O que irei encontrar?
Têm passado pelo nosso planeta, Espíritos de grande
sabedoria que nos deixaram o seu exemplo e as suas
orientações, entre eles, Jesus Cristo.
Lemos os livros de trás para a frente e conhecemos as
palavras da frente para trás, mas isso pouco tem servido
à evolução moral da humanidade.
Continuamos a ter esperança na felicidade de uma vida
futura, após o desencarne, que nos furta a lógica do
agora e nos cega com o sonho do paraíso.
O que irei encontrar após o desencarne?
Segundo a doutrina espírita, o que temos na Terra, pois,
é apenas uma continuação. Quando me refiro ao que temos,
não me refiro à matéria, como é obvio, mas à
constituição do ser, fora da matéria. O outro lado é
como um espelho da reencarnação.
Já se perguntou qual a sua constituição?
Esta forma de ver as coisas remete-nos ao que somos.
A humanidade tem construído, para além de todos os bens
materiais e a evolução tecnológica, o ambiente moral que
vivemos na Terra, a atmosfera psíquica e espiritual que
compõe a energia circundante ao planeta.
Infelizmente, é uma atmosfera tóxica e destrutiva, à
semelhança do que acontece no planeta. Se olharmos de
forma generalista, em relação à maioria dos habitantes,
poderá, quem criou o caos no planeta, encontrar o
“paraíso” após desencarne?
A atmosfera energética moral e envolvente da Terra é uma
consequência natural da nossa forma de ser, tal como a
energia de uma casa é o ambiente psíquico dos seus
habitantes.
Esta ideia é clara no meio dos estudantes espíritas e de
outras doutrinas que seguem a direção do aprendizado de
que somos nós que temos que “nos ajudar”. Com isto,
quero dizer que a “busca do Reino de Deus” é efetuada
por cada um de nós, no sentido de fazermos crescer
moralmente a humanidade. A caminhada é individual, mas o
sentido é em prol do geral.
Segundo esta lógica, encontraremos o paraíso no “céu”
quando a Terra for um paraíso.
Alguns poderão afirmar que aqueles que evoluem poderão
encontrar a paz e a felicidade após o desencarne. A
evolução é amor e compaixão. Poderá um pai ou um irmão
deixar os seus entes queridos no sofrimento e ser feliz?
Acredito que não, o que me leva a crer que quem evoluiu
escolhe ficar por aqui para ajudar quem não o fez e
deseja a paz, pois não a encontrou na Terra.
A orientação de Jesus, que nos leva a procurar em
primeiro lugar o Reino de Deus, indica-nos uma caminhada
interior de autodescoberta. Podemos imaginar que cada um
de nós tem dentro de si “O Reino de Deus”, e a
descoberta generalizada é a criação do paraíso na Terra.
Para o fazer, voltamos as vezes necessárias, através da
reencarnação.
O que nos falta aprender para construir o Éden terreno?
A maioria das pessoas responderá que temos de ser
melhores, o que parece lógico.
Temos que colocar a seguinte questão: por que não
conseguimos ser melhores?
Quem é “pior”, ou seja, quem comete os atos errados?
Fácil responder de que somos nós próprios.
Então, podemos afirmar que:
1 – Cometemos os erros e todos os problemas que causamos
no planeta.
2 – Chegamos à conclusão que temos de ser melhores.
3 – Voltamos a cometer os mesmos erros.
4 – Voltamos a concluir que temos de ser melhores… e
assim por toda a existência humana, até hoje, e acredito
que continuará no futuro.
Será que queremos mesmo ser melhores? O que nos impede?
Recordem-se que os atos são nossos.
Bastaria abdicar dos atos; por que não conseguimos? Por
que são eles mais fortes do que nós?
O mais interessante é que nem pensamos nestas coisas, e
esse é precisamente o problema. A inconsciência com que
vivemos e a enorme força com que ficamos apegados a esta
forma de viver.
O caminho é o simples conselho de Jesus: uma vigia
constante.
Um dos ensinamentos mais conhecidos do Mestre da vida é
a passagem que João nos traz em 8:32.
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, e nunca
servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres?
Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo
que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.”
Se eu sou servo, quem é o meu senhor?
Os nossos desejos, parte constituinte e serviçal do Ego
terreno, um bocado de nós torna-se o nosso senhor sem
que nos apercebamos. Quando o impulso é mais forte,
anula a consciência e leva-nos a uma ação dirigida pelo
objetivo de um retorno imediato.
Este hipnotismo é tão forte que dura reencarnações
inteiras, perdendo a sua força com a evolução espiritual
e a conquista do livre-arbítrio.
Esta ainda é uma realidade para a maioria das pessoas,
no entanto, acreditam que detêm o livre-arbítrio,
passando-lhes despercebido que são dirigidos por quem os
cega, imaginando que é uma escolha própria.
Na fase de compreendermos que somos dirigidos, nasce a
oportunidade de dirigir. Cabe-nos escolher a quem damos
força, ao escravizador ou à consciência pura, mas para
termos este direito é necessário vigiar, como o Mestre
alertou.
Pergunte-se a si próprio, quem tem dirigido a sua vida
terrena. Não aceite uma simples palavra mental como
resposta, tire a regra dos nove.
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