Horta, jardim, infância
Nós temos que redefinir valores: como dignidade humana e
sustentabilidade ambiental.
Fritjof Capra
Quem me conhece um pouquinho sabe o meu amor pela flora,
meu forte laço com a natureza. E, de outro lado, ao amor
se soma um estado de alerta, de preocupação. Sobretudo
em uma época na qual os hábitos sustentáveis são
fundamentais para fazer oposição à escassez do verde, às
condutas que ameaçam à nossa biodiversidade. Talvez por
isso insista com a infância. Com os pais (ou os
responsáveis) das crianças. Porque é na infância que
inserimos valores e exemplos que guiarão estilos de vida
e escolhas futuras.
Reitero com os pais a prática do semear, isto é,
despertar na infância uma relação viva, curiosa e
amorosa com o meio ambiente.
Fazer horta em casa? Preparar canteiro, adubar, semear,
atender, esperar, contemplar, colher, compartilhar,
desfrutar etc. – tudo isso alavanca espanto e admiração
pela natureza.
Ter um jardim em casa? Convide o filho para jardinar.
Sempre. Ao vivenciar as etapas do crescimento de uma
planta no jardim, a criança estrutura suas próprias
forças evolutivas e desenvolve de maneira espontânea uma
atitude de atenção e amor pela natureza.
Crianças que cuidam de hortas, que fazem jardinagem,
cultivam o tempo de maneira diferente daquelas que não o
fazem. E assimilam a importância do cuidado, treinam
paciência, empatia, senso de responsabilidade, entre
outras competências e sensibilidades.
Nas cidades, grandes ou pequenas, onde muitas crianças
vivem em apartamentos ou cada vez mais afastadas do
verde, esse contato com a horta/o jardim implica uma
função ainda mais relevante para o seu desenvolvimento e
bem-estar.
E, enquanto as plantas crescem, as crianças crescem
também. E crescem mais empáticas, mais conscientes de
que somos parte da natureza e de que pertencemos à
comunidade da vida, cujo sentido profundo de
pertencimento será, para elas, a base para viver de
forma ecológica e responsável.
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