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por Anselmo Ferreira Vasconcelos

 

Reencarnação e os aspectos consequenciais


Sempre que tenho oportunidade, advogo a premente necessidade da implementação de uma ampla educação espiritual às criaturas humanas. Continuo não vendo, aliás, melhor caminho para o despertamento da consciência dos indivíduos, do comportamento cuidadoso e dos atos responsáveis. Como não poderia deixar de ser, o tema reencarnação – tão minuciosamente devassado pela literatura espírita – tem, naturalmente, um capítulo muito especial nesse processo de estímulo à autotranscendência. Faço tal afirmação pelo simples fato de que – assim constato e certamente muitos do que me leem – a reencarnação não é um assunto devidamente cogitado pelas pessoas, muito menos assimilado.

Aliás, uma rápida olhadela pelas notícias que emergem diuturnamente aqui e acolá, elas dão uma clara e inequívoca noção de que boa parcela da humanidade ainda não se deu conta do significado da vida. Vejamos, a propósito, alguns exemplos que ajudam a reforçar tal argumento. Não há como negar que os limites da falta de bom senso e do pudor já foram há muito ultrapassados. Com efeito, vemos, com enorme pesar, pessoas expondo com frequência suas particularidades físicas e gostos de maneira aviltante. Aparentemente pouco ligam para a sua imagem, sem mencionar a falta de autorrespeito. Parece que tudo se resume em ganhar espaço na mídia ou redes sociais, independentemente do teor das observações e comentários. Esse é, incontestavelmente, um momento de enorme degradação humana.

Por outro lado, a pletora de crimes hediondos nos choca dada a intensidade incomum, particularmente os que envolvem o feminicídio. Infelizmente, muitos homens comportam-se ainda como se as suas vítimas fossem suas propriedades. Por isso, maltratam ou tiram a vida de mulheres sem a menor misericórdia ou compaixão. Não aceitam sequer a noção de alteridade. Nesse enorme rol de arbitrariedades e aberrações temos também a ação de indivíduos corruptos, que foram incapazes de respeitar a desgraça alheia, conforme vimos no auge da pandemia. Por conseguinte, equipamentos vitais para o tratamento das vítimas foram superfaturados sem a menor clemência.

No campo empresarial vimos o aumento de produtos e serviços a um ritmo selvagem e inescrupuloso. Assim sendo, verdadeiros lobos humanos continuam agindo de maneira sórdida e espoliando a sociedade de todas as formas possíveis. Por favor, não me venham com aquela ladainha de que a “cadeia de abastecimento” foi duramente afetada, levando a distorções nos preços. Tal argumento explica apenas uma parte do problema. Há também outros fatores que não foram corretamente examinados, pois, no Brasil, o consumidor e a sociedade pagam uma conta cada vez mais salgada para subsistir.

No lodaçal terreno da política, muitos chafurdam por razões absolutamente imorais. Para obter vantagens pessoais, comprometem-se dramaticamente perante as leis de Deus. De modo geral, dá-se a sensação de que pouco se pensa no amanhã ou na implacável colheita dos atos praticados. A propósito, o Espírito Emmanuel analisa esse aspecto com extrema lucidez, no livro Fonte Viva (psicografia de Francisco Cândido Xavier) – ou seja:

“Se o homicida conhecesse, de antemão, o tributo de dor que a vida lhe cobrará, no reajuste do seu destino, preferiria não ter braços para desferir qualquer golpe.

Se o caluniador pudesse eliminar a crosta de sombra que lhe enlouquece a visão, observando o sofrimento que o espera no acerto de contas com a verdade, paralisaria as cordas vocais ou imobilizaria a pena, a fim de não se confiar à acusação descabida.

Se o desertor do bem conseguisse enxergar as perigosas ciladas com que as trevas lhe furtarão o contentamento de viver, deter-se-ia feliz, sob as algemas santificantes dos mais pesados deveres.

Se o ingrato percebesse o fel de amargura que lhe invadirá, mais tarde, o coração, não perpetraria o delito da indiferença.

Se o egoísta contemplasse a solidão infernal que o aguarda, nunca se apartaria da prática infatigável da fraternidade e da cooperação.

Se o glutão enxergasse os desequilíbrios para os quais encaminha o próprio corpo, apressando a marcha para a morte, renderia culto invariável à frugalidade e à harmonia.

Se soubéssemos quão terrível é o resultado de nosso desrespeito às Leis Divinas, jamais nos afastaríamos do caminho reto”.

Emmanuel ainda pondera, na reveladora mensagem, que: “Em verdade, quantos se rendem às sugestões perturbadoras do mal não sabem o que fazem”. Posto isto, houvessem todos já compreendido os imperativos da reencarnação, muitos certamente evitariam deslizes tão sérios. Houvessem buscado a própria espiritualização teriam sido mais cuidadosos em suas atitudes e deliberações na vida.

Por isso, o indivíduo tem e terá sempre o dever de se instruir, começando por devassar as leis cósmicas às quais está submetido, assim como de se integrar à realidade espiritual imanente para o seu próprio bem.
  

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita