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por Jane Martins Vilela

 

Oração e coragem 


“Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-á. Porque todo o que pede recebe; e o que busca, acha; e a quem bate abrir-se-á. Ou qual de vós, porventura, é o homem que se seu filho lhe pedir pão lhe dará uma pedra? Ou, porventura, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente? Pois, se vós outros, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas dádivas aos que lhe pedirem...” – Jesus (Mateus, cap.7: 7-11.)


Todos sabemos que a prece é um sustentáculo para a alma, que Deus concede confiança e coragem, paciência e resignação para aquele que ora. Os sofrimentos que cada um há que passar, para o seu progresso espiritual, acontecerão, muitas vezes amenizados pelo amor que cobre uma multidão de pecados. Cada um tem o seu quinhão de experiências para viver e progredir.

Muitas são as vezes que temos ouvido de Espíritos bondosos em reuniões mediúnicas que as dores de cada um eram de seu conhecimento antes da encarnação terrena e muito mais havia se combinado passar, mas que foram amenizados os sofrimentos pela escolha e vivência do amor do ser encarnado.

Deus é infinito amor e em seu amor estamos mergulhados. Nas horas de dor, a prece incendeia o espírito, dá-lhe coragem para caminhar, enquanto tiver que caminhar. Quando olhamos o passado e vemos a história triste do progresso da humanidade, temos que nos encher de esperança, pois a nossa caminhada atual é muito melhor do que no passado. Basta ver os relatos de aflições das pessoas miseráveis no livro que tem mesmo esse título, “Os Miseráveis”, obra-prima de Victor Hugo, da França, do século XIX. Quanto sofrimento, bom Deus! Estamos realmente muito melhores hoje do que o fomos há cem anos, como nos dizem os Espíritos.

Quanto à oração, encontramos uma página de Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier, chamada Oração e Provação, que aqui transcrevemos, na íntegra, para o nosso aproveitamento. Diz ela:

“A oração não suprime, de imediato, os quadros da provação, mas renova-nos o Espírito, a fim de que venhamos a sublimá-los ou removê-los.

Repara o caminho que a névoa amortalha, quando a noite escura te distancia do sol. Em cima, nuvens extensas furtam-te aos olhos o painel das estrelas, e, embaixo, espinheiros e precipícios ameaçam-te os pés.

Debalde consultarás a bússola que a treva densa embacia. Se avanças, é possível que te arrojes na lama de covas escancaradas; se paras, é provável padeças o assalto de traiçoeiros animais...

Faze, porém, pequenina luz e tudo se modifica.

O charco não perde a feição de pântano e a pedra mantém-se por desafio que te adverte na estrada; entretanto, podendo ver, surgirás, transformado e seguro, para seguir à frente, vencendo as armadilhas da sombra e as aperturas da marcha.

Assim também é a oração, nos trilhos da experiência.

Quando a dor te entenebrece os horizontes da alma, subtraindo-te a serenidade e a alegria, tudo parece escuridão envolvente e derrota irremediável, induzindo-te ao desânimo e insuflando-te o desespero; todavia, se ascendes no coração leve flama da prece, fios imponderáveis de confiança, ligam-te o ser à providência divina.

Exteriormente, em torno, o sofrimento não se desfaz da catadura sombria; a morte, ainda e sempre, é o véu de dolorosa separação; a prova é o mesmo teste inquietante e o golpe da expiação continua sendo a luta difícil e inevitável, mas estarás, em ti próprio, plenamente refeito, no imo das próprias forças, com a visão espiritual iluminada por dentro, a fim de que compreendas, acima das tuas dores, o plano sábio da vida, que te ergue dos labirintos do mundo à bênção do amor de Deus”.

Essas palavras de grande beleza de Emmanuel nos mostram a luz que nos incendeia o íntimo nas orações, dando-nos coragem para continuarmos nossa marcha com serenidade, enquanto durarem nossas provações.

O mundo inteiro está sendo provado de uma vez só. Provações individuais, se mesclam às provações coletivas, vividas por todos nessa situação da Covid. Tudo passa, porém.        

Os sofrimentos haverão de passar e um dia só restarão as lembranças.  Esperamos que um aprendizado de amor e resignação, coragem e fé surja dessa situação e que a humanidade esteja melhor. Estará melhor, sim, porque o progresso é imperioso. Seremos maiores, após as grandes dores. Tenhamos coragem, munidos de força pelas orações, na certeza de que Deus vela por nós e que Jesus, o governador espiritual da Terra, cuida de todos nós, seus irmãos!

Que 2021 nos encontre com as forças renovadas no bem e que possamos nos nutrir com a coragem que a oração nos proporciona.

Que Deus nos abençoe também em 2021. E o fará, com certeza!


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita