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por Cláudio Bueno da Silva

 

O horror à mudança de comportamento


Observa-se a dificuldade que muitas pessoas têm para cumprir os protocolos em relação à pandemia do Covid-19. Se o fizeram no início da calamidade, com o passar dos meses foram perdendo a disciplina, e o que era medo virou afrontamento social, principalmente no Brasil, o que fez piorar a situação, já grave.

Pode-se dizer que uma parcela da população se lança à sorte (ou à morte), tentando demonstrar que “esse vírus” não é capaz de alterar indefinidamente a rotina da sua vida. Os equívocos e mentiras circulantes são aceitos sem nenhuma reflexão, o que torna quase impossível que esse enorme grupo se predisponha a acatar os conselhos da ciência e a dar uma mínima chance ao bom senso.

É certo que as tantas situações que permeiam o convívio entre as pessoas tornam difícil criar um modelo fixo de comportamento para todos. Mas, convenhamos, coisas simples que não exigem, assim, tanto sacrifício de cada um, estão sendo sistematicamente desrespeitadas: o uso de máscara protetora que causa nada além de um leve desconforto, o distanciamento preventivo nos contatos presenciais inevitáveis, as aglomerações que se formam para pretenso lazer e distração, os ajuntamentos desnecessários e às vezes até provocativos, tudo isso poderia ser observado com um pouco mais de renúncia e paciência, inteligência e boa vontade.

Estamos falando de uma grave pandemia global, altamente transmissível, que mata, e se não mata pode deixar sequelas de longa duração. Isso, no meu ponto de vista, deveria ser motivo suficiente para criar um forte movimento em defesa da vida. Cada um colaborando com o que lhe fosse possível. Mas infelizmente não tem sido assim.

Se cumprir algumas regras sociais e alguns cuidados sanitários, de relativo incômodo, se torna difícil para tanta gente – fazendo um paralelo comportamental –, o que dizer então das mudanças profundas e de grande esforço moral que o homem precisa fazer para o seu próprio bem? Se há enorme dificuldade com o simples, o que se dará com o complexo?

Há um pensamento da escritora espírita espanhola, Amalia Domingo Soler, que nos ajuda a refletir sobre as dificuldades do homem em relação às mudanças. Ela diz: “O estudo do Espiritismo vem indubitavelmente destruir a paz de algumas existências que se deslizam na languidez”. Esse pensamento traduz a inquietação, o incômodo e o medo que as mudanças provocam nas pessoas que não querem mudar. A reação contrária às mudanças é tão forte que buscar conhecimento novo e libertador pode representar uma tortura. Estudar o Espiritismo, por exemplo, e ser convocado à transformação moral inevitável, é muito penoso para aquele que está satisfeito com a sua vida egoísta e medíocre. É como se sentisse “sua paz” ameaçada.

Uma longa e pedregosa estrada aguarda a travessia do homem cínico, cheio de amargor e revolta. A humanidade tem recebido tanta ajuda do Alto e, em vista disso, deveria ser, já, mais responsável e amorosa, mais grata e solidária.
 
 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita