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por Lillian Rosendo

 

Estamos em retrocesso?


“Já não sou eu quem vive, mas o Cristo que vive em mim.”- Paulo1


A humanidade caminha e cada indivíduo lida com esse kit: ritmo, velocidade, intenção e objetivo, tendo a liberdade para avançar conforme sua vontade e esforço. Sabemos que a natureza não dá saltos. Remontando ao passado lembramos que estivemos em momentos mais deploráveis e nebulosos em que a barbárie, os costumes, e as culturas de equívocos de toda a espécie permeavam os pensamentos e atos das criaturas em cada canto do Planeta.

Desvencilhar desta herança do processo natural de evolução atendendo as necessidades de sobrevivência, utilizando o instinto e a intuição como processo de aprendizado, experimentando as sensações que o egoísmo e a fraternidade oferecem durante os milênios de progresso, na condição de caminhante que ignora seu destino, não é tarefa simples.

Qual caminho tomar e como percorrer, existem motivos nada relevantes, mas atraentes, e induzem muitas vezes o ser humano deixar-se levar por outros caminhantes que estão na mesma situação. E, no caos social, de miséria material e moral, violência de todos os matizes, resta saber se estamos progredindo realmente ou atropelados por situações que nos fogem do controle.

Max Roser, economista da Universidade de Oxford, disponibiliza em seu site gráficos que indicam a nossa melhora nos últimos 200 anos em seis aspectos: pobreza extrema, educação, alfabetização, democracia, vacinas e mortalidade infantil.

Roser afirmara em uma entrevista ao jornal EL PAÍS que: “as mudanças positivas precisam de muito tempo”, já que as tendências se constroem ao longo de décadas ou mesmo séculos. Por outro lado, nossa psicologia nos faz dar mais atenção aos eventos negativos, que poderiam ser um perigo. Além disso, a mídia costuma focar menos nas tendências de longo prazo e mais em acontecimentos, que frequentemente são negativos, como crises econômicas, atentados, acidentes…”.

“(...). Não há razão para pensar que essa evolução continuará e que não pode mudar, evidentemente, devemos focar no que continua ruim para tentar melhorar”. De fato, ver o que está indo bem “nos anima a continuar” e nos faz perceber que podemos contribuir para melhorar as coisas, embora não pareça. De fato, a principal mudança nos últimos 200 anos é que “nos demos conta de que esses problemas têm solução”. Há dois séculos “nem mesmo sabíamos que havia um problema”. 2

Como o caminhante se move dentro do seu mundo complexo de instintos, sensações, emoções e sentimentos e além, que é compreender este mesmo movimento em seu semelhante, cada um no ritmo que lhe é próprio, mas todos com as repetições de intervalos, podendo recalcular a rota e, por sua vez, terá repetições e intervalos até que se alcance a perfeição, o tempo pode ser intenso ou frágil, isso vai depender de como seu autor decide escolher experienciar.

A doutrina espírita esclarece que não retrocedemos. Sem a dualidade do bem ou do mal, fomos criados simples e ignorantes3, somos perfectíveis e, durante o percurso, a velocidade é muito lenta. Principalmente quando retardamos, daí validamos a fala de Jesus “A cada um segundo suas obras”. 4

Os propósitos individuais variam ao infinito, por outro lado esse aumento de tensão muitas vezes não é possível dissimular, revelando em que direção está o caminhante, e a sua intenção.

A segurança que o ritmo indica na compreensão de sua velocidade norteia os impulsos da intenção e permite vislumbrar o alvo. Cada um com sua missão árdua e constante se valendo dos intervalos necessários para haurir forças, contando com ferramentas que possibilitam uma viagem segura, que são: a moral e a intelectual, utilizando-as para o bem-estar íntimo e o bem-estar comum.

É através do conhecimento da verdade que se aproxima de Deus e temos a ponte para esse objetivo, que é o caminho, a verdade e a vida, e, enquanto dispersos na viagem, urge despertar e permitir que o Cristo viva em nós.

 

Referências bibliográficas:

1 BIBLIA, Paulo, Gálatas 2:20.

2 Jaime Rubio Hancock. Os gráficos que mostram o avanço espetacular da humanidade nos últimos dois séculos:<clique neste link> Acesso em 08 Nov. 2020.

Kardec, Allan, O Livro dos EspíritosDo mundo espírita ou mundo dos Espíritos, q. 115.

4 BIBLIA. Mateus 16:27.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita