Reencarnação e os
aspectos consequenciais
Sempre que tenho
oportunidade, advogo a
premente necessidade da
implementação de uma
ampla educação
espiritual às criaturas
humanas. Continuo não
vendo, aliás, melhor
caminho para o
despertamento da
consciência dos
indivíduos, do
comportamento cuidadoso
e dos atos responsáveis.
Como não poderia deixar
de ser, o tema
reencarnação – tão
minuciosamente devassado
pela literatura espírita
– tem, naturalmente, um
capítulo muito especial
nesse processo de
estímulo à
autotranscendência. Faço
tal afirmação pelo
simples fato de que –
assim constato e
certamente muitos do que
me leem – a reencarnação
não é um assunto
devidamente cogitado
pelas pessoas, muito
menos assimilado.
Aliás, uma rápida
olhadela pelas notícias
que emergem
diuturnamente aqui e
acolá, elas dão uma
clara e inequívoca noção
de que boa parcela da
humanidade ainda não se
deu conta do significado
da vida. Vejamos, a
propósito, alguns
exemplos que ajudam a
reforçar tal argumento.
Não há como negar que os
limites da falta de bom
senso e do pudor já
foram há muito
ultrapassados. Com
efeito, vemos, com
enorme pesar, pessoas
expondo com frequência
suas particularidades
físicas e gostos de
maneira aviltante.
Aparentemente pouco
ligam para a sua imagem,
sem mencionar a falta de
autorrespeito. Parece
que tudo se resume em
ganhar espaço na mídia
ou redes sociais,
independentemente do
teor das observações e
comentários. Esse é,
incontestavelmente, um
momento de enorme
degradação humana.
Por outro lado, a
pletora de crimes
hediondos nos choca dada
a intensidade incomum,
particularmente os que
envolvem o feminicídio.
Infelizmente, muitos
homens comportam-se
ainda como se as suas
vítimas fossem suas
propriedades. Por isso,
maltratam ou tiram a
vida de mulheres sem a
menor misericórdia ou
compaixão. Não aceitam
sequer a noção de
alteridade. Nesse enorme
rol de arbitrariedades e
aberrações temos também
a ação de indivíduos
corruptos, que foram
incapazes de respeitar a
desgraça alheia,
conforme vimos no auge
da pandemia. Por
conseguinte,
equipamentos vitais para
o tratamento das vítimas
foram superfaturados sem
a menor clemência.
No campo empresarial
vimos o aumento de
produtos e serviços a um
ritmo selvagem e
inescrupuloso. Assim
sendo, verdadeiros lobos
humanos continuam agindo
de maneira sórdida e
espoliando a sociedade
de todas as formas
possíveis. Por favor,
não me venham com aquela
ladainha de que a
“cadeia de
abastecimento” foi
duramente afetada,
levando a distorções nos
preços. Tal argumento
explica apenas uma parte
do problema. Há também
outros fatores que não
foram corretamente
examinados, pois, no
Brasil, o consumidor e a
sociedade pagam uma
conta cada vez mais
salgada para subsistir.
No lodaçal terreno da
política, muitos
chafurdam por razões
absolutamente imorais.
Para obter vantagens
pessoais, comprometem-se
dramaticamente perante
as leis de Deus. De modo
geral, dá-se a sensação
de que pouco se pensa no
amanhã ou na implacável
colheita dos atos
praticados. A propósito,
o Espírito Emmanuel
analisa esse aspecto com
extrema lucidez, no
livro Fonte Viva (psicografia
de Francisco Cândido
Xavier) – ou seja:
“Se o homicida
conhecesse, de antemão,
o tributo de dor que a
vida lhe cobrará, no
reajuste do seu destino,
preferiria não ter
braços para desferir
qualquer golpe.
Se o caluniador pudesse
eliminar a crosta de
sombra que lhe
enlouquece a visão,
observando o sofrimento
que o espera no acerto
de contas com a verdade,
paralisaria as cordas
vocais ou imobilizaria a
pena, a fim de não se
confiar à acusação
descabida.
Se o desertor do bem
conseguisse enxergar as
perigosas ciladas com
que as trevas lhe
furtarão o contentamento
de viver, deter-se-ia
feliz, sob as algemas
santificantes dos mais
pesados deveres.
Se o ingrato percebesse
o fel de amargura que
lhe invadirá, mais
tarde, o coração, não
perpetraria o delito da
indiferença.
Se o egoísta
contemplasse a solidão
infernal que o aguarda,
nunca se apartaria da
prática infatigável da
fraternidade e da
cooperação.
Se o glutão enxergasse
os desequilíbrios para
os quais encaminha o
próprio corpo,
apressando a marcha para
a morte, renderia culto
invariável à frugalidade
e à harmonia.
Se soubéssemos quão
terrível é o resultado
de nosso desrespeito às
Leis Divinas, jamais nos
afastaríamos do caminho
reto”.
Emmanuel ainda pondera,
na reveladora mensagem,
que: “Em verdade,
quantos se rendem às
sugestões perturbadoras
do mal não sabem o que
fazem”. Posto isto,
houvessem todos já
compreendido os
imperativos da
reencarnação, muitos
certamente evitariam
deslizes tão sérios.
Houvessem buscado a
própria espiritualização
teriam sido mais
cuidadosos em suas
atitudes e deliberações
na vida.
Por isso, o indivíduo
tem e terá sempre o
dever de se instruir,
começando por devassar
as leis cósmicas às
quais está submetido,
assim como de se
integrar à realidade
espiritual imanente para
o seu próprio bem.