor dos nossos desejos, e se a dor e a ingratidão
nos visitam a alma, melhor será aguardarmos; b) chorar
significa perda de tempo, de minutos preciosos no
trabalho para a conquista. Maldizer as dificuldades não
nos facilitará o entendimento da solução que já se
encontra a caminho; c) se alguém nos ofendeu, é perda de
tempo nos desgastarmos por alguém que já é tão infeliz;
d) se alguém nos prejudicou, será tolice nos vingarmos,
pois essa criatura já está assinalada pela Justiça
Divina.
Assim, se sofremos com paciência, é porque estamos
tirando, do momento de aflição que experimentamos
(transitório), lições benditas. Na Natureza o tempo traz
muitas surpresas e para nós também, quando não nos
precipitamos e entendemos que cada um está em um momento
diferente de crescimento espiritual. Por causa disso,
cada um entende de forma diferente os ensinos de Jesus
e, como nós, também eles esperam pelas promessas que
Jesus nos fez.
Tenhamos, pois, paciência conosco e, sem
constrangimentos, voltemos sobre nossos passos para
corrigir o erro, a fim de que, a partir dessa atitude,
possamos aprender a ter paciência com o próximo.
Estamos, na verdade, aprendendo a limpar o caminho que
nos leva ao Pai.
Bibliografia:
XAVIER, F. C. Palavras de Vida Eterna,
ditado pelo Espírito Emmanuel – 20ª edição – Editora CEC
- Uberaba/MG – lição 68.
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