Amor, chama divina
“Deus é amor: aquele que permanecer no amor
permanece em Deus, e Deus permanece nele.” I
Jo, 4:16.
O evangelista Mateus, no capítulo 22, versículos
37-40, registrou estas palavras de Jesus: “Amarás
o senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda
a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é
o grande e primeiro mandamento. O segundo,
semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como
a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem
toda a Lei e os profetas”.
Fica claro que o nosso amor ao próximo depende
do amor a nós mesmos, pois tal como nos amamos
devemos amar o nosso semelhante. No reino da
alma somente o amor, fonte da vida, consegue
estabelecer verdadeiro apoio ao equilíbrio e à
governança. Em qualquer departamento da vida, é
necessário amar para entender e construir, e, se
forçarmos a posse disso ou daquilo, iremos
apenas retirar a sombra ou casca daquilo ou
disso, porquanto escoada a energia que mantém o
processo de violência perderemos de imediato o
domínio da posição que intentamos assegurar.
É indispensável saibamos amar com abnegação e
ternura, entre a esperança incansável e o
serviço incessante pela vitória do bem, pois a
vida é processo de crescimento da alma ao
encontro da grandeza Divina. Portanto,
aproveitemos as lutas e dificuldades do caminho
para expansão de nós mesmos.
Cada pessoa respira em faixa diversa da
evolução. Justo nos determos na companhia
daqueles que sentem e pensam como nós,
usufruindo os valores da afinidade. Entretanto,
sempre que amarmos alguém que não comunga a onda
de nossas ideias e emoções, abstenhamos de
violentar a cabeça com os moldes em que nos
padroniza a vida espiritual.
Amparemo-nos para que em nosso setor de ação
pessoal venhamos a ser nós mesmos:
respeitando-nos mutuamente e ajudando-nos a ser
uns para os outros o que o supremo Senhor espera
que sejamos.
Reprovamos a violência e clamamos contra ela, no
entanto, na vida de relação, muito raramente,
nos acomodamos sem ela, quando se trata de
nossos caprichos. Isso é muito comum quando
amamos alguém e exigimos que esse alguém se
condicione ao nosso modo de ser, como exemplo:
se os entes queridos não nos compartilham
gostos e opiniões, eis que ficamos irritados,
reclamando contra a vida, todavia, a paz da alma
requisita compreensão e esta conhece que cada um
de nós tem sua área própria de interesse e de
ideias.
Sempre há quem pergunte como auxiliar os outros
sem recursos materiais. Eis que entre as muitas
formas de amparar sem apoio amoedado, falar para
o bem é uma delas. Por isso basta ligar os
dispositivos da memória e o verbo edificante
sairá dos nossos lábios como se fosse uma
torrente de luz. Ajudemos assim aos que ajudam
em benefício do próximo, criando o clima do
otimismo e da esperança indispensável à
sustentação da alegria e da paz.
Sem dúvida a dificuldade estará presente, mas se
forjarmos confiança na força espiritual de modo
a transpô-la ou desfazê-la, conseguiremos
liquidá-la muito mais facilmente, uma vez que
estaremos mobilizando o poder da cooperação.
Deste modo, para que a alma possa ampliar-se,
sem receio, por meio das realizações, que o
Senhor nos confia, o imperfeito amor não basta,
pois estipula salários de gratidão, e se isola
na estufa do carinho particular, reclamando
entendimento alheio. É necessário cultivarmos o
perfeito amor que tudo ilumina e a todos se
estende sem distinção.
O imperfeito amor quando procura o gozo próprio,
no concurso dos outros, é quase sempre o egoísmo
em disfarce brilhante, buscando a si mesmo nas
almas afins, para atormentá-las de variadas
formas e temor, tais como as exigências e o
ciúme, a crueldade e o desespero, acabando ele
próprio no abismo da amargura e da frustração.
Contudo, o perfeito amor compreende que o Pai
celeste traçou caminhos infinitos para a
evolução e aperfeiçoamento da alma.
A felicidade não é a mesma para todos e amar é
entender, ajudar, abençoar e sustentar sempre os
corações queridos no grau de luta que lhe é
própria. Pois cada consciência é um mundo por
si, com obstáculos e problemas próprios, e cada
um de nós, Espíritos em evolução na Terra, temos
qualidades nobres que acumulamos e imperfeições
de que devemos nos desvencilhar.
Se nos predispusermos a colaborar na edificação
do reino de Deus, comecemos pela caridade
silenciosa de não complicar e nem desanimar. O
mundo é caminho vasto da evolução e
aprimoramento onde transitam ao nosso lado a
ignorância e a fraqueza. Aproveitemos, então, a
bendita oportunidade de expansão que a esfera
física nos confere e ajudemos a quem passa sem
cogitar de pagamento de qualquer natureza.
O próximo é nossa ligação com Deus. Ao buscarmos
o Pai, ajudamos o nosso irmão amparando-nos
reciprocamente, porque segundo a palavra
iluminada do Evangelista João, “Se alguém
diz: Eu amo a Deus e aborrece o semelhante, é
mentiroso, pois quem não ama o companheiro com
quem convive, como pode amar a Deus a quem ainda
não conhece?” I João, 4:20.
Assim sendo, se tivermos amor caminharemos no
mundo como alguém que transformou o próprio
coração em chama divina a dissipar as trevas. Se
tivermos este amor, saberemos cultivar o bem a
cada instante, para vencermos o mal a cada hora,
e compreenderemos, como o Cristo fustigado na
cruz, que os nossos mais acirrados perseguidores
são apenas crianças de curto entendimento e de
sensibilidade enfermiça, que precisamos aprender
a compreender, ajudar, perdoar e servir sempre
para que a glória do amor puro nos erga o
Espírito imperecível à bênção da vida imortal.
Feliz aquele que ama, porque não conhece as
angústias da alma, nem as do corpo.
Lembramo-nos, assim, do apóstolo Paulo, na
Primeira Carta aos Coríntios, capítulo 13,
versículo 3, dizendo que mesmo que ele
entregasse seu corpo para ser queimado, se não
tivesse amor, nada disso lhe aproveitaria. Pois
o amor ao próximo é causa do nosso amor a Deus,
enquanto que o amor a Deus é efeito da causa do
amor ao nosso semelhante.
Bibliografia:
RIBEIRO, Cesar Saulo –
coordenação – O Evangelho por Emmanuel comentários
às Cartas Universais – 1ª edição – Editora
FEB – Brasília/ DF – páginas 245, 246 e 248 –
2019.
XAVIER, Cândido Francisco –
Religião dos Espíritos – ditado pelo
Espírito Emmanuel - 22ª edição – Editora FEB –
Brasília/DF – lição 1 – 2013.