Oração e coragem
“Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e
abrir-se-á. Porque todo o que pede recebe; e o que
busca, acha; e a quem bate abrir-se-á. Ou qual de vós,
porventura, é o homem que se seu filho lhe pedir pão lhe
dará uma pedra? Ou, porventura, se lhe pedir peixe, lhe
dará uma serpente? Pois, se vós outros, sendo maus,
sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais
vosso Pai, que está nos céus, dará boas dádivas aos que
lhe pedirem...” – Jesus (Mateus, cap.7: 7-11.)
Todos sabemos que a prece é um sustentáculo para a alma,
que Deus concede confiança e coragem, paciência e
resignação para aquele que ora. Os sofrimentos que cada
um há que passar, para o seu progresso espiritual,
acontecerão, muitas vezes amenizados pelo amor que cobre
uma multidão de pecados. Cada um tem o seu quinhão de
experiências para viver e progredir.
Muitas são as vezes que temos ouvido de Espíritos
bondosos em reuniões mediúnicas que as dores de cada um
eram de seu conhecimento antes da encarnação terrena e
muito mais havia se combinado passar, mas que foram
amenizados os sofrimentos pela escolha e vivência do
amor do ser encarnado.
Deus é infinito amor e em seu amor estamos mergulhados.
Nas horas de dor, a prece incendeia o espírito, dá-lhe
coragem para caminhar, enquanto tiver que caminhar.
Quando olhamos o passado e vemos a história triste do
progresso da humanidade, temos que nos encher de
esperança, pois a nossa caminhada atual é muito melhor
do que no passado. Basta ver os relatos de aflições das
pessoas miseráveis no livro que tem mesmo esse título,
“Os Miseráveis”, obra-prima de Victor Hugo, da França,
do século XIX. Quanto sofrimento, bom Deus! Estamos
realmente muito melhores hoje do que o fomos há cem
anos, como nos dizem os Espíritos.
Quanto à oração, encontramos uma página de Emmanuel,
através da psicografia de Chico Xavier, chamada Oração e
Provação, que aqui transcrevemos, na íntegra, para o
nosso aproveitamento. Diz ela:
“A oração não suprime, de imediato, os quadros da
provação, mas renova-nos o Espírito, a fim de que
venhamos a sublimá-los ou removê-los.
Repara o caminho que a névoa amortalha, quando a noite
escura te distancia do sol. Em cima, nuvens extensas
furtam-te aos olhos o painel das estrelas, e, embaixo,
espinheiros e precipícios ameaçam-te os pés.
Debalde consultarás a bússola que a treva densa embacia.
Se avanças, é possível que te arrojes na lama de covas
escancaradas; se paras, é provável padeças o assalto de
traiçoeiros animais...
Faze, porém, pequenina luz e tudo se modifica.
O charco não perde a feição de pântano e a pedra
mantém-se por desafio que te adverte na estrada;
entretanto, podendo ver, surgirás, transformado e
seguro, para seguir à frente, vencendo as armadilhas da
sombra e as aperturas da marcha.
Assim também é a oração, nos trilhos da experiência.
Quando a dor te entenebrece os horizontes da alma,
subtraindo-te a serenidade e a alegria, tudo parece
escuridão envolvente e derrota irremediável,
induzindo-te ao desânimo e insuflando-te o desespero;
todavia, se ascendes no coração leve flama da prece,
fios imponderáveis de confiança, ligam-te o ser à
providência divina.
Exteriormente, em torno, o sofrimento não se desfaz da
catadura sombria; a morte, ainda e sempre, é o véu de
dolorosa separação; a prova é o mesmo teste inquietante
e o golpe da expiação continua sendo a luta difícil e
inevitável, mas estarás, em ti próprio, plenamente
refeito, no imo das próprias forças, com a visão
espiritual iluminada por dentro, a fim de que
compreendas, acima das tuas dores, o plano sábio da
vida, que te ergue dos labirintos do mundo à bênção do
amor de Deus”.
Essas palavras de grande beleza de Emmanuel nos mostram
a luz que nos incendeia o íntimo nas orações, dando-nos
coragem para continuarmos nossa marcha com serenidade,
enquanto durarem nossas provações.
O mundo inteiro está sendo provado de uma vez só.
Provações individuais, se mesclam às provações
coletivas, vividas por todos nessa situação da Covid.
Tudo passa, porém.
Os sofrimentos haverão de passar e um dia só restarão as
lembranças. Esperamos que um aprendizado de amor e
resignação, coragem e fé surja dessa situação e que a
humanidade esteja melhor. Estará melhor, sim, porque o
progresso é imperioso. Seremos maiores, após as grandes
dores. Tenhamos coragem, munidos de força pelas orações,
na certeza de que Deus vela por nós e que Jesus, o
governador espiritual da Terra, cuida de todos nós, seus
irmãos!
Que 2021 nos encontre com as forças renovadas no bem e
que possamos nos nutrir com a coragem que a oração nos
proporciona.
Que Deus nos abençoe também em 2021. E o fará, com
certeza!
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