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por Marcus Vinicius de Azevedo Braga

 

E andar A.T.E., até quando Deus quiser


Difícil não ser pessimista com esse fim de segunda década do Século XXI.  A frase do escritor Aldous Huxley “E se este mundo for o inferno de outro planeta?“ nos assola a mente, e como Castro Alves, no seu poema “Navio Negreiro”, perguntamos: “Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade... tanto horror perante os céus?!”

Esse clima de desânimo, de desesperança e de pessimismo nos invade, potencializado pelo poder amplificador das redes sociais. Sim, é fato... a humanidade já passou períodos mais confusos e de sofrimento muito maior que o atual. Basta lembrar das duas guerras mundiais, da gripe espanhola, apenas para se ater ao século passado. Mas a perplexidade se alimenta da velocidade e das imagens que nos chegam cotidianamente.

Mas não temos o direito de diminuir a dor de ninguém. Os momentos desse 2020, em especial por conta da Pandemia de Covid-19, impuseram sofrimentos às pessoas de todo o mundo, que nos fazem lembrar da nossa condição de planeta de provas e expiações, e de que a nossa verdadeira vida é a espiritual, concordando um pouco com Huxley, mas discordando de Castro Alves, pois a doutrina espírita nos aponta que Deus está, mais uma vez, atento diante de tanto horror perante os céus.

Deus está atento, mas conta com o nosso concurso, usando assim os recursos por ele propiciado. Afinal, nos arvoramos a ser cocriadores. A saída dessa crise passa por nós, por esforços individuais articulados coletivamente, por caminhar A.T.E., até quando Deus quiser. O que seria caminhar A.T.E.? Simples, é a fórmula que indica o caminho de um mundo melhor: Amar, Trabalhar e Estudar.

O Amar implica em sair de si e buscar o outro. Seja de maneira formal, pelos chamados trabalhos assistenciais, seja de forma espontânea. O mundo precisa de mais amor, por favor. Mas, não um amor inerte, mas sim um amor ativo, que se indigna e que reage, anulando com amor a iniquidade. Abraços operam milagres!

O Trabalhar se faz no engajamento em atividades que construam esse mundo melhor. Na verdade, não vamos mudar o mundo apenas digitando textos na frente de um computador, ainda que as palavras que mudam o mundo sejam uma forma de trabalho. Mudaremos o mundo lutando nele, no campo real, no trabalho na interação com as pessoas, para além de textões e notas de repúdio.

O Estudar é que nos dá a base, a sustentabilidade e a direção para esse mundo melhor. O discernimento nos possibilita escolher e construir bons caminhos, e isso vem com o estudo e a reflexão. Coração, braços e mente são a trinca na promoção de um mundo melhor, na responsabilidade que nos cabe, como cristãos e cidadãos.

O pessimismo precisa ceder espaço a ação. Sair da cadeira do computador para enfrentar a realidade que se apresenta, com as armas A.T.E., instrumentos clássicos que ajudaram a humanidade em outros momentos difíceis, e que continuam eficientes. Ferramentas que Deus nos deu e que precisam ser utilizadas, para que surja esse reino de Deus prometido.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita