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por Bruno Abreu

 

O que irei encontrar?


Têm passado pelo nosso planeta, Espíritos de grande sabedoria que nos deixaram o seu exemplo e as suas orientações, entre eles, Jesus Cristo.

Lemos os livros de trás para a frente e conhecemos as palavras da frente para trás, mas isso pouco tem servido à evolução moral da humanidade.

Continuamos a ter esperança na felicidade de uma vida futura, após o desencarne, que nos furta a lógica do agora e nos cega com o sonho do paraíso.

O que irei encontrar após o desencarne?

Segundo a doutrina espírita, o que temos na Terra, pois, é apenas uma continuação. Quando me refiro ao que temos, não me refiro à matéria, como é obvio, mas à constituição do ser, fora da matéria. O outro lado é como um espelho da reencarnação.

Já se perguntou qual a sua constituição?

Esta forma de ver as coisas remete-nos ao que somos.

A humanidade tem construído, para além de todos os bens materiais e a evolução tecnológica, o ambiente moral que vivemos na Terra, a atmosfera psíquica e espiritual que compõe a energia circundante ao planeta.

Infelizmente, é uma atmosfera tóxica e destrutiva, à semelhança do que acontece no planeta. Se olharmos de forma generalista, em relação à maioria dos habitantes, poderá, quem criou o caos no planeta, encontrar o “paraíso” após desencarne?

A atmosfera energética moral e envolvente da Terra é uma consequência natural da nossa forma de ser, tal como a energia de uma casa é o ambiente psíquico dos seus habitantes.

Esta ideia é clara no meio dos estudantes espíritas e de outras doutrinas que seguem a direção do aprendizado de que somos nós que temos que “nos ajudar”. Com isto, quero dizer que a “busca do Reino de Deus” é efetuada por cada um de nós, no sentido de fazermos crescer moralmente a humanidade. A caminhada é individual, mas o sentido é em prol do geral.

Segundo esta lógica, encontraremos o paraíso no “céu” quando a Terra for um paraíso.

Alguns poderão afirmar que aqueles que evoluem poderão encontrar a paz e a felicidade após o desencarne.  A evolução é amor e compaixão. Poderá um pai ou um irmão deixar os seus entes queridos no sofrimento e ser feliz? Acredito que não, o que me leva a crer que quem evoluiu escolhe ficar por aqui para ajudar quem não o fez e deseja a paz, pois não a encontrou na Terra.

A orientação de Jesus, que nos leva a procurar em primeiro lugar o Reino de Deus, indica-nos uma caminhada interior de autodescoberta. Podemos imaginar que cada um de nós tem dentro de si “O Reino de Deus”, e a descoberta generalizada é a criação do paraíso na Terra. Para o fazer, voltamos as vezes necessárias, através da reencarnação.

O que nos falta aprender para construir o Éden terreno?

A maioria das pessoas responderá que temos de ser melhores, o que parece lógico.

Temos que colocar a seguinte questão: por que não conseguimos ser melhores?

Quem é “pior”, ou seja, quem comete os atos errados? Fácil responder de que somos nós próprios.

Então, podemos afirmar que:

1 – Cometemos os erros e todos os problemas que causamos no planeta.

2 – Chegamos à conclusão que temos de ser melhores.

3 – Voltamos a cometer os mesmos erros.

4 – Voltamos a concluir que temos de ser melhores… e assim por toda a existência humana, até hoje, e acredito que continuará no futuro.

Será que queremos mesmo ser melhores? O que nos impede? Recordem-se que os atos são nossos.

Bastaria abdicar dos atos; por que não conseguimos? Por que são eles mais fortes do que nós?

O mais interessante é que nem pensamos nestas coisas, e esse é precisamente o problema. A inconsciência com que vivemos e a enorme força com que ficamos apegados a esta forma de viver.

O caminho é o simples conselho de Jesus: uma vigia constante.

Um dos ensinamentos mais conhecidos do Mestre da vida é a passagem que João nos traz em 8:32.

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres?

Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.”
Se eu sou servo, quem é o meu senhor?

Os nossos desejos, parte constituinte e serviçal do Ego terreno, um bocado de nós torna-se o nosso senhor sem que nos apercebamos. Quando o impulso é mais forte, anula a consciência e leva-nos a uma ação dirigida pelo objetivo de um retorno imediato.

Este hipnotismo é tão forte que dura reencarnações inteiras, perdendo a sua força com a evolução espiritual e a conquista do livre-arbítrio.

Esta ainda é uma realidade para a maioria das pessoas, no entanto, acreditam que detêm o livre-arbítrio, passando-lhes despercebido que são dirigidos por quem os cega, imaginando que é uma escolha própria.  

Na fase de compreendermos que somos dirigidos, nasce a oportunidade de dirigir. Cabe-nos escolher a quem damos força, ao escravizador ou à consciência pura, mas para termos este direito é necessário vigiar, como o Mestre alertou.

Pergunte-se a si próprio, quem tem dirigido a sua vida terrena. Não aceite uma simples palavra mental como resposta, tire a regra dos nove.
 
 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita