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por Martha Triandafelides Capelotto

 

A visão espírita do aborto


A questão da legalização do aborto, que tanto tem preenchido os espaços na mídia, assim como discutida em vários segmentos da sociedade, merece que façamos algumas considerações, para mais uma vez, demonstrar o posicionamento da Doutrina Espírita em relação ao tema.

Primeiramente, importa dizer que as leis humanas, assim como boa parte do pensamento de nossa humanidade, não obedecem aos imperativos de ordem espiritual, faltando, ainda muito, para que tenhamos um comportamento mais adequado e responsável uns diante dos outros.

Ignorar os preceitos espirituais ou taxá-los à conta de assuntos sem relevância diante das necessidades do mundo é ignorar por completo que não somos apenas matéria. Assim, vista a questão sob a ótica material e espiritual, as coisas tomam outra conotação.

Em O Livro dos Espíritos, na questão 344, quando Kardec indaga aos Espíritos Superiores em que momento a alma se une ao corpo, eles respondem que a união começa na concepção, mas não se completa senão no momento do nascimento. Essa ideia não é diferente da de muitos profissionais da área médica, que também afirmam ser o momento da concepção o início da vida. Assim, se já temos aí um princípio de vida, mesmo que ainda em formação, inconcebível a prática do aborto.

De outro modo, uma única exceção na qual admite-se seja praticado o aborto, recai na hipótese de a mãe correr perigo de vida. Nesse caso, prefere-se a mãe em detrimento do feto ou da criança, posição coincidente com a legislação penal. Nem mesmo quando a gravidez for decorrente de estupro, é aceita a justificativa para o ato abortivo. Sabemos que não há “acasos”, tampouco “injustiças” em nossas vidas. Tudo o que passamos, mesmo nos parecendo cruel e terrível, é sempre efeito da lei de ação e reação, por isso, importante o entendimento e aceitação da lei da reencarnação, única capaz de explicar tudo o que nos parece absurdo ou injusto.

Então, o que poderíamos fazer para evitar que essa prática, tão contrária às Leis Divinas tenha o seu curso alastrado? Penso que uma educação pautada em princípios espirituais, iniciando-se no lar a conscientização de valores que vão além dos materiais, mais o conhecimento das consequências espirituais que ocorrerão com aquela que aborta e todos os que induzem ou auxiliam na prática abortiva. Para a Justiça Divina todos os envolvidos no ato criminoso sofrerão as suas consequências sombrias, imediatas ou a longo prazo, de acordo com o seu grau de culpabilidade.

Os Espíritos abortados são almas vinculadas aos nossos compromissos cármicos, muitos deles, antigos companheiros de aventuras infelizes e que no mundo espiritual prometemos socorro, reedificando a esperança de elevação e resgate, burilamento e melhoria. Porém, se anestesiamos a consciência, já instalados na Terra e os descartamos de nossa companhia, não poderemos prever as reações negativas.

Sejam quais forem as justificativas para a prática do aborto, que vão desde o recuo dos pais terrestres diante das sagradas obrigações assumidas, excessos de leviandade, inconsciência criminosa das mães menos preparadas, motivos egoísticos que podem ser diversos, tais como problemas financeiros, vaidade etc., as consequências advirão.

O assunto é complexo, principalmente porque, para discuti-lo adequadamente sob a visão espírita, seria necessário abordar outros temas e princípios inseridos na Doutrina. De toda sorte, que fique registrado que, qualquer que seja o método utilizado para provocar o aborto, sempre as consequências serão as piores, tanto físicas como espirituais. Dentre elas, podemos citar as predisposições a alterações significativas do centro genésico, em seu perispírito, com consequências atuais e posteriores que poderão desencadear o aborto espontâneo, a prenhez tubária, deslocamento prematuro da placenta, a esterilidade, a impotência etc., sem contar as consequências espirituais, tais como as obsessões, lesões no campo perispiritual, depressões que podem, dependendo do grau de culpa, levar à loucura.

Recentemente aprovado o aborto na Argentina, causou espanto saber que a autoridade máxima do catolicismo se quedou inerte, sem nenhum pronunciamento. O que será que temos por trás disso? Muito triste saber que até no meio religioso o combate ao aborto tem sido ineficaz.

Em assim sendo, não nos esqueçamos de que hoje estamos plantando o que colheremos no futuro, numa próxima reencarnação. Quando houver choro e ranger de dentes, não culpem Deus pelas mazelas que estiverem enfrentando.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita