Ao sair de Pedro Leopoldo (MG), definitivamente, Chico
Xavier não se despediu de ninguém. Com a roupa do corpo,
tomou o rumo de Uberaba. Levou apenas o velho caderno de
endereços e telefones. Iria morar com Waldo Vieira.
Deixou para trás uma cidade perplexa e minguante.
Geraldo Leão, o garoto curado por ele da paralisia facial,
guardou os três lápis usados pelo filho mais pródigo e famoso da
cidade em sua última sessão no Centro Luiz Gonzaga.
Os quatro hotéis e pensões dos tempos do médium se reduziram a
uma reles pensão. O Cine Central, onde Chico costumava ir aos
domingos pagar ingressos para a criançada pobre, deixaria de
existir. Nas mesas do Bar Central, na esquina da rua onde Chico
Xavier morou durante 49 anos e escreveu sessenta livros, o filho
de João Cândido Xavier ainda gerava polêmica 34 anos após sua
mudança.
Um ex-charreteiro da Fazenda Modelo, José Porfírio Costa Lima,
contava, de olhos arregalados, a frase dita por um espírito em
um centro de umbanda: A cidade vai pagar caro por ter deixado
Chico Xavier ir embora. Após encarar a praça vazia e
mal-iluminada, garantia, perplexo: Pedro Leopoldo está
amaldiçoada.
Do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.
|