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por Leda Maria Flaborea

 

Prometer é barganhar com Deus


“E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa.” – 
Paulo (Hebreus, 16:15.)


De qual promessa o apóstolo Paulo nos fala? Ele nos fala da promessa que Jesus fez, em nome de Deus, quando afirmou que alcançaríamos o reino dos Céus e que a paz divina faria morada, para sempre, em nossos corações. E é com a autoridade de quem fala em nome do Criador, que o Mestre nos conclama à conscientização das leis que veio nos ensinar para que, assim, através da prática da caridade, a promessa se cumprisse.

Mas se o apóstolo nos fala de paciência, por que citamos a caridade como porta aberta ao cumprimento da lei? Porque a paciência é base de todas as virtudes e, por essa razão, necessitamos desenvolvê-la dentro de nós. É importante não perdermos de vista essa ideia, pois para alcançarmos a promessa que Deus nos fez, através de Jesus, de que herdaríamos o reino dos Céus, precisamos ter esperança. E onde se encontra a base dela senão na paciência para aguardarmos?

Todavia, nos defrontamos, nesta altura da nossa reflexão, com um problema: como aguardar o cumprimento dela? De que modo precisamos nos comportar para conquistar essa benesse?

Qualquer promessa que fazemos ao outro nos parece barganha, troca de favores. E assim também nos comportamos com Deus, com Jesus, com os benfeitores espirituais. É um constante toma lá, dá cá. Prometemos não mais fumar se... Prometemos não falar mal da vida alheia se... Aguardamos que a primeira parte seja feita para que possamos fazer a nossa. E por aí vamos, incansavelmente, prometendo e não cumprindo. Como Deus não faz a sua parte... Primeiro, o pedido deve ser realizado para depois realizarmos a nossa promessa. Tratamos o Criador, Jesus e os benfeitores espirituais com a mesma infantilidade com que lidamos com a nossa responsabilidade diante da vida. Devem sempre estar à nossa disposição no atendimento aos nossos caprichos e desejos.

Justamente por termos essa postura diante das promessas que fazemos, é que Emmanuel nos alerta para observar de que forma estamos aguardando a promessa do Pai. Lembra-nos o querido instrutor espiritual que, desde tempos remotos – em qualquer parte e em qualquer tempo –, todos esperamos ter os nossos lares abençoados, as possibilidades para que possamos cumprir nossos deveres, nosso trabalho reconhecido, nossos ideais elevados atendidos e, principalmente, uma colheita farta.

Entretanto, não basta desejar e esperar que as coisas aconteçam. Esperar não significa inércia, muito pelo contrário, significa persistir sem cansaço, porque representa o triunfo definitivo.

Prossegue Emmanuel: nesse processo de conquista deve existir também um objetivo. Mas, além do objetivo, é necessária uma meta que represente a exteriorização desse objetivo. Tomando um exemplo material: todas as vezes que pensamos em objetivo, nos vem à mente o bem material. Desejamos uma televisão (objetivo), mas precisamos de recurso financeiro (meta). Entre os dois há um esforço constante na busca dessa realização.

Entretanto, nosso objetivo agora é a ligação com o Cristo e com as promessas que Ele nos fez. E quais são essas promessas senão as bem-aventuranças? Bem-aventurados os mansos e pacificadores, porque herdarão a Terra. Bem-aventurados os que têm fome de justiça, porque serão saciados. São esses os nossos objetivos, e Emmanuel nos pergunta de que modo poderemos materializá-los com o Cristo. Vejamos: a) em qualquer circunstância, é necessário esperar com paciência, pois se há sofrimento em nossos sonhos, se há incompreensão ao redor dos nossos desejos, e se a dor e a ingratidão nos visitam a alma, melhor será aguardarmos; b) chorar significa perda de tempo, de minutos preciosos no trabalho para a conquista. Maldizer as dificuldades não nos facilitará o entendimento da solução que já se encontra a caminho; c) se alguém nos ofendeu, é perda de tempo nos desgastarmos por alguém que já é tão infeliz; d) se alguém nos prejudicou, será tolice nos vingarmos, pois essa criatura já está assinalada pela Justiça Divina.

Assim, se sofremos com paciência, é porque estamos tirando, do momento de aflição que experimentamos (transitório), lições benditas. Na Natureza o tempo traz muitas surpresas e para nós também, quando não nos precipitamos e entendemos que cada um está em um momento diferente de crescimento espiritual. Por causa disso, cada um entende de forma diferente os ensinos de Jesus e, como nós, também eles esperam pelas promessas que Jesus nos fez.

Tenhamos, pois, paciência conosco e, sem constrangimentos, voltemos sobre nossos passos para corrigir o erro, a fim de que, a partir dessa atitude, possamos aprender a ter paciência com o próximo. Estamos, na verdade, aprendendo a limpar o caminho que nos leva ao Pai.

 

Bibliografia:

XAVIER, F. C. Palavras de Vida Eterna, ditado pelo Espírito Emmanuel – 20ª edição – Editora CEC - Uberaba/MG – lição 68.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita